| Déficit de moradias preocupa autoridades em Governador 
            Valadares O déficit habitacional de Governador Valadares pode 
            se transformar em breve em um barril de pólvora: já são quatro as 
            ocupações de terrenos na cidade. A tensão aumenta à medida em que se 
            aproxima a data para o cumprimento da ordem judicial para 
            desocupação da área invadida por movimentos de luta pela moradia no 
            bairro Penha - Vila União. O problema motivou a realização de uma 
            audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação 
            Social da Assembléia Legislativa na cidade nesta quarta-feira 
            (5/10/05). Realizada no plenário da Câmara Municipal, a reunião 
            contou com a presença de dezenas de participantes de movimentos 
            organizados de luta pela moradia. De acordo com o último levantamento feito pela 
            Fundação João Pinheiro em agosto deste ano, Valadares tem um déficit 
            de 6.696 unidades habitacionais, o que corresponde a 10,2% do total 
            de domicílios da cidade - o terceiro pior índice entre os grandes 
            municípios do interior do Estado. Os movimentos de luta pela moradia 
            proliferam na cidade e ocupam áreas também nos bairros Santos 
            Dumont, JK e Santa Rita. O presidente da Associação Habitacional Nova Terra, 
            Luciano Pereira, reclama que a prefeitura se recusa a negociar uma 
            solução para o problema. "A PM vai cumprir a ordem de desocupação da 
            Vila União na sexta-feira (7). O que o município vai fazer? Poderia 
            pelo menos cadastrar as famílias acampadas, mas nem isso foi feito", 
            protestou. O movimento reivindica também maior participação nos 
            projetos de habitação popular da prefeitura, e a garantia de 
            inclusão das famílias de renda mais baixa nos programas de moradia 
            federais e estaduais. "O Programa de Arrendamento Residencial (PAR) é só 
            para quem tem renda familiar de R$ 1.200", acusou o vereador Geovani 
            Honório (PT). Parceria entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e a 
            prefeitura de Valadares, o PAR vai construir 400 casas na cidade, e 
            as famílias acampadas - muitas delas com renda de apenas um salário 
            mínimo - reivindicam o direito de se beneficiarem do programa. "Hoje 
            a Caixa exige renda familiar de R$ 800 para financiamentos com 
            prestação de R$ 200. Isso não é casa popular", criticou o presidente 
            da Câmara Municipal, vereador Júlio Avelar (PV). Secretário diz que prefeitura segue exigências da 
            CEF O secretário municipal de Planejamento, Edson 
            Goberto, rebateu as críticas contra a atuação da prefeitura e disse 
            que os programas habitacionais do município seguem as exigências 
            estabelecidas pela CEF. "Não podemos sair desapropriando terras para 
            novos conjuntos habitacionais sem ter dinheiro em caixa", justificou 
            o secretário, que em seguida se retirou da reunião sob as vaias da 
            platéia. Já o secretário municipal de Governo, Darli Alves, garantiu 
            que a prefeitura vai iniciar em novembro o cadastramento de todas as 
            pessoas que não têm onde morar, para criar programas que vão 
            beneficiar famílias de todas as faixas de renda. "A desapropriação 
            de áreas já começou, e a intenção é construir conjuntos 
            habitacionais de 50 a 100 unidades em várias regiões da cidade", 
            disse. Segundo o secretário, as obras de infra-estrutura vão 
            consumir R$ 1 milhão do engessado orçamento do município. As dificuldades financeiras das prefeituras foram 
            lembradas pelo gerente regional da CEF, José Geraldo Sales. "Os 
            municípios da região não têm dinheiro para investir em habitação. As 
            prefeituras precisam firmar parcerias e buscar o apoio do Estado", 
            afirmou Sales, que sugeriu a criação de fundos municipais de 
            habitação para ajudar no financiamento de novos conjuntos populares. 
             Detentora de 90% do crédito habitacional no Brasil, 
            a CEF espera financiar cerca de 2 mil moradias no Vale do Rio Doce 
            neste ano, além de outras mil casas só em Governador Valadares. O 
            superintendente regional do banco, Marcelo Bonfim, reconhece que a 
            maior parte do déficit habitacional está concentrado nas famílias 
            com renda de até três salários mínimos, mas também reiterou que a 
            solução do problema depende de parcerias entre os governos federal, 
            estadual e municipal. A Cohab vem atacando o problema com o Programa 
            Mineiro de Habitação Popular, que deve entregar 11 mil unidades até 
            julho do ano que vem. As casas são financiadas com recursos da 
            União, Estado e municípios, além do pagamento de prestações pelos 
            mutuários. De acordo com o vice-presidente da empresa, Paulo Sérgio 
            Martins, as famílias com renda de até três salários mínimos somam 
            85% da população sem moradia decente. Ele está otimista com o 
            cumprimento das metas do programa, mas reconhece que só com uma 
            política sólida de subsídios é possível acabar com esse déficit. 
 Mas isso não é tudo. Como a deputada Elisa Costa 
            (PT) lembrou, apenas duas prefeituras do Vale do Rio Doce 
            manifestaram interesse em participar do Programa Mineiro de 
            Habitação Popular. "Os movimentos populares têm pressa, e o poder 
            público tem a responsabilidade de dar uma resposta a esse grande 
            déficit habitacional da região", cobrou a deputada, que pediu a 
            realização da reunião. Presenças - Deputada Elisa 
            Costa (PT), que presidiu a reunião.   
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