Empresas e taxistas reivindicam redução de impostos para GNV

Representantes de proprietários de empresas convertedoras e taxistas reivindicaram, nesta terça-feira (11/10/05), em ...

11/10/2005 - 00:00
 

Empresas e taxistas reivindicam redução de impostos para GNV

Representantes de proprietários de empresas convertedoras e taxistas reivindicaram, nesta terça-feira (11/10/05), em audiência na Assembléia, a redução do ICMS para o Gás Natural Veicular (GNV) de 18% para 12%, bem como a redução do IPVA para proprietários de veículos movidos a gás natural. Eles participaram de audiência da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais solicitada pelo deputado Célio Moreira (PSDB). Com depoimentos emocionados de taxistas e de empresários que passam por dificuldades devido à retração do mercado, a reunião foi finalizada com a aprovação de requerimento que solicita do governador o envio de projeto reduzindo os impostos.

Tanto o deputado Célio Moreira quanto os deputados Doutor Ronaldo (PDT) e Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, apoiaram as reivindicações dos participantes da reunião. De autoria dos três parlamentares, o requerimento que pede a redução de impostos foi acompanhado de dois outros. Um deles solicita esclarecimentos ao Ministério das Minas e Energia sobre declarações oficiais de que poderia faltar gás natural no País e de que o setor não seria prioridade para o governo federal. Outro solicita esclarecimentos da Petrobras e da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) sobre abastecimento. O objetivo é ter documentos oficiais que comprovem o que foi dito na audiência pública por representantes dessas companhias: que não há risco de faltar gás.

Campanha - Uma das explicações para a retração do mercado, cogitadas pelos representantes do setor, está nas afirmações do Ministério das Minas e Energia. Euler Loyola, consultor técnico da Câmara Setorial do Gás Natural Veicular e Industrial do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos, afirmou que as declarações do governo federal fizeram ressurgir o "fantasma do Pró-Álcool", quando houve sérios problemas no País de desabastecimento do produto. Geraldo Sotero, proprietário de uma convertedora, cobrou da Petrobras e da Gasmig uma ampla campanha de divulgação e de esclarecimento, a exemplo do que fez o governo do Estado do Rio de Janeiro. Respondendo às críticas, o gerente de Captação de Clientes da Gasmig, José Góes Jr., comprometeu-se a levar à direção da empresa a demanda por maior comunicação. Informou ainda que serão distribuídos panfletos de esclarecimento para os atuais consumidores e o mercado potencial.

Participantes reivindicam redução de ICMS e de IPVA

Unanimidades na audiência foram as propostas de criar uma política de incentivos ao GNV e de reduzir impostos, a começar pelo deputado Célio Moreira. Ele informou que, no Rio de Janeiro, o desconto do IPVA para proprietários de veículos movidos a gás natural é de 75%. Em São Paulo, o desconto é de 50%. Quanto ao ICMS, a situação é mais complicada. Segundo ele, o Estado é o único da federação onde a alíquota do imposto é de 18%. Ele reivindicou a redução da alíquota para 12%, assim como ocorre para a indústria. O parlamentar, que é da base de governo, afirmou que as reivindicações não ficarão restritas a mais uma reunião e que levará o caso novamente ao Executivo. Ele foi apoiado pelo vice-presidente, deputado Doutor Ronaldo (PDT), que também é da base do governo. "Não temos o poder da caneta, mas temos o do microfone", ilustrou.

A redução de impostos representaria, na opinião de Euler Loyola, um incentivo permanente para que os proprietários de veículos ficassem motivados a fazer a conversão. O gerente executivo do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos, Raimundo Neves de Oliveira, também cobrou uma política de incentivos para o setor. "Essa batalha já dura mais de três anos", desabafou. Já o presidente da Associação Mineira de Gás Natural Veicular, José Paulino Pires, disse que as autoridades abandonaram os empresários e consumidores, depois de ampla campanha de divulgação e estímulo à conversão dos veículos para gás natural. "Tudo está indo por água abaixo", analisou.

Milton Pio de Almeida, representante de convertedora, analisou que, apesar do problema causado pela propaganda negativa, a grande questão é o ICMS. Antes com 50 funcionários em sua empresa, hoje Almeida não possui nem 10. "Os taxistas pedem socorro", desabafou ainda Ricardo Faedda, proprietário de veículo movido a gás natural e integrante do Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários, Taxistas e Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens de Minas Gerais (Sincavir/MG).

Gasmig informa investimentos de US $ 600 milhões para expandir rede de distribuição

Respondendo a diversas indagações, José Góes Jr., da Gasmig, informou que serão investidos, nos próximos três anos, US$ 600 milhões para aumentar a rede de distribuição dos atuais 300 km para 900 km. A expansão levará o gás natural a municípios do Vale do Aço e do Sul de Minas, bem como a cidades do eixo Belo Horizonte/Rio de Janeiro. Garantiu, ainda, que Minas Gerais tem gás natural veicular assegurado, devido aos contratos de suprimento firmados. Responsável pela distribuição do GNV em Minas, a Gasmig conta hoje com 75 postos de operação e pretende fechar o ano com 80. São vendidos atualmente 9 milhões m3/mês pela companhia.

Petrobras tranqüiliza - Também representada na reunião, a Petrobras reforçou que o gás natural é considerado um programa prioritário pelo governo federal e que não há riscos de desabastecimento. O gerente de Desenvolvimento do Mercado Veicular da Petrobras/áreas de gás e energia, Rodolpho Silvieri, informou que as reservas provadas do País possuem gás para 17 anos, se mantido o atual nível de produção. A oferta atual no Brasil é de 70 milhões m3/dia, sendo 24 milhões importados da Bolívia. Ao final de 2004, o gás natural representava 8,9% da matriz energética brasileira. As projeções indicam um aumento para 12% de participação em 2010. Mesmo com uma queda no crescimento do mercado, a Petrobras estima que este crescerá 16% ao ano.

Silvieri também disse que há investimentos maciços em prospeção de reservas. E é justamente por causa disso, além de outros fatores, que a tendência é, segundo ele, de aumento do preço do gás - ainda que continue se mantendo competitivo. O alto custo de exploração e as dificuldades de acesso para essa exploração são fatores que podem contribuir para aumentar o preço.

O Brasil possui a segunda maior frota mundial de veículos movidos a gás natural. São 960 mil veículos, contra os mais de R$ 1,5 milhão da Argentina, que detém o primeiro lugar. De acordo com Rodolpho Silvieri, hoje naquele país investe-se mais em qualidade dos kits de conversão e das inspeções, do que em convencimento dos consumidores. Também na Argentina o objetivo agora é fazer com que os veículos saiam da fábrica convertidos. Um caminho para as empresas convertedoras poderia ser justamente a parceria com as montadoras, acrescentou.

Ônibus - Rodolpho Silvieri também informou que a Petrobras firmou acordo de cooperação com os Ministérios das Minas e Energia e das Cidades, visando ao desenvolvimento do uso do GNV nos ônibus urbanos. O objetivo é pesquisar kits que podem ser reversíveis.

Feam também participa - O gerente do Núcleo de Combustíveis da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Eduardo Barcelar, que também participou da reunião, afirmou que o GNV é um combustível "ambientalmente correto". O presidente Laudelino Augusto também lembrou esse aspecto, completando que a Assembléia preocupa-se com a questão do GNV, tendo promovido vários debates sobre o assunto.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; e Célio Moreira (PSDB). E os convidados citados.

 

 

 

 

 

 

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