Reunião debate problemas da Agricultura Familiar em Minas

A agricultura familiar garante milhões de empregos e o abastecimento das cidades, além de conservar melhor o meio amb...

24/10/2005 - 01:01
 

Reunião debate problemas da Agricultura Familiar em Minas

A agricultura familiar garante milhões de empregos e o abastecimento das cidades, além de conservar melhor o meio ambiente, ao contrário do agronegócio, que se destina à exportação e faz largo uso de venenos agrícolas. A busca de um novo modelo descentralizado de desenvolvimento para o campo, construído em parceria pelo movimento social e pelo Governo Federal, foi o motivo da audiência pública da Comissão de Participação Popular, segundo sua presidente, a deputada Maria Tereza Lara (PT). A audiência foi realizada na tarde desta segunda-feira (24/10/05).

O deputado Padre João (PT), autor do requerimento, disse que o Governo Federal aumentou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) de R$ 2 bilhões para R$ 9 bilhões, e defendeu que a mulher trabalhadora rural tenha acesso ao Pronaf Mulher. "Muitos gerentes bancários têm dificuldade para acatar o Pronaf Mulher. O Banco do Brasil e o Banco do Nordeste, grandes parceiros do programa, ainda não avançaram neste ponto. É preciso fazer justiça à mulher", cobrou Padre João.

Higino Marcos Oliveira, delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário, lembrou que é preciso aumentar adequadamente as estruturas de assistência técnica e comercialização, e que a reforma agrária é um aspecto importante da agricultura familiar. Oliveira exortou os prefeitos dos municípios onde houve assentamentos que passem a apoiá-los. "Antes, os assentados pelo Banco da Terra não podiam pegar o Pronaf A. Agora, graças a uma pressão dos deputados Padre João e Ricardo Duarte, podem levar até R$ 18 mil para girar nos municípios. O assentamento viabiliza empregos e renda. O Pronaf tem R$ 800 milhões só para Minas. No ano passado o recurso disponível não foi inteiramente empregado", disse ele.

UDPR intimidaria o Triângulo Mineiro

O delegado lamentou ainda os atos de violência cometidos no Triângulo pelas milícias armadas da União de Defesa da Propriedade Rural (UDPR), e pediu que o Governo de Minas coíba a ação desses grupos paramilitares. Anunciou também que os trabalhadores que não conseguiram quitar as dívidas vencidas até 30/4/2005 com o Pronaf tinham recebido prazo até dezembro próximo para renegociá-las.

Tereza dos Santos Silva, coordenadora da Federação dos Trabalhadores em Agricultura Familiar de Minas (Fetraf), afirmou que a assistência técnica não consegue chegar na ponta, onde é necessária, e que a maioria dos agricultores não corrigiu o solo, nem fez o projeto de plantio até este final de outubro. "Minas tem 176 assentamentos, mas não tem implementos, registro de marcas e comercialização adequadas. Não podemos entrar no Pronaf e sair pior do que entramos. Não conheço uma única trabalhadora que tenha conseguido o Pronaf Mulher", assegurou.

O deputado Laudelino Augusto (PT) disse que, na agricultura familiar, pequenas são as propriedades, mas grande a produção, e que a diversificação que promove é ótima para o solo e para a terra. Anunciou a realização de um fórum de educação nas pequenas cidades, para inverter a tendência de urbanização das crianças através da educação nas cidades maiores.

A maioria das pessoas da platéia que se manifestaram na reunião eram sindicalistas de trabalhadores rurais ou ligados à CUT. Denunciaram casos de trabalhadores que estavam perdendo suas terras em leilão por não conseguirem quitar dívidas com o Pronaf contraídas em 1997. Joaquim Rodrigues Pereira, o "Zorra do Mucuri", denunciou que 70 famílias remanescentes de quilombolas serão despejadas da Fazenda Palmeira, em Carlos Chagas.

Presenças: Deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente; deputados Padre João e Laudelino Augusto, ambos do PT. Higino Marcos Oliveira, delegado regional do Ministério do Desenvolvimento Agrário; Lúcio Guterrez, vice-presidente da CUT-MG; Tereza dos Santos Silva, coordenadora da Fetraf Minas; Eugênio Ferrari, coordenador executivo do Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata.

 

 

 

 

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