Comissão debate mudanças no anteprojeto da Lei de Microempresas

Na segunda audiência pública sobre a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a Comissão de Turismo, Indústria, Comér...

13/10/2005 - 00:00
 

Comissão debate mudanças no anteprojeto da Lei de Microempresas

Na segunda audiência pública sobre a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a Comissão de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo da Assembléia Legislativa ouviu, nesta quinta-feira (13/10/05), em Divinópolis, o pedido de revisão das alíquotas de impostos, tornando-as regressivas e não progressivas, como está no anteprojeto da lei. As audiências foram solicitadas pelo deputado Carlos Gomes (PT), vice-presidente da comissão e presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Micro e Pequena Empresa, para discutir o anteprojeto que ainda está em estudos na Casa Civil do governo federal. O objetivo dos encontros, que acontecem ainda em Ponte Nova, Almenara, Timóteo e Contagem, é colher mais subsídios para anexar à proposta elaborada no ano passado por empresários, com a colaboração do Sebrae.

O anteprojeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas prevê estímulos e incentivos para o setor, como a criação de um sistema único para o pagamento de tributos, a redução da burocracia para abertura, funcionamento e fechamento de empresas, maior acesso às compras governamentais, a serviços financeiros, às exportações e às inovações tecnológicas. O anteprojeto deve ser anexado, em forma de substitutivo ao Projeto de Lei Complementar (PLP) 210/04, do governo federal, que está em tramitação no Congresso e que trata da pré-empresa, segundo informações do deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG), membro da comissão que analisa esta proposta.

Mudança de teto - O ponto básico da alteração proposta pela Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas é a elevação do teto de enquadramento no setor. Para as microempresas, o teto passaria dos atuais R$ 120 mil de faturamento por ano para R$ 430 mil; e para as pequenas, o teto passaria dos atuais R$ 1,2 milhão para R$ 3,6 milhões.

Os participantes defenderam a micro e pequena empresas como o setor que mais emprega no País, sendo o responsável, segundo dados do Sebrae, por 60% dos postos de trabalho formais, 20% do PIB gerado pela indústria e comércio. Além disso, 99% dos empreendimento do País são enquadrados neste segmento.

Imposto regressivo para incentivar crescimento empresarial

Um dos 14 itens propostos no anteprojeto da Lei de Micro e Pequenas Empresas, o que trata do regime tributário, prevê a criação de alíquotas progressivas de recolhimento de impostos, ou seja, o empreendedor muda de nível sempre que seu empreendimento faturar mais. Para o presidente e o vice do Clube de Dirigentes Lojistas (CDL), de Divinópolis, Vítor Gomes Gontijo e Petrônio Mendes de Aquino, a idéia tem de ser o oposto: quanto mais o empreendedor faturar menor será a alíquota de impostos a ser paga. Isto, segundo eles, para incentivar o crescimento das empresas "e acabar com a cultura empresarial do Brasil de sonegação de impostos e de evitar o crescimento para não pagar mais", de acordo com definição de Petrônio Aquino.

Para o presidente da Câmara, vereador Wladimir Faria de Azevedo, o item importante é o acesso às compras governamentais pelas micro e pequenas empresas. "Enquanto nos Estados Unidos este segmento detém 30% das compras do governo, no Brasil, este percentual não passa de 17%. Se esta diferença de 13% for agregada ao setor, a expectativa é de mais R$ 34 bilhões entrando na economia, com mais 1,5 milhão de empregos", afirmou.

Alterações precisam ser negociadas com Estados

A negociação com os secretários de Fazenda dos Estados, por meio do Conselho de Política Fazendária (Confaz), é uma das principais dificuldades para o anteprojeto, segundo o deputado Reginaldo Lopes. Como o projeto envolve renúncia fiscal, será preciso adequar-se às diversas legislações estaduais. Mas ele manifestou esperança de que a tramitação ocorra até novembro, "porque é um compromisso do governo com o segmento, que tem hoje, segundo dados não oficiais, cerca de 10 milhões de empresários na informalidade". Reginaldo Lopes informou que a intenção é retomar as negociações na próxima semana, com a Receita Federal, que fará o levantamento do impacto das renúncias.

O deputado Carlos Gomes enfatizou a necessidade de aprovação de uma lei de eficácia comprovada e da participação da sociedade na discussão, "para que o tema se aclare mais, apesar de não se esgotar". Ele disse que a idéia é trazer mais representantes da sociedade para o debate, como forma de contribuir para a proposta. Já o deputado Domingos Sávio (PSDB) disse que uma lei geral vai rever o pacto federativo, com a repartição mais real de responsabilidades entre União, estados e municípios. Ele acredita que qualquer mudança só se viabilizará com mais discussões e pressão, "como a desta audiência pública". O parlamentar disse ainda que o movimento precisa ser ampliado, "até com uma marcha a Brasília".

Já o representante da Federação das Indústrias de Divinópolis, Afonso Gonzaga, disse que é preciso empenho para a aprovação da lei ainda este ano, "para que não passemos mais um ano de aperto neste segmento, responsável em grande parte pela distribuição de renda no País".

Presenças - Deputados Carlos Gomes (PT), vice-presidente; e Domingos Sávio (PSDB). Além dos convidados citados na matéria, também participou da reunião o representante do Sebrae, Bruno Oliveira Coelho.

 

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