Debate recomenda presença maciça da população no referendo

Na abertura do debate "Referendo Popular: o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil"?, que a ...

03/10/2005 - 00:02
 

Debate recomenda presença maciça da população no referendo

Na abertura do debate "Referendo Popular: o comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil"?, que a Assembléia realiza, autoridades destacaram a importância da participação maciça da população, por ser um momento único de participação direta, na democracia brasileira. O debate, realizado nesta segunda-feira (3/10/05), no Plenário, é uma parceria da ALMG com o governo do Estado e diversas entidades e está sendo transmitido ao vivo pelas TVs Assembléia e Minas para todas as escolas estaduais de Minas Gerais. O debate foi solicitado pelos deputado Edson Rezende (PT) e Sargento Rodrigues (PDT).

As discussões têm como objetivo enriquecer o debate sobre o referendo que acontece no próximo dia 23 em todo o País, e que pretende saber a opinião da população brasileira a respeito da comercialização ou não das armas de fogo. O referendo atende a preceito constitucional previsto na Lei 10.826, conhecida como Estatuto do Desarmamento, de 2003 e que entrou em vigor em janeiro de 2004. Em seu artigo 35, prevê-se a consulta para que a população decida sobre se deve ser permitida ou proibida a comercialização.

Uma das principais recomendações feitas no início do debate é de que a população se informe bem antes da votação. Em sua exposição, o diretor do Foro Eleitoral de Belo Horizonte, juiz Rogério Medeiros Garcia de Lima explicou a sistemática da votação. Na urna já tradicional, o eleitor vai teclar o nº 1, que corresponde ao NÃO, se desejar que o comércio de armas não seja proibido. E teclar o nº 2, referente ao SIM, se desejar que o comércio seja proibido. Existem ainda as teclas de BRANCO e NULO. O juiz conclamou a população a participar maciçamente, "principalmente os jovens, pois é a oportunidade única de exercermos nossa cidadania. E que os governantes continuem a nos consultar, não só em questões de segurança, mas de economia e política também", acrescentou Rogério Medeiros.

Estatuto do Desarmamento é bastante rigoroso

Em suas considerações, o representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), conselheiro Luiz Fernando Valadão Nogueira, explicou alguns conceitos presentes na Lei 10.826, afirmando que o estatuto já é bastante rigoroso em relação à autorização de compra de armas, porte e penas. Ele explicou os artigos 10 e 11 que detalham os critérios para a autorização de compra de armas, definidas como armas de uso restrito (aquelas previstas somente para as Forças Armadas, polícias) e as de uso permitido (para pessoas físicas e jurídicas, que têm que cumprir uma série de exigências). O certificado é concedido pela Polícia Federal. O porte é diferente da autorização, enfatizou o conselheiro e é proibido pelo estatuto. "Ele é hoje a exceção", declarou Luiz Fernando Nogueira. O artigo define quem pode ter porte, entre polícias, bombeiros, agentes e guardas penitenciários, empresas de segurança privada e de transporte de valores e ainda técnicos e auditores da Receita Federal.

Luiz Fernando Nogueira destacou que a lei introduziu uma mudança cultural muito significativa, "ao proibir, no artigo 26, a fabricação, comercialização e importação de brinquedos que sejam réplicas de armas". Outro ponto abordado por ele, foi a questão das penas, previstas no artigo 12. Segundo o conselheiro da OAB, as penas foram aumentadas e foram introduzidas outras, enquanto o artigo 28 aumentou o limite de idade para aquisição de armas, de 21 anos para 25 anos.

O presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), lembrou que a iniciativa do debate é uma forma de o Legislativo contribuir para discussão do tema. "Tema tão polêmico, que foram constituídas duas frentes parlamentares com posições opostas: os deputados contra a proibição do comércio de armas, a Frente Parlamentar pelo Direito à Legítima Defesa, coordenada pelo deputado Sargento Rodrigues; e os parlamentares a favor da proibição, a Frente Por um Brasil sem Armas, coordenada pelo deputado Edson Rezende". Destacando que as divergências espelham a democracia, o presidente afirmou que o debate pretende "ouvir os dois lados para que a população compareça às urnas ciente do que vai decidir".

O vice-presidente do TRE, desembargador Armando Pinheiro Lago e o secretário adjunto da Secretaria de Estado da Defesa Social, Luiz Flávio Sapori elogiaram a iniciativa do evento, enfatizando o caráter cidadão do referendo, "porque é o momento que o povo exercerá seu poder", segundo palavras do desembargador Armando Lago. Já Luiz Sapori chamou atenção para o fato de que o referendo não é a favor ou contra o desarmamento, "mas sobre o comércio de armas".

 

 

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