Conferência discute avanços, problemas e propostas do ECA

Quinze anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda não foram suficientes para garantir, de f...

28/09/2005 - 00:02
 

Conferência discute avanços, problemas e propostas do ECA

Quinze anos de vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ainda não foram suficientes para garantir, de forma geral, os direitos desses jovens brasileiros à educação, à saúde e a outras necessidades básicas. Mas o país avançou, criando políticas de proteção e assistência e tomando iniciativas para conscientizar a sociedade da importância da construção de uma juventude cidadã. Foi com esse espírito que foi aberta, nesta quarta-feira (28/9/05), em Belo Horizonte, a V Conferência Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente.

O evento é uma iniciativa da Assembléia Legislativa de Minas em parceria com o governo estadual, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Esportes, e do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente. A conferência continua quinta e sexta-feiras, no Parque da Gameleira. Serão analisadas 170 propostas elaboradas pelos municípios. Ao final dos trabalhos, serão eleitos 11 delegados regionais, que vão levar um documento com as principais sugestões de Minas à conferência nacional, em Brasília, entre os dias 12 e 15 de dezembro.

Na abertura dos trabalhos, o deputado João Leite (PSDB) leu aos mais de 500 participantes uma mensagem do presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), saudando os conferencistas e lembrando que a promulgação do ECA representou um grande avanço diante do desamparo constitucional e jurídico em que se encontravam as crianças e os adolescentes brasileiros. Mas o deputado ressalvou que as estatísticas policiais e da área da saúde mostram que ainda há muito o que fazer para erradicar as condições precárias em que vivem milhões de jovens.

Para a deputada Ana Maria Resende (PSDB), coordenadora dos trabalhos no primeiro dia da conferência, não basta colocar recursos no orçamento para privilegiar as crianças. É preciso preparar a sociedade, em especial os conselheiros tutelares, para acompanhar a execução desse orçamento. "Os conselheiros são o instrumento para garantir que o orçamento vai ser executado", afirmou ela.

O vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Raymundo Rabelo Mesquita, narrou o contexto de desamparo da criança e do adolescente no Brasil. Mostrou a luta pela consolidação do ECA e lembrou que o Brasil foi o primeiro país a tratar da proteção da criança em sua Carta Magna. A advogada e professora de Direito da PUC-RJ Tânia Silva Pereira fez uma palestra defendendo a tese de que o cuidado com os jovens é um valor jurídico, e como tal deve ser respeitado como um direito fundamental da criança e do adolescente. Ela mostrou ainda que 62% dos municípios mineiros contam com conselhos tutelares, um percentual inferior à média nacional.

Para ela, isso de deve ao clientelismo e à centralização do poder nos municípios. "Há uma dificuldade em se tratar a população como agente de elaboração de políticas", disse ela. Para o presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, João Batista de Oliveira, os prefeitos e os conselheiros tutelares não devem manter uma relação de patrão/empregado. Ele defendeu que esses trabalhadores sejam vinculados não aos municípios, mas ao Ministério da Justiça. Para Oliveira, é necessário uma legislação federal que garanta a uniformidade das ações tutelares em todo o País.

Presenças - Deputados João Leite (PSDB), André Quintão (PT), Edson Resende (PT), Domingos Sávio (PSDB), Laudelino Augusto (PT), deputadas Ana Maria Resende (PSDB), Elisa Costa (PT) e Maria Tereza Lara (PT); desembargador Tarcísio José Martins Costa, do TJMG; Cristina Albuquerque, da Subsecretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; vereador Tarcísio Caixeta, vice-presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte; Marcos Montes, secretário de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes; João Batista de Oliveira, presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente; Jarbas Soares Júnior, procurador-geral de Justiça de Minas Gerais; Vanessa Guimarães Pinto, secretária de Estado da Educação; Celso Cota Neto, prefeito de Mariana e presidente da Associação Mineira de Municípios; Gláucia Barros, representante da Frente de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente; Raymundo Rabelo Mesquita, vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente; e Tânia Silva Pereira, professora de Direito da PUC-RJ.

 

 

 

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