Lixo traz problemas para cidades do Vale do Rio Doce

Mau cheiro, poluição visual, contaminação de solos e rios, proliferação de doenças. Estes são alguns problemas acarre...

04/10/2005 - 00:01
 

Lixo traz problemas para cidades do Vale do Rio Doce

Mau cheiro, poluição visual, contaminação de solos e rios, proliferação de doenças. Estes são alguns problemas acarretados pela destinação inadequada do lixo, problema que atinge a população de 64% dos municípios brasileiros. Para resolver esse problema, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) baixou uma instrução normativa determinando o fim dos lixões em Minas Gerais. Na tentativa de ajudar os municípios a encontrarem a melhor forma de erradicar os lixões, a Assembléia Legislativa promove o Seminário "Lixo e cidadania - políticas públicas para uma sociedade sustentável", que teve mais um encontro regional realizado em Governador Valadares nesta terça-feira (4/10/05).

A maior cidade do Vale do Rio Doce ainda convive com um lixão a céu aberto, mas as obras do aterro sanitário estão em estagio avançado, como informou o prefeito Bonifácio Mourão. O prefeito reclamou da falta de apoio do governo federal para concluir a obra, cujo protocolo de intenções foi assinado com o Ministério das Cidades em 2001. Financiamento do Ministério do Meio Ambiente só veio um ano depois, e a licença ambiental levou mais um ano para ser liberada. A administração anterior iniciou as obras, mas o dinheiro da União - R$ 1,5 milhão - foi insuficiente para concluir o aterro.

Agora a prefeitura obteve do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) R$ 2 milhões em recursos a fundo perdido para concluir o aterro sanitário. Segundo o técnico do BDMG Renato Neves de Resende, as verbas para o término já estão garantidas e serão liberadas de acordo com o andamento das obras, que devem ser finalizadas dentro de seis meses. "Sabemos que as soluções são urgentes, mas é preciso que os municípios recebam apoio dos órgãos de financiamento para tocar essas obras", defendeu o prefeito.

O lixo não é problema exclusivo das grandes cidades da região. A pequena Nova Módica, de apenas 4 mil habitantes, durante muito tempo conviveu com sujeira nas ruas por falta de colaboração da população local. Segundo o prefeito Anael Robson Ramos Farias, foi preciso realizar uma campanha educativa para incentivar a população a colocar o lixo na rua somente na hora da coleta. Após essa campanha, a prefeitura conseguiu a adesão dos moradores e consegue manter as 30 ruas da cidade impecavelmente limpas. Mas o lixão a céu aberto ainda é um problema. "O bicho-papão de qualquer prefeitura hoje é o lixo, não importa o tamanho da cidade", disse.

Reciclagem poderia render 10 bilhões

O deputado José Henrique abriu os trabalhos traçando um painel do problema do lixo. Segundo ele, o descarte de materiais que poderiam ser reciclados gera prejuízos da ordem de R$ 10 bilhões ao ano. O deputado Jayro Lessa (PFL) considera o lixo como o grande problema de saúde pública nacional, lembrando que o Brasil produz 100 mil toneladas de resíduos diariamente. Já a deputada Elisa Costa (PT) lembrou que a solução do problema passa também por políticas de incentivo a reciclagem, inserção social dos catadores e redução da produção de resíduos sólidos.

A questão do volume de lixo produzido foi o tema da reflexão feita pelo representante do comitê de meio ambiente da ACMinas, Santelmo Xavier Filho. De acordo com ele, um simples ovo, quando chega à mesa do consumidor, terá gasto 160 litros de água para ser produzido, transportado e comercializado. Um chiclete pode levar até cinco anos para ser decomposto na natureza, enquanto materiais como isopor e vidro podem levar milhares de anos para se degradarem naturalmente. "Se quisermos menos lixo, temos que rever nosso paradigma de felicidade", alertou.

A consultora da ONG Verde Água, Ana Beatriz Marques, também lembrou a excessiva produção de resíduos sólidos como conseqüência do consumismo, e apresentou propostas para inclusão social dos catadores de lixo, como a criação de projetos específicos com essa finalidade e o estímulo à realização de fóruns municipais sobre lixo e cidadania.

À tarde, os participantes do evento reuniram-se em grupos de trabalho que vão discutir propostas que serão levadas à etapa final do seminário, que será realizado no Plenário da ALMG entre os dias 21 e 23 de novembro.

 

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