Comissão das Estâncias Hidrominerais aprova relatório final

Quase quatro meses depois de instalada, a Comissão Especial das Estâncias Hidrominerais da Assembléia Legislativa apr...

22/09/2005 - 00:00
 

Comissão das Estâncias Hidrominerais aprova relatório final

Quase quatro meses depois de instalada, a Comissão Especial das Estâncias Hidrominerais da Assembléia Legislativa aprovou seu relatório final nesta quinta-feira (22/9/05). Um documento com 67 páginas e 24 recomendações, entre elas: a elaboração do Plano Diretor de Turismo do Circuito das Águas, criação de uma entidade nos moldes dos consórcios intermunicipais; criação de uma entidade regional capaz de promover a gestão integrada do turismo; revitalização dos parques de águas minerais e balneários; e restauração das rodovias de acesso ao Circuito da Àguas e para Araxá. O documento foi entregue, à tarde, ao governador Aécio Neves e ao secretário de Estado de Turismo, Herculano Anghinetti.

A comissão foi criada por requerimento do deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que foi designado relator, para estudar, em 60 dias, a situação das estâncias hidrominerais do Sul de Minas. Em junho, o objeto da comissão foi ampliado para incluir as demais estâncias do Estado e em 18 de agosto teve seu prazo ampliado por mais 30 dias. Dessa forma foi verificada a situação das cidades de Caldas, Caxambu, Jacutinga, Lambari, Monte Sião, Passa Quatro, Poços de Caldas e São Lourenço, inicialmente, sendo incluídas outras posteriormente, como Araxá, Bueno Brandão e Tiradentes. A comissão fez oito reuniões e duas audiências em estâncias. Os deputados ainda se reúnem na próxima segunda-feira (26) com o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, para a entrega do relatório.

Em seus estudos, segundo o relatório apresentado por Dalmo Ribeiro Silva, a comissão constatou a situação de decadência econômico-financeira e social das estâncias hidrominerais, com a acelerada queda do turismo. De acordo com o relatório, as estâncias sofrem a mais profunda crise econômica desde a sua criação. Os motivos, segundo o deputado Dalmo Ribeiro Silva, são estruturais e circunstanciais. Como problemas estruturais ele destacou as divergências políticas e o conseqüente desinteresse dos dirigentes municipais, estaduais e federais; a estratégia antiquada e equivocada de marketing turístico; o regime jurídico e de gestão dos parques. E como circunstanciais: o direcionamento de capitais para o turismo de praias e ecológico e a troca do turismo de cura baseada nas águas minerais pelos medicamentos de alta eficácia.

Sugestões envolvem órgãos públicos, iniciativa privada e população

Depois de ouvir depoimentos de prefeitos, vereadores, órgãos governamentais, movimentos sociais, receber projetos de diversos prefeitos e ONGs para retomada do desenvolvimento dessas cidades, e sobretudo, depois das audiências realizadas em Araxá e Cambuquira, a comissão aprovou o relatório com 24 recomendações. Os deputados sugerem que o assunto continue nas comissões de Meio Ambiente, com o debate da gestão das águas minerais; de Transportes, com a discussão sobre a responsabilidade e manutenção das rodovias federais que foram estadualizadas; e do Trabalho, para aprofundar a discussão sobre o procedimento da empresa Superágua, que paralisou suas atividades, desempregando centenas de trabalhadores nas estâncias.

Outras recomendações do relatório: elaboração do Plano Diretor de Turismo do Circuito das Águas; criação de uma entidade regional capaz de promover a gestão integrada do turismo; criação de uma entidade reunindo todas as estâncias do Estado; revitalização dos parques de águas e balneários; parcerias com entidades representativas do setor privado para investimento nas cidades; restauração das rodovias de acesso ao Circuito das Águas; implantação de um programa de marketing; elaboração e implantação de um projeto paisagístico que crie uma identidade visual para cada cidade; instalação de portais na entrada das estâncias; promoção de pesquisas e campanhas para incluir a crenologia e o termalismo no turismo de saúde; integração das cidades do Circuito das Águas com atividades turísticas diversificadas, como ciclismo, caminhadas ecológicas, esportes radicais; reinserção da crenologia (tratamento de doenças pelas águas minerais) nos currículos das área de saúde; abertura do processo de elaboração do edital de licitação para exploração das águas à participação da comunidade.

E ainda: destinar a renda e os benefícios gerados por esta exploração aos municípios de origem; estudar formatos jurídico-institucionais que viabilizem a participação da sociedade na gestão dos parques e balneários; estudar a possibilidade de transferência dos direitos minerários sobre a exploração das águas minerais para entidade controlada simultaneamente por Estado, municípios e ONGs; apoiar o setor hoteleiro; estabelecer plano de financiamento via BDMG para o setor turístico; criar Área de Proteção Ambiental (APA) - Circuito das Águas; transformar os parques dos circuitos em unidades de conservação; promover campanhas de conscientização e educação ambiental; analisar e incluir as propostas específicas de cada município em projetos e programas orçamentários dos governo