Montes Claros não tem recursos para construção de aterro sanitário

O prefeito de Montes Claros, cidade pólo do Norte de Minas, Athos Avelino (PPS), disse que ainda não tem os recursos ...

27/10/2005 - 01:01
 

Montes Claros não tem recursos para construção de aterro sanitário

O prefeito de Montes Claros, cidade pólo do Norte de Minas, Athos Avelino (PPS), disse que ainda não tem os recursos garantidos para construção do aterro sanitário do município, que permitiria a desativação do aterro controlado. A declaração de Athos Avelino foi feita nesta quarta-feira (27/10/05), no nono encontro regional do seminário Lixo e Cidadania, realizado em Montes Claros. O prefeito afirma que encaminhou o projeto do aterro para o Ministério da Saúde, por meio da Funasa, e ao Ministério das Cidades, mas nenhum deles o acolheu. Na Funasa, os recursos disponíveis são destinados a pequenos municípios, com menos de 300 mil habitantes, e Montes Claros já ultrapassou esse limite. No Ministério das Cidades, a prioridade este ano é para as regiões metropolitanas. "Montes Claros ficou no limbo, sem nenhuma ajuda", desabafou o prefeito.

Apesar de contar com um aterro controlado, Montes Claros tem vários "bota-foras" onde cerca de 350 pessoas tiram seu sustento do lixo. A realidade das demais cidade do Norte de Minas não é diferente. Mais de 80% dos municípios da região têm lixão a céu aberto e centenas de catadores, mas ainda não têm fóruns municipais de lixo e cidadania. Segundo o prefeito Athos Avelino, já existe uma equipe multidisciplinar para tratar da questão do lixo, e tudo o que é possível está sendo feito para garantir a dignidade dos catadores, mas a solução definitiva esbarra na falta de recursos.

A deputada Ana Maria Resende (PSDB), que coordenou os trabalhos do seminário na parte da manhã, defendeu que o governo federal ofereça dinheiro a fundo perdido para os municípios do Norte de Minas resolverem o problema do lixo. "Não pode ser financiamento, porque ninguém aqui tem condições de pagar nada, nem tem mais capacidade de endividamento", alertou a deputada.

O deputado Doutor Ronaldo (PDT), que representou o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), no evento, lembrou que apesar de haver legislação determinando que os municípios devem adotar medidas para minimizar os impactos ambientais, poucas são as cidades que já conseguiram fazer algo concreto nesse sentido.

A escassez de recursos foi enfatizada também pelo deputado Carlos Pimenta (PDT). "Montes Claros é a quinta cidade de Minas em população e a 23ª em arrecadação", lembrou. Na opinião dele, o lixo é o principal problema do planeta atualmente: "É o lixo que polui os rios, provoca o aquecimento do planeta e causa inúmeras doenças". Carlos Pimenta informou sobre um projeto de lei de sua autoria, apresentado na Assembléia, que cria o programa estadual para aproveitamento racional do lixo.

Bom humor - A reunião do seminário em Montes Claros teve um ingrediente inusitado. Bem humorado, o repentista Josecé Alves dos Santos pegou seu violão e cantou versos sobre a necessidade de se tratar adequadamente o lixo. Criticou quem joga lixo na rua e falou sobre os perigos de detritos depositados a céu aberto. "Jogue limpo, meu irmão! Quem gosta de lixo nunca teve educação", afirmou o artista local.

Objetivo do debate é erradicar os lixões

O deputado André Quintão (PT) é autor do requerimento pela realização do Seminário Lixo e Cidadania, junto com o deputado Laudelino Augusto (PT) e também participou do encontro em Montes Claros. Segundo ele, o objetivo do evento, e de toda a discussão regionalizada que está sendo promovida é um só: erradicar os lixões de Minas Gerais. Na opinião do deputado, o atual problema do lixo é fruto de décadas de ausência de uma política pública adequada para tratar o assunto. "Até pouco tempo, a única providência dos administradores municipais era afastar o lixo do contato direto com a população, criando lixões em áreas isoladas das cidades", disse.

O deputado Carlos Gomes (PT) elogiou a iniciativa dos colegas de partido ao pedirem a realização do seminário. "Precisamos transformar o lixo em oportunidade de renda para as pessoas que vivem nos lixões", declarou. Ele também apresentou um projeto na Assembléia para criar a coleta seletiva de lixo nas escolas estaduais de Minas. "Sei que é pouco, mas pode ser um bom começo. Também quero dar minha contribuição para solução deste problema".

Educação - Para o deputado Jésus Lima, o principal foco das atenções deve ser a educação ambiental. "É terrível vermos um carro importado, e de repente abrem a janela e jogam uma lata de bebida na rua. Aí depois vem o Estado, que já não tem dinheiro para nada, ter que recolher esse lixo!", lamentou.

Participantes reclamam de reserva ambiental

Um assunto que não diz respeito diretamente ao lixo foi motivo de reclamações de participantes do seminário: uma decisão normativa do Copam que amplia as áreas destinadas a reserva ambiental no Norte de Minas. O presidente da Câmara municipal de Montes Claros, vereador Sebastião Hildeu Maia, pediu aos deputados presentes que ajudem a mudar a legislação, que está prejudicando os produtores rurais da região. Segundo ele, há propriedades rurais onde nenhum hectare poderá ser utilizado.

A deputada Ana Maria Resende garantiu que o governador Aécio Neves já está ciente do problema e já determinou que técnicos das Secretarias e Meio Ambiente e da Agricultura estudem o caso. "A Decisão Normativa n° 72 pode inviabilizar a atividade econômica da região, que é basicamente de agropecuária. Não podemos pagar todo o passivo ambiental do Estado", disse.

Na opinião da deputada, os produtores rurais estão sendo marginalizados quando se fala em meio ambiente, "como se fossem os grandes vilões". Ana Maria acredita que os agricultores já têm uma grande preocupação com a preservação ambiental, e que o problema continua sendo a conscientização da população urbana.

Ao final do encontro regional, os três grupos de trabalho apresentaram dez novas propostas, com várias sugestões de alterações. Entre essas novas propostas, estão pedidos para incluir os trabalhadores rurais nas ações de educação ambiental e a utilização das rádios comunitárias para a veiculação de programas educativos sobre meio ambiente. Entre os delegados, foi eleito um catador de papel: Vilson Rodrigues da Luz.

Presenças - Deputado Doutor Ronaldo (PDT), que representou o presidente Mauri Torres na abertura do evento; deputados André Quintão, Jésus Lima e Carlos Gomes (todos do PT), Carlos Pimenta (PDT), e deputada Ana Maria Resende (PSDB).

 

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