Proposta de Super Receita recebe críticas de sindicalistas

A proposta de criação da chamada Super Receita recebeu duras críticas de representantes de entidades sindicais nesta ...

27/09/2005 - 00:01
 

Proposta de Super Receita recebe críticas de sindicalistas

A proposta de criação da chamada Super Receita recebeu duras críticas de representantes de entidades sindicais nesta terça-feira (27/9/05), durante reunião da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa. A Super Receita será criada com a unificação da Receita Federal com a Secretaria da Receita Previdenciária, órgão responsável pela arrecadação e cobrança de dívidas junto ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Os sindicatos de trabalhadores da Receita Federal e do INSS reclamam que a Super Receita, criada por meio da Medida Provisória 258, publicada no dia 15 de agosto, não foi discutida com a sociedade.

Para o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Unafisco), o objetivo do governo federal é alcançar déficit nominal zero, o que significaria, grosso modo, gerar superávit primário suficiente para arcar com o pagamento de todos os juros da dívida pública. O serviço da dívida consumiu R$ 140 bilhões em 2004, ano em que os investimentos federais nas áreas sociais e em infra-estrutura se limitaram a R$ 80 bilhões. Como o País praticamente atingiu o limite de expansão da carga tributária e não há como reduzir ainda mais os gastos sociais, a saída seria tirar proveito da bilionária arrecadação previdenciária, na avaliação da 2o vice-presidente do Unafisco, Maria Lúcia Carneiro.

A MP 258 prevê a transferência de todos os recursos da arrecadação previdenciária para a nova Receita Federal do Brasil, órgão que será vinculado ao Ministério da Fazenda. "Isso traz o risco de desvio de recursos da previdência para o caixa único do Tesouro", alerta a sindicalista. Outros pontos da MP questionados pelo Unafisco são a possibilidade de compensação de débitos previdenciários com créditos tributários, o fim da garantia de repasse de contribuições sobre o lucro das empresas para o INSS e a incompatibilidade de compartilhamento dos bancos de dados da Receita Federal e da Secretaria da Receita Previdenciária.

Técnicos do INSS estão apreensivos

A apreensão quanto à fusão dos fiscos não se limita aos servidores da Receita Federal. Os técnicos da previdência também fazem duras críticas à MP 258 e reclamam da recusa do governo federal em discutir o assunto com a sociedade. "Não podemos permitir que, em meio à crise política, sejamos vítimas da equipe econômica que aprofunda o arrocho fiscal e o conservadorismo da política econômica para atender o Fundo Monetário Internacional (FMI)", acusou a diretora do Sindicato dos Empregados em Empresas de Processamento de Dados, Serviços de Informática e Similares (Sindados-MG), Rosane Maria Cordeiro.

Ela relatou a existência de inúmeros boatos de demissões e fechamento de escritórios regionais da Dataprev (empresa responsável pelo processamento da folha de pagamento dos aposentados do INSS) com a criação da Super Receita. Trabalhadores da empresa no Rio de Janeiro e no Espírito Santo também criticaram a maneira como o processo vem sendo conduzido, sem diálogo com os servidores. O gerente administrativo do escritório da empresa em Belo Horizonte, Vagner Pinheiro de Andrade, disse que não pode dar opiniões pessoais sobre o assunto, que está sendo tratado na sede nacional, em Brasília. Mas garantiu que o escritório regional está aberto à participação dos servidores para o aprimoramento do trabalho prestado pela empresa.

Representantes de sindicatos de aposentados também criticaram a ausência de diálogo com o governo e manifestaram temor de que a unificação dos fiscos possa representar a possibilidade de privatização da previdência social.

A deputada Elisa Costa (PT), que pediu a realização da reunião, defendeu a manutenção da previdência pública de qualidade, e disse não acreditar na possibilidade de privatização. "O PT vai se empenhar para que isso não ocorra. O presidente Lula interrompeu a renovação dos acordos com o FMI, o que já é um avanço", afirmou a deputada, que vai propor a realização de um seminário na ALMG para aprofundar as discussões sobre a unificação dos fiscos.

Presenças - Deputados Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente; e deputadas Elisa Costa (PT) e Jô Moraes (PCdoB). Também participaram da reunião presidente do Sindicato dos Aposentados (Sinap-MG), Adilson Rodrigues da Silva; o presidente da Federação dos Aposentados e Pensionistas (FAP-MG), Hermélio Soares Campos; e a diretora do Departamento Jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social, Saúde, Previdência, Trabalho e Assistência Social (Sintsprev), Maria Helena da Silva.

 

 

 

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