Morte de jovem terá novas investigações a pedido da Direitos Humanos

O inquérito policial sobre a morte de Rodrigo Maia Cassemiro, de 23 anos, ocorrida no Natal do ano passado, vai ser d...

28/09/2005 - 00:00
 

Morte de jovem terá novas investigações a pedido da Direitos Humanos

O inquérito policial sobre a morte de Rodrigo Maia Cassemiro, de 23 anos, ocorrida no Natal do ano passado, vai ser devolvido à polícia civil para novas diligências, depois que for liberado pelo Ministério Público. Esta é a primeira conseqüência da audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (28/9/05), na Câmara Municipal de Itaúna. A comissão foi à cidade a pedido da família de Rodrigo Maia, que não concordou com as conclusões iniciais de que o jovem teria morrido por afogamento, conforme atestou o primeiro laudo, realizado cinco dias após sua morte, quando foi encontrado o corpo.

O rapaz teria morrido em conseqüência de afogamento de manhã. em uma cachoeira local, depois de ter passado a noite em uma festa rave. A única pessoa presente ao ocorrido foi outro jovem, Samuel Antônio Silva Cunha, que no inquérito consta como principal suspeito, não tendo sido acusado ou indiciado. O corpo de Rodrigo Maia só foi encontrado cinco dias após sua morte. O inquérito foi aberto em 3 de janeiro deste ano e concluído em 18 de julho último. A conclusão do delegado responsável pelo inquérito, Marco Antônio Teixeira, foi de que, pelo segundo laudo, realizado após a exumação do corpo, pedida pela família, foi constatada a presença de um veneno de pesticida, em seu estômago.

O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), disse que vai apresentar dois requerimentos à comissão: um pedindo ao juiz da vara criminal da cidade que autorize novas diligências, e outro para que sejam enviadas ao Ministério Público, as notas taquigráficas da reunião, para que subsidiem o MP, no pedido de novas investigações. Durval Ângelo lembrou que a motivação da audiência foi a dor da família e a busca da verdade.

Contradições do inquérito revoltam familiares e amigos

Para os pais de Rodrigo Maia, Zuleika de Souza Cassemiro e Iclair do Espírito Santo, o inquérito apresenta muitas contradições, nos depoimentos das testemunhas e principalmente entre o primeiro laudo e o apresentado depois da exumação, que teve exame toxicológico feito pelo Instituto Médico Legal. Nesse exame, foi constatada a presença do veneno carbofuran, componente de pesticidas, em uma concentração alta. Segundo a mãe, há ainda as fotos do primeiro laudo, feitas no dia em que o corpo foi encontrado, em que são visíveis os sinais de espancamento, e o documento não registra nenhuma violência. O advogado da família, Geraldo Bosco da Cunha, disse que não conseguiu acesso aos negativos das fotos, em pedido que teria feito à polícia. Irmãos e amigos de Rodrigo pediram justiça e que as investigações prossigam.

O delegado regional de Divinópolis, a quem está subordinada a delegacia de Itaúna, Renato Avelino Trade, reconheceu que houve erro no primeiro laudo, "com a conclusão de afogamento, talvez apressada, diante das características do corpo, como grande inchaço e a pele descolando". Ele lembrou as limitações técnicas da delegacia, mas ressaltou o trabalho sério do delegado Marco Antônio Teixeira, "profissional com mais de 10 anos de serviço", e que todos os pedidos da família foram atendidos, "haja vista a exumação e o novo exame toxicológico realizados". Ele prometeu colaborar da melhor forma possível e fazer novas diligências assim que forem solicitadas.

O trabalho sério do delegado também foi ressaltado pelo promotor de Justiça, Rodrigo Bragança Queiroz, que também lembrou as limitações da polícia. E garantiu que, do jeito que o inquérito está, não pode arquivá-lo e nem oferecer denúncia contra o apontado como principal suspeito, Samuel Cunha, "porque o que foi apurado não me permite tomar qualquer decisão", afirmou. Ele disse que vai aguardar as notas taquigráficas da Comissão de Direitos Humanos para então pedir novas diligências, "e ainda, outras sugestões que o deputado Durval Ângelo fizer, com a experiência de outros casos elucidados depois da interferência da comissão".

O deputado Roberto Ramos (PL), vice-presidente da comissão, disse que situações de impunidade não podem continuar "e que crimes que atingem os pobres têm que ser esclarecidos, mesmo que isso envolva famílias ricas e poderosas".

Presenças - Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Roberto Ramos (PL), vice; E ainda vereadores de Itaúna, o prefeito Eugênio Pinto e a presidente do movimento "Diga não à impunidade", de Piumhi, Maria Aparecida Rodrigues.

 

 

 

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