Problema do lixo só será resolvido com diminuição do consumo

Betim sedia, nesta segunda-feira (26/09/05), o terceiro encontro de interiorização do Seminário Legislativo "Lixo e C...

26/09/2005 - 00:01
 

Problema do lixo só será resolvido com diminuição do consumo

Betim sedia, nesta segunda-feira (26/09/05), o terceiro encontro de interiorização do Seminário Legislativo "Lixo e Cidadania - políticas públicas para uma sociedade sustentável", que a Assembléia Legislativa promove, em parceria com outras 56 entidades. Até a plenária final, que será realizada entre os dias 21 e 23 de novembro, em Belo Horizonte, haverá mais sete encontros em cidades pólo do Estado. Os três grupos de trabalho, que juntos analisaram as 275 propostas elaboradas pelas seis Comissões Técnicas Interinstitucionais (CTIs), acrescentaram cerca de 30 novas propostas ao documento inicial. Cada grupo também elegeu seis delegados que representarão a região na plenária final, em novembro. O evento contou com a participação de representantes de 12 municípios da região Central do Estado.

Participaram da abertura do evento os deputados Ivair Nogueira (PMDB), e Laudelino Augusto e Maria Tereza Lara, ambos do PT; o prefeito da cidade, Carlaile Pedrosa; o presidente da Câmara Municipal, vereador Rômulo Veneroso; além de secretários municipais, administradores regionais e vereadores de cidades vizinhas. Também acompanham o encontro, na sede do Clube Atlético Rodoviário, no centro de Betim, integrantes de associações de catadores de papel e de dezenas de entidades ligadas ao meio ambiente e à defesa dos direitos humanos.

Em seu discurso, Ivair Nogueira, que representou o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), lembrou que a destinação adequada do lixo tornou-se um dos maiores desafios da sociedade moderna. Na opinião dele, esse é um dos grandes problemas dos municípios, que vêm perdendo receita e tendo que arcar com cada vez mais despesas. O deputado Laudelino Augusto, um dos autores do requerimento que deu origem ao seminário, disse que o lixo "pode gerar lucro, ao invés de dar tanto prejuízo para o meio ambiente e gasto para o poder público".

Para a deputada Maria Tereza Lara, coletar seletivamente e dar o tratamento adequado ao lixo também é uma forma de erradicar o trabalho infantil no Estado e impedir que milhares de crianças continuem nos lixões de todo o país. A deputada, que é presidente da Comissão de Participação Popular da Assembléia, acompanhou os trabalhos dos grupos e coordenou a parte final do encontro.

A representante do Fórum Estadual Lixo e Cidadania, engenheira Cláudia Julie Ribeiro, acredita que somente uma reversão nos padrões atuais de consumo da sociedade pode minimizar os problemas causados pelo excesso de lixo produzido. "Se o ideal da maioria das pessoas continuar sendo ter um tênis de cada cor e um relógio para combinar com cada roupa, continuaremos produzindo cada vez mais lixo", ponderou. Segundo ela, ainda não há, em nenhum país do mundo, tecnologia capaz de resolver esse problema.

Coleta seletiva ainda é muito pequena

O representante do Comitê de Meio Ambiente da Associação Comercial de Minas Gerais, Santelmo Xavier Filho, que também é especialista em planejamento urbano, garantiu que apenas 2% do lixo produzido atualmente no Brasil é coletado separadamente. Para mostrar a necessidade da coleta seletiva e da reciclagem, em sua exposição, Santelmo apresentou tabelas comparativas com o tempo necessário para decomposição dos principais materiais descartados no meio ambiente. Cerâmicas, pneus e louças, por exemplo, permanecem por tempo indeterminado no solo. Sacos e sacolas plásticas podem levar mais de 100 anos para serem decompostos. Pilhas alcalinas poluem o solo por mais de 50 anos.

O prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa, garantiu que a prefeitura tem feito o que é possível para tratar o lixo da melhor forma. Segundo ele, desde 2001 já existe a separação entre o lixo seco e o lixo úmido. "Com isso, aumentamos a vida útil de nosso aterro sanitário", afirmou. De acordo com o prefeito, em Betim até a poda das árvores é feita de maneira sustentável, com o aproveitamento de toda a madeira retirada, de acordo com o diâmetro dos galhos. Ele também citou a parceria com a Associação dos Catadores de Papel (Ascapel), cujo trabalho já tirou das ruas centenas de pessoas.

A secretária municipal de Meio Ambiente, Cleide Pedrosa, no entanto, admitiu que o mais difícil é construir uma nova mentalidade nas pessoas, é convencê-las a mudarem hábitos de consumo e de descarte do lixo.

Na parte da tarde, os deputados Jésus Lima (PT) e Carlos Gomes (PT) também participaram dos debates.

 

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