Projeto pretende regulamentar prática do bungee jump
A reunião para discutir o Projeto de Lei 2.590/05,
que trata da prática do bungee jump, realizada nesta
quinta-feira (27/10/05) pela Comissão de Educação, Ciência,
Tecnologia e Informática da Assembléia Legislativa, resultou em três
sugestões apresentadas pelos participantes: a ampliação do alcance
do projeto para outros esportes; a mudança na terminologia de
"esportes radicais", para turismo de aventura; e a mudança da
competência da fiscalização da atividade da Defesa Civil para o
Corpo de Bombeiros.
O projeto, de autoria do deputado Doutor Viana
(PFL), que também solicitou a reunião, está em tramitação na
comissão, tendo sido apreciado pela Comissão de Constituição e
Justiça, onde recebeu um substitutivo. Segundo o autor, a iniciativa
do projeto visa regulamentar a prática do esporte, que já provocou
acidentes fatais, como o de Araguari, quando uma jovem de 20 anos
morreu, depois de saltar de um pontilhão, no rompimento de uma peça
do equipamento. "É emergencial que se tomem medidas para
regulamentar e restringir a operação desse esporte, praticado
rotineiramente como lazer, a empresas idôneas e a operadores
habilitados, evitando-se assim a sucessão de acidentes", destacou.
Substitutivo - O substitutivo apresentado pela
CCJ determina que para a prática do bungee jump no Estado é
necessária autorização da Defesa Civil, que deverá ser solicitada
com antecedência mínima de 30 dias da data do evento e conterá data,
local e horário da atividade. O pedido de autorização deverá ser
instruído com os documentos de habilitação do responsável e o laudo
de vistoria do Corpo de Bombeiros Militar. O local dos saltos e os
equipamentos a serem utilizados serão submetidos a vistoria e
fiscalização do Corpo de Bombeiros - que poderá interromper os
saltos a qualquer momento, por motivos técnicos. O esporte deverá
ser praticado sob a responsabilidade de profissional devidamente
habilitado. Quem descumprir a futura lei, além das sanções penais e
civis cabíveis, estará sujeito a: advertência, por escrito, da
autoridade competente; multa de uma a 500 Unidades Fiscais do Estado
de Minas Gerais (Ufemgs), na segunda infração; multa de 500 Ufemgs,
a partir da terceira infração. Já as normas técnicas, especificações
dos equipamentos e requisitos para a habilitação dos operadores da
prática do bungee jump serão definidos
pelo órgão competente.
Convidados elogiam iniciativa e fazem
sugestões
Representantes da Defesa Civil, do Corpo de
Bombeiros, do Conselho Regional de Educação Física (Cref) e da área
jurídica elogiaram a iniciativa do deputado, destacando que é
importante que se normatize a prática do esporte e que a Assembléia
ouça as entidades ligadas ao tema.
A sugestão de que a competência de fiscalizar a
prática do esporte seja do Corpo de Bombeiros partiu do secretário
executivo da Defesa Civil, tenente-coronel Alexandre Lucas Alves,
para quem a Defesa Civil é entidade de coordenação e não de
fiscalização, além de lidar com catástrofes de grande porte e não
acidentes individuais. Pelo projeto, tal competência estava
direcionada para a Defesa Civil. Foi dele também a idéia de
ampliar-se a abrangência do projeto, com o objetivo de disciplinar
outros esportes, como rapel, rafting, arborismo,
canoagem em cachoeiras.
O tenente coronel Alexandre Alves sugeriu ainda o
envolvimento da Secretaria de Estado do Turismo, no sentido de fazer
um mapeamento dos locais adequados à prática do bungee jump,
em conjunto com os municípios.
As sugestões foram endossadas pelo conselheiro do
Cref, Adailton Eustáquio Magalhães, que pediu ainda a inclusão de um
profissional de educação física na equipe responsável pela prática
do esporte. O representante do Corpo de Bombeiros, tenente-coronel
Celso Novaes Borges, além de endossar as sugestões dos demais,
sugeriu palestras de esclarecimentos sobre os riscos do esporte. E a
exigência de socorro médico no local e posterior, na equipe que
ofereça o esporte comercialmente.
Já a professora de Direito da PUC Minas, Luciana
Atheniense, especialista em Direito do Consumidor, com ênfase em
turismo, pediu a mudança do nome de esporte radical para turismo de
aventura, como forma de facilitar a normatização da prática. Ela
enfatizou a importância da iniciativa, lembrando que não existe
nenhuma lei que regulamente o assunto. "É importante que se
estabeleçam critérios, porque o mercado quer se profissionalizar".
Ela sugeriu ainda que seja feita uma divulgação dos riscos desses
esportes nas faculdades de turismo, "que formarão os futuros
profissionais da área".
O deputado Doutor Viana disse que pretende
encaminhar seu projeto depois das alterações sugeridas na reunião
para a Câmara de Deputados, onde tramita um projeto que pretende
proibir a prática deste esporte. "Ao contrário do Congresso, nós não
queremos proibir o esporte, mas regulamentá-lo, tornando sua prática
mais segura". O deputado Paulo Piau (PPS), que é o relator na
Comissão de Educação, disse que pretende encaminhar o texto aos
convidados após acrescentar as sugestões de todos. Integrante da
Frente Parlamentar do Esporte, recentemente instalada na Assembléia,
o deputado Biel Rocha (PT) disse que a Frente quer acompanhar e
debater o projeto. E destacou a importância da reunião "como forma
de aprimorar a proposta".
Requerimentos - Foram
aprovados dois requerimentos: do deputado Paulo Piau, que solicita
audiência pública para discutir a situação das universidades
federais no Estado; e do deputado Doutor Viana, que também requer
audiência pública para discutir a falta de recursos para as
instituições de pesquisa do Estado, como o Cetec, Fapemig, IGA e
Fundação João Pinheiro.
Presenças - Deputados
Doutor Viana (PFL), presidente; Biel Rocha (PT) e Paulo Piau
(PPS).
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