Plenário aprova em 2º turno tabelas da educação básica e VTI

O Plenário da Assembléia de Minas aprovou em 2º turno, na manhã desta quinta-feira (6/10/05), os projetos do governad...

06/10/2005 - 00:01
 

Plenário aprova em 2º turno tabelas da educação básica e VTI

O Plenário da Assembléia de Minas aprovou em 2º turno, na manhã desta quinta-feira (6/10/05), os projetos do governador que tratam das tabelas de vencimento básico dos servidores da educação básica (PL 2.460/05) e da instituição da Vantagem Temporária Incorporável - VTI (PL 2.463/05). Ainda estão na pauta do Plenário da reunião ordinária das 14 horas e da extraordinária das 20 horas, em 1º turno, os projetos das tabelas salariais da saúde (PL 2.462) e da educação superior (PL 2.461) - que não foram analisados na reunião da manhã. A previsão é de que todos os projetos sejam votados até sexta-feira (7), inclusive em redação final.

O PL 2.460/05, da educação básica, foi aprovado da forma como votado em 1º turno, com mais quatro emendas. A proposição traz regras para o posicionamento na nova carreira e valores dos vencimentos em cada nível. Segundo o Executivo, as tabelas prevêem a concessão de reajuste de 15% em média, divididos em duas etapas. A primeira, de 10% de reajuste médio, valerá a partir de 1º de setembro, sendo paga a partir do contracheque de outubro, que os servidores receberão no quinto dia útil de novembro. A segunda, de 5% de reajuste linear, entrará em vigor em julho de 2006, sendo paga no contracheque de julho, a ser recebido em agosto. Já a incorporação de parcela da VTI para os servidores da educação, retroativa a 1º de fevereiro deste ano, será paga a partir do contracheque de outubro, a ser recebido no início do mês de novembro. A diferença virá também nessa data.

Segundo o projeto, a carreira do professor prevê uma variação salarial, do início ao fim, de 308,8%, começando em R$ 305,00 e terminando em R$ 1.246,87. Segundo a assessoria do governo na Assembléia, o especialista em educação básica tinha uma carreira com a amplitude de 37,77% (24 horas) e 65,28% (40 horas). Com o projeto aprovado, a variação passa a ser de 174,66% - salário inicial de R$ 417,64 e final de R$ 1.147,10, para 24 horas; e inicial de R$ 735,28 e final de R$ 2.019,54, para 40 horas. Foi reduzido ainda o período de progressão para todo o magistério, de quatro para dois anos, voltando a existir o mecanismo de promoção.

Mudanças durante a tramitação

Durante a tramitação do PL 2.460/05 foram introduzidas várias mudanças. Entre elas, destacam-se:

* criação de uma tabela de vencimento específica para o Colégio Tiradentes, garantindo o recebimento de adicionais para servidores posicionados na nova carreira e a média de ganho de 15% na remuneração do servidor;

* garantia de que nenhum servidor poderá receber menos de R$ 300; e de que não haverá redução da remuneração após a aplicação da tabela.

Ficou ainda definido que o Executivo terá 36 meses para atualizar os dados cadastrais dos servidores e efetuar seu reposicionamento, considerando tempo de serviço e titulação.

Outra mudança ocorrida durante a tramitação foi a criação de uma regra facilitadora para a primeira progressão ou promoção por escolaridade adicional, considerando tempo de serviço e avaliações de desempenho anteriores à implantação da nova carreira. As reivindicações do Bloco PT/PCdoB eram, no entanto, que houvesse promoção automática por escolaridade adicional e que o reposicionamento do servidor fosse feito levando em conta o tempo de serviço.

Adicionais para designados e opção por antiga carreira

O projeto das tabelas de vencimento básico das carreiras da educação básica foi aprovado com quatro emendas de 2º turno. A emenda 1 aprimora a redação do dispositivo que garante a irredutibilidade da remuneração. A emenda 2 suprime a classe de "diretor de grupo escolar" prevista no Anexo III, Tabela IV.3, referente à correlação da carreira de analista de educação básica (AEB). A remuneração desta categoria de servidores corresponde aos vencimentos do cargo comissionado de diretor, devendo prevalecer esta regra. A emenda 3 assegura ao detentor de função pública e ao designado aprovados em concurso público o direito aos adicionais por tempo de serviço. Essa era uma reivindicação do bloco de oposição. A emenda 4, visando dar ao texto mais clareza e objetividade, estabelece que os servidores que fizerem a opção por permanecer na carreira antiga poderão ser nomeados para cargos em comissão e gratificações de função, especificados no projeto.

Educação tem mais de 300 mil servidores

No Estado, há 485.918 servidores estaduais, incluindo-se os 147.409 inativos. Juntas, as categorias da educação e da saúde respondem por 72,49% do total de servidores do Estado. Na educação, são 226.808 funcionários em atividade e 94.550 inativos, somando 321.358 servidores, ou 66,13% do total. O valor total da folha de pagamentos é de R$ 653.127.076,37, segundo dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag). Desse montante, R$ 274.416.941,86 referem-se aos servidores da educação. O impacto esperado das tabelas da educação e da saúde, em 2005, é de que cerca de 50% dos servidores tenham reajuste de 10%; 36% dos servidores fiquem entre 10% e 20% de reajuste; e 14% tenham ganhos acima de 20%.

