Moradores de Igarapé e Bicas reclamam do transporte coletivo

O preço da passagem de ônibus entre Belo Horizonte e as cidades de Igarapé e São Joaquim de Bicas, R$ 4,70, além de s...

22/09/2005 - 00:00
 

Moradores de Igarapé e Bicas reclamam do transporte coletivo

O preço da passagem de ônibus entre Belo Horizonte e as cidades de Igarapé e São Joaquim de Bicas, R$ 4,70, além de ser um dos mais elevados na Região Metropolitana, é um dos fatores responsáveis pelo alto índice de desemprego naqueles dois municípios. A denúncia é de moradores e usuários de transportes coletivos de Igarapé e São Joaquim de Bicas que participaram, na tarde desta quinta-feira (22/9/05), na Assembléia Legislativa, de audiência pública conjunta das comissões de Participação Popular e de Transporte, Comunicação e Obras Públicas. Na reunião, que durou quatro horas, a insatisfação dos moradores com o custo e a qualidade dos serviços de transporte ficou evidente, e não faltaram alertas sobre a possibilidade de que a população, revoltada com o problema, acabe apelando para a depredação de ônibus como forma de chamar a atenção das autoridades.

De acordo com os depoimentos de diversos moradores presentes, são comuns os casos de pessoas que, ao procurarem emprego em empresas de Belo Horizonte, Betim ou Contagem, acabam preteridas por causa do preço da passagem, uma vez que os empregadores têm que arcar com 94% do custo do vale-transporte. A viagem de ida e volta sai a R$ 9,40 por dia, o que dá quase um salário mínimo por mês, valor proibitivo para a população pobre que não tem automóvel e faz uso de transporte coletivo. As reclamações incidiram também sobre o descumprimento do quadro de horários pela empresa concessionária, Santa Edwiges, e o desconforto das viagens, com as pessoas sendo obrigados a viajarem em pé em ônibus superlotados. Houve críticas, também, à ausência dos prefeitos e vereadores dos dois municípios na audiência.

DER prepara nova licitação

A audiência foi convocada por iniciativa da presidente da Comissão de Participação Popular, deputada Maria Tereza Lara (PT), com o intuito de ouvir as partes envolvidas e buscar uma solução. Emocionada, a pastora Élcia Faustino de Oliveira Souza, que lidera o movimento dos usuários do transporte coletivo de Igarapé, disse que o problema já foi discutido com o Departamento de Estradas de Rodagem (DER/MG), que prometeu fiscalizar a empresa, mas nenhuma providência foi tomada. Ela apontou a redução do preço da passagem como sendo a principal reivindicação dos moradores.

Também presente à reunião, o promotor de Justiça da Comarca de Igarapé, Júlio César Teixeira Crivellari, avaliou que o problema é complexo e envolve outras questões, como a ação de perueiros que operam o transporte clandestino e exercem concorrência com o transporte regular, e a necessidade de se encontrar um mecanismo alternativo à antiga câmara de compensação do transporte da Região Metropolitana, extinta em dezembro de 2001, que permitia uma espécie de subsídio às linhas deficitárias ou de baixa rentabilidade. O promotor não descartou a proposição de uma ação coletiva em favor dos usuários, mas disse que para isso seria necessário um levantamento minucioso da situação, com dados sobre o número de passageiros, custo e outros itens. No entanto, analisou, as informações técnicas disponíveis até o momento são favoráveis à empresa prestadora do serviço, que tem assegurada, por contrato, a garantia de equilíbrio financeiro.

O representante do DER, Marcos Márcio da Rocha Ferreira, informou que o órgão vai realizar licitação para o transporte coletivo intermunicipal na Região Metropolitana, juntamente com intervenções estruturais no sistema de transporte, o que poderá resultar na redução de custos. Entre as medidas em estudo estão a integração de linhas; o incentivo à utilização do trem metropolitano, que tem capacidade ociosa; a implantação de terminais intermediários em Betim e na região do Eldorado, em Contagem; e o uso de microônibus em horários de menor demanda de passageiros. Ele avaliou, ainda, que a médio e longo prazos a redução do custo com transporte pode ser obtida mediante propostas defendidas pelo Movimento do Direito do Transporte e que estão sendo debatidas no Congresso Nacional, como a definição de uma política para o preço do óleo diesel e a redução da carga tributária para empresas transportadoras em relação ao pagamento de pessoal em operação.

Ao final da reunião, Maria Tereza Lara disse apostar no diálogo para superar os impasses e cobrou o compromisso das partes envolvidas em continuar as negociações para buscar uma solução, além de propor que o DER tome providências para uma melhoria imediata na qualidade dos serviços de transporte prestados às comunidades de Igarapé e São Joaquim de Bicas.

Presenças - Deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da Comissão de Participação Popular, e deputado Jésus Lima (PT).

 

 

 

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