Audiência pública coleta dados para Plano Estadual Antidrogas

No ano passado e nos primeiros oito meses de 2005, ações coordenadas das polícias Civil, Militar e Federal apreendera...

05/10/2005 - 00:00
 

Audiência pública coleta dados para Plano Estadual Antidrogas

No ano passado e nos primeiros oito meses de 2005, ações coordenadas das polícias Civil, Militar e Federal apreenderam 17.360 armas em Minas Gerais, e elegeram os traficantes e os homicidas mais perigosos para serem caçados nas favelas e cumprir seus mandados de prisão. Esses dados foram oferecidos pelo major PM Jader Mendes Lourenço ao debate sobre as políticas públicas de combate ao narcotráfico e ao tráfico de armas, motivo de reunião conjunta entre as comissões de Administração Pública e de Segurança Pública, nesta quarta-feira (5/10/05).

O deputado Sargento Rodrigues (PDT), co-autor do requerimento que deu origem à audiência pública, interpretou esses dados como a causa real da redução do número de homicídios em Minas, e não a entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, em dezembro de 2003. O deputado, que lidera a Frente Parlamentar pelo Direito da Legítima Defesa, partidária do "não" no referendo de 23 de outubro, aproveitou a oportunidade para criticar a falta de investimentos do Governo Federal em Minas através do Fundo Nacional de Segurança Pública em 2005. Em defesa do comércio de armas, Rodrigues argumentou que "a imensa maioria dos desembargadores, juízes e policiais, que lidam diariamente com a situação jurídico-penal do País, apóiam o "não".

Fahim Sawan (PSDB), que presidiu a reunião e é co-autor do requerimento, encaminhou aos convidados várias perguntas: Por que tanta gente usa drogas? Por que tantos jovens? Por que o crime está tão organizado? Ele propôs a soma de esforços dos diversos órgãos e defendeu a criação e reativação dos conselhos municipais antidrogas, e o leilão dos bens apreendidos a traficantes. "O narcotráfico é uma questão global, e o mercado clandestino de armas é crescente. Precisamos de tolerância zero no combate", afirmou, acrescentando que as contribuições dos especialistas serão encaminhadas ao Governo para a reformulação do Plano Estadual de Combate às Drogas.

Laboratoristas podem treinar refinadores de cocaína dentro da prisão

Quatro convidados trouxeram contribuições ao debate. Anselmo Gusmão, delegado de Entorpecentes da Polícia Civil, disse que o maior problema hoje da Polícia é a guarda de presos, que ocupa mais de metade do seu efetivo. Ele disse que há 218 presos na Delegacia de Tóxicos, cuja carceragem é apenas para 28. "Gostaríamos de separar desses presos os laboratoristas de refino de drogas, que são quatro químicos com formação acadêmica, senão, dentro de pouco tempo teremos 218 técnicos em refino de cocaína", alertou, comparando a situação à do contato dos presos políticos com presos comuns na década de 70, que geraram as organizações Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital.

O major Lourenço relatou os êxitos da PM, desde 1998, com a implantação de programas de resistência ao uso de drogas e violência, que foram levados a 295 mil crianças de 4ª a 6ª séries do ensino fundamental, atingindo quase 300 municípios. Para ele, é preciso chegar às crianças com trabalho preventivo antes que sejam seduzidas pelos traficantes.

O delegado Hélbio Afonso Dias Leite, do Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, afirmou que não haverá combate eficiente a esse tipo de crime sem desbaratar o tráfico de armas, que está intimamente ligado ao tráfico de drogas. "A polícia hoje trabalha com prioridades. Para implantar um programa tipo Tolerância Zero necessitaríamos de investimentos maciços. Para se ter uma idéia, Nova York contou com 120 mil policiais bem remunerados e equipados para vencer o crime na cidade. Todo o efetivo da PM, da Polícia Civil e da Federal em Minas, somado, não chega a 50 mil policiais. O delegado não vê outra saída, no entanto, para que Minas não chegue ao ponto que chegou o Rio de Janeiro, onde a situação não seria mais de segurança pública, mas de guerrilha urbana, tal o poder do crime organizado.

O subsecretário de Estado Antidrogas, Cloves Benevides, disse que trabalha nos dois extremos do problema das drogas, procurando reduzir o consumo com programas de atendimento e reabilitação de drogados, e também com dados de inteligência para a redução da oferta. Ele revelou que no primeiro leilão de bens de traficantes foram arrecadados R$ 312 mil, e anunciou que atua também na preparação dos conselhos municipais antidrogas. Elogiou o trabalho das comunidades terapêuticas, que retiram das ruas cerca de 3 mil viciados que poderiam se tornar traficantes ou criminosos.

Presenças: Deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente; Sargento Rodrigues (PDT), Antônio Júlio (PMDB), Maria Tereza Lara (PT) e Zé Maia (PSDB).

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715