Cipe Rio Doce apresenta projeto ambiental em Fabriciano

Com o objetivo de informar e sensibilizar as autoridades locais dos municípios que formam a Bacia do Rio Doce, deputa...

28/10/2005 - 01:00
 

Cipe Rio Doce apresenta projeto ambiental em Fabriciano

Com o objetivo de informar e sensibilizar as autoridades locais dos municípios que formam a Bacia do Rio Doce, deputados mineiros que integram a Comissão Interestadual Parlamentar de Estudos para o Desenvolvimento da Bacia do Rio Doce (Cipe Rio Doce) estão realizando uma caravana por diversas cidades divulgando o relatório "Rio Doce Limpo". O trabalho, elaborado entre maio e outubro do ano passado por técnicos de diversos órgãos e empresas ligados à questão ambiental, foi apresentado nesta sexta-feira (28/10/05) em Coronel Fabriciano, no Vale do Aço.

O engenheiro sanitarista Sebastião Virgílio Figueiredo, da Agência Nacional das Águas (ANA), mostrou os principais aspectos do relatório. Ele informou que o plano propõe, em um prazo de 15 anos, o tratamento de 90% de todo o esgoto doméstico que hoje é lançado nos rios que compõem a bacia. O custo desse projeto é estimado em R$ 600 milhões. Segundo Figueiredo, os problemas do esgoto industrial, do assoreamento e das enchentes não foram contemplados no plano porque, na avaliação dos técnicos, a revitalização da bacia é como "um prato de sopa quente", que deve ser vencida aos poucos, "pelas beiradas".

O relatório Rio Doce Limpo incluiu etapas de diagnóstico da situação, estimativas de custos, definição das prioridades dos investimentos e as estratégias de implementação dos programas. Quanto aos recursos para a realização das obras, o engenheiro esclareceu que eles podem vir de várias fontes: verbas dos orçamentos federal e estadual, oriundas de emendas parlamentares; parceria com empresas; e cobrança pelo uso da água. O presidente da Cipe, deputado José Henrique (PMDB), acrescentou que a questão financeira é o maior problema dos municípios, principalmente os pequenos. Daí a necessidade de mobilização das lideranças locais para tentar levantar os recursos necessários.

Deputada afirma que despoluição é possível

A deputada Cecília Ferramenta (PT) deu um exemplo para mostrar que a despoluição da bacia não é um sonho impossível. Segundo ela, Ipatinga (que no idioma tupi significa "Pouso de Água Limpa"), trata 100% do esgoto da cidade. A obra, segundo ela, custou R$ 130 milhões. "É possível fazer. Falta só a conscientização e a nossa mobilização para fazermos as coisas acontecerem", disse ela. O ex-prefeito de Ipatinga, Chico Ferramenta, acrescentou que a taxa de mortalidade infantil no município caiu de 49 por mil em 1989 para 12 por mil em 2004. No Brasil, essa taxa é de 28 por mil.

Segundo o técnico da Caixa Econômica Federal Paulo Pardini, para cada real investido em saneamento, o País economiza R$ 4 em tratamentos de saúde. Ele apresentou os programas de financiamento oferecidos pelo banco destinados a projetos de saneamento, todos com verbas do Orçamento Geral da União e do tipo "fundo perdido" (não exigem pagamento).

Para ter acesso às verbas, porém, é preciso que os municípios apresentem projetos. "A maioria das cidades de pequeno e médio porte não têm condições de manter uma equipe técnica para elaborar esses estudos", reconheceu o técnico. Porém, ele lembrou que a saída é a formação de consórcios intermunicipais, que poderiam inclusive contar com a colaboração de órgãos especialistas no assunto.

Lembrando a importância da preservação ambiental para esta e as futuras gerações, a deputada Elisa Costa (PT) elogiou o trabalho elaborado, dizendo que a Cipe Rio Doce deu uma contribuição importantíssima à sociedade. Porém, advertiu que é necessário que autoridades, entidades e empresas tenham a responsabilidade de não deixar a iniciativa ficar só no papel. Ela pediu a mobilização dos deputados votados na região da bacia no sentido de lutar por emendas ao orçamento federal e estadual, a fim de garantir os recursos necessários para a implementação dos projetos.

O prefeito de Coronel Fabriciano, Chico Simões, elogiou a Cipe pela iniciativa e cobrou da Copasa investimentos no saneamento do rio Doce. Segundo ele, "muitas vezes quem polui o rio é uma empresa estatal que cobra por isso". "O povo mineiro já tem um crédito na mão da Copasa. Ela deve cuidar do esgoto e da limpeza do rio, pois vem poluindo-o há 30 anos", afirmou.

A bacia do Rio Doce possui 83,4 mil quilômetros quadrados, sendo que 80% estão em Minas Gerais. Ao todo, são 230 municípios envolvidos - 202 em Minas e 28 no Espírito Santo. A próxima cidade a receber a caravana da Cipe Rio Doce será São João Evangelista, no dia 18 de novembro.

 

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