Taxa para tratamento de esgoto gera polêmica em Caratinga

A proposta de suspensão imediata da taxa cobrada pela Copasa para tratamento do esgoto de Caratinga foi apoiada pela ...

10/10/2005 - 00:01
 

Taxa para tratamento de esgoto gera polêmica em Caratinga

A proposta de suspensão imediata da taxa cobrada pela Copasa para tratamento do esgoto de Caratinga foi apoiada pela maioria dos participantes da reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa realizada nesta segunda-feira (10/10/05) naquela cidade do Vale do Rio Doce. Segundo o autor do requerimento que solicitou a reunião, deputado Adalclever Lopes (PMDB), há sete anos a população paga 50% do valor cobrado pelo fornecimento de água para que o esgoto seja coletado e tratado pela concessionária, o que nunca aconteceu. "Até agora, só a população pagou sua parte com as taxas cobradas mensalmente e com a própria saúde, já que os córregos de Caratinga são verdadeiros esgotos a céu aberto", afirmou.

O deputado Adalclever Lopes vai apresentar requerimento pedindo que seja encaminhado ofício ao Ministério Público (MP) para que sejam tomadas as medidas judiciais cabíveis para a suspensão da cobrança. O requerimento deve ser colocado em votação na próxima reunião da comissão, porque não havia quórum para votação em Caratinga.

Segundo o vereador Aluísio Palhares, que denunciou a situação à ALMG e ao MP, o contrato entre a prefeitura e a Copasa, assinado em dezembro de 1998, na gestão do prefeito José de Assis, não foi cumprido. O acordo estabelecia que as obras do sistema de esgotamento sanitário da cidade deveriam ser concluídas em 2001. "A estimativa que fazemos é de que a Copasa tenha recebido da população, nesses sete anos, mais de R$ 18 milhões", calculou. O vereador ressaltou, no entanto, que a empresa nunca forneceu dados precisos solicitados pela Câmara Municipal.

Já o vereador Sebastião Inácio Guerra acusou o atual prefeito, Ernani Campos Porto, de omissão por não ter cobrado o cumprimento do calendário de obras. Para o prefeito, o prazo para execução das obras citado no contrato era insuficiente. Ele afirmou que a prefeitura recebeu da Copasa R$ 4,6 milhões em 14 parcelas pela concessão. Mas não teria feito o projeto da obra do sistema de esgotamento sanitário - calculado em cerca de R$ 500 mil. Todo o esgoto da cidade é lançado diretamente no Rio Caratinga e nos córregos da região.

Vice-presidente da Copasa reconhece erro

O vice-presidente da Copasa, Carlos Megale, reconheceu que a empresa não cumpriu o contrato. "Estamos devendo uma série de obras a Caratinga", admitiu. Ele alegou que a cidade tem uma topografia que dificulta as obras, mas que isso não pode ser usado como desculpa. De acordo com Megale, seriam necessários R$ 30 milhões para que elas fossem executadas. Quanto à cobrança da taxa pelo serviço que não está sendo prestado, ele argumentou que esse pagamento estava previsto no contrato e não estaria atrelado à execução das obras.

Para o deputado Leonardo Quintão (PMDB), os R$ 30 milhões necessários para as obras "não são nada" se comparados com o que a empresa tem investido no Estado. Ele também defendeu a suspensão da cobrança da taxa de esgotamento. O deputado Antônio Júlio (PMDB) cobrou responsabilidade no cumprimento dos contratos e propôs que a comissão entre com uma ação judicial pedindo o cancelamento da cobrança e até mesmo o ressarcimento do que já foi pago pela população.

Ajustamento de conduta

O deputado Durval Ângelo (PT) sugeriu a realização de uma reunião de trabalho em Belo Horizonte para a formalização de um termo de ajustamento de conduta entre a prefeitura e a Copasa com o MP, que fiscalizaria a execução do contrato. Para ele, é necessário estabelecer novos prazos para serem cumpridos. "Se os cálculos estiverem certos, dois terços dos R$ 30 milhões para as obras do sistema já foram recolhidos. As obras poderiam ser feitas por etapas", argumentou. Adalclever Lopes reforçou que a cobrança é indevida, independentemente do acordo com o MP, e que o financiamento e a realização das obras são de responsabilidade da Copasa. Além disso, segundo ele, o contrato prevê cancelamento unilateral em caso de descumprimento do que foi acordado.

O promotor Gabriel Pereira de Mendonça acredita que o melhor caminho é um acordo entre as partes e lembrou que existe uma ação civil pública ajuizada em 2003 pedindo o cumprimento do contrato. Ele informou que em junho deste ano foi concedida uma liminar para impedir a prefeitura de Caratinga de autorizar novos loteamentos na cidade sem que a situação do tratamento de esgoto seja resolvida.

Presenças - Deputados Chico Rafel (PMDB), presidente; Adalclever Lopes (PMDB), Leonardo Quintão (PMDB), Antônio Júlio (PMDB) e Durval Ângelo (PT).

 

 

 

 

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