Após a aprovação dos projetos com as tabelas de vencimento básico das carreiras do funcionalismo, e posterior sanção pelo governador, a próxima etapa da reformulação dos planos de carreira será a elaboração das regras de posicionamento dos servidores e o conseqüente posicionamento, o que será feito mediante decreto do Executivo. Segundo a Seplag, entre as principais diretrizes que balizaram a elaboração das tabelas, estão o respeito ao limite prudencial de 48,5% da Lei de Responsabilidade Fiscal para comprometimento da receita com a folha, e a regra geral de construção das tabelas lineares com amplitude de 3% por grau e 22% por nível.

Projeto da VTI também é aprovado em 2º turno

Já o projeto que cria a Vantagem Temporária Incorporável (VTI) foi aprovado na forma como votado em 1º turno, com voto contrário do Bloco PT/PCdoB. A VTI é a gratificação que vai substituir a Parcela Remuneratória Complementar (PRC) e o abono de R$ 45,00 concedido aos servidores do Executivo em 1997. Terão direito ao benefício todos os servidores do Executivo, com exceção dos policiais civis e militares e agentes penitenciários. A VTI, no entanto, será reduzida sempre que o servidor tiver aumento salarial que não seja decorrente de promoção ou progressão na carreira.

Deputados da oposição e governo comentam projetos

Na fase de declaração de voto, falaram a deputada Elisa Costa (PT) e os deputados Weliton Prado (PT), Ermano Batista (PSDB), Laudelino Augusto (PT), Sebastião Costa (PPS), Miguel Martini (PHS), Domingos Sávio (PSDB), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Paulo Piau (PPS) e Antônio Genaro (PSC). Elisa Costa elogiou o empenho de toda a categoria da educação na votação do PL 2.460/05, mas lembrou que grande parte das emendas apresentadas pelo bloco de oposição não foi considerada pelo Executivo. O deputado Weliton Prado enfatizou que o bloco era contrário à criação da VTI, já que defendia a incorporação total - e não parcial - da PRC mais o abono de R$ 45,00. Laudelino Augusto opinou que a tabela não reconhece o valor dos servidores da educação, destacando que foi a pressão democrática da categoria a responsável pela votação do projeto.

Já os deputados Ermano Batista, Sebastião Costa, Miguel Martini e Paulo Piau apoiaram o governo e elogiaram o envio, pelo Executivo, das tabelas salariais da educação, assim como dos servidores da saúde. Ermano Batista destacou que, com certeza, não haverá reajuste na proporção que o servidor precisa e merece. Acrescentou, por outro lado, que a votação do projeto já era um grande avanço. Miguel Martini afirmou que o governador tem um cronograma de ações para resgatar os direitos e valorizar o servidor público. Embates entre governo e oposição também marcaram essa fase das discussões.

Deputados lamentam incidente com deputada

No início da reunião, vários deputados comentaram o fato ocorrido em Plenário, na tarde de quarta-feira (5), durante análise do PL 2.460/05 em 1º turno. Ao final do processo de votação, a deputada Lúcia Pacífico (PSDB) foi atingida por um pequeno objeto atirado das galerias, que lhe causou um corte no supercílio direito. A deputada sentiu um mal-estar e a reunião foi interrompida. Ela foi atendida pelo médico Ricardo Patrus, do Serviço Médico da Assembléia, que a encaminhou posteriormente para um hospital da Capital para avaliar se o corte necessitaria de ponto. A deputada passa bem e participou da reunião desta quinta-feira.

O deputado Rogério Correia (PT) lamentou o ocorrido, afirmando que "isso não pode ser regra nem acontecer como exceção" na Assembléia. Ele disse que as manifestações não podem ter esse tipo de excesso e as pessoas presentes nas galerias não têm o direito de jogar moedas no Plenário, nem agredir os parlamentares. A solidariedade à deputada Lúcia Pacífico foi também prestada por vários deputados. Ao comentar o fato, ela agradeceu o carinho e amizade dos colegas, mas lamentou a postura de algumas pessoas que assistiam à reunião - que foi acompanhada por vários servidores da saúde e educação. A deputada considerou ofensivo o conteúdo de cartazes colocados nas grades das galerias, com referências aos deputados. Foi apoiada na crítica pelo deputado Célio Moreira (PSDB), entre outros parlamentares.

Referindo-se aos embates entre deputados da oposição e governo, na reunião de Plenário da tarde de quarta (5), o deputado Edson Rezende (PT) lamentou que ataques pessoais acabem maculando a imagem do Legislativo.

Galerias abertas - Após reivindicação feita pelo deputado Rogério Correia, antes da votação dos projetos, o presidente Mauri Torres determinou a abertura das galerias ao público externo. Devido ao fato ocorrido com a deputada Lúcia Pacífico, o acesso às galerias tinha sido impedido. Correia alegou que a proibição não tinha base regimental, sendo apoiado pelo deputado Durval Ângelo (PT). O deputado Ermano Batista ponderou, por sua vez, que também foi contra fechar as galerias, mas cobrou respeito aos deputados.

 

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