Plenário homenageia o ex-governador pernambucano Miguel Arraes

O ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, morto em agosto último, recebeu homenagem no Plenário da Assembléia Leg...

27/10/2005 - 01:01
 

Plenário homenageia o ex-governador pernambucano Miguel Arraes

O ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, morto em agosto último, recebeu homenagem no Plenário da Assembléia Legislativa, na tarde desta quinta-feira (27/10/05), por iniciativa do deputado Edson Rezende (PT), diante de admiradores de um dos maiores líderes populares do Brasil e militantes do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que ele presidia.

"Em Arraes, viver e lutar eram verbos que se confundiam. Ele gostava de travar o bom combate, o combate pelos ideais de justiça, que, mesmo árduo e penoso, assegura satisfação interior ao combatente", disse Rezende, que já pertenceu aos quadros do PSB. "Arraes sempre lutou para construir um ideal de Brasil condizente com as aspirações de seu povo. Foi um símbolo da resistência democrática e da defesa dos direitos dos excluídos. Sonhou com a reforma agrária, buscou consensos em nome da democracia, procurou sempre a afirmação dos melhores ideais. Era resistente, era corajoso, era um sertanejo na acepção mais honrosa do termo", acrescentou o deputado.

O filho de Miguel Arraes, Marcos Arraes Alencar, recebeu uma placa de homenagem em nome da família. Segundo ele, o pai se faz "presente nas idéias que defendeu e nas esperanças que semeou", e as homenagens em recintos tão solenes como o da Assembléia de Minas são valiosas, para a família, como aquelas prestadas nos lugares mais humildes do interior de Pernambuco. O presidente estadual do PSB, Waldo Silva, relatou episódios de suas andanças pelo Brasil com o líder pernambucano, e disse que Arraes parafraseava Fernando Pessoa: "Resistir é preciso. Vencer não é preciso".

O 3º vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), que presidia a solenidade, destacou a "legenda de luta, a coragem e a coerência" de Miguel Arraes. "Poucos políticos brasileiros desfrutaram de tanta popularidade. Como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, Arraes tinha o seu retrato na parede de muitos lares nordestinos. Miguel Arraes morre para viver para sempre na História", concluiu.

Governo voltado para os interesses populares

Miguel Arraes nasceu em Araripe, no Ceará, em 15 de dezembro de 1916, sétimo filho de uma família de agricultores, mas fez toda a sua vida pública em Pernambuco. Estudou Direito no Rio de Janeiro e ingressou por concurso no Instituto do Açúcar e do Álcool, no Recife. Foi secretário da Fazenda, deputado estadual, prefeito do Recife, até conquistar seu primeiro mandato de governador, em 1962, com apoio do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Era uma época politicamente instável, mas mesmo assim Arraes tratou de cumprir seus compromissos com os camponeses e com as organizações populares. Uma de suas iniciativas mais notáveis foi a criação do Movimento de Cultura Popular, que utilizava a cultura como instrumento de educação, conscientização e organização do povo. Sobrevindo o golpe de 1964, o governador recusou-se a renunciar. Foi preso e enviado à ilha de Fernando de Noronha, onde ficou por um ano, até partir para o exílio na Argélia, África. Ali permaneceu por 14 anos, até que a lei da anistia permitiu seu regresso, em 1979.

Recebido nos braços do povo, Arraes ingressou no MDB, foi o deputado federal mais votado do Nordeste em 1980, e na eleição seguinte reconquistou o governo do Estado, dedicando-se a uma administração popular, voltada para a eletrificação rural e o atendimento das reivindicações das camadas excluídas da sociedade pernambucana. Em 1990, fundou o PSB e elegeu-se deputado federal. De 1994 a 1998, foi governador pela terceira vez.

Arraes morreu de insuficiência pulmonar em 13 de agosto de 2005, após 59 dias de internação no Hospital Esperança, no Recife. Deixou a viúva, Magdalena Fiúza, e dez filhos, entre eles o diretor de cinema Guel Arraes. Seu neto Eduardo Campos é deputado federal pelo PSB. No seu enterro, ficou marcada a frase de um camponês: "Arraes não foi enterrado. Foi plantado. No chão do Brasil e no coração do povo".

Presenças - Deputados Rogério Correia e Edson Rezende; presidente estadual do PT, Nilmário Miranda; presidente estadual do PSB, Waldo Silva; presidente do Ipsemg, Mauro Lobo; e deputado federal João Paulo (PSB-MG), além de Marcos Arraes Alencar, representante da família Arraes.

 

 

 

 

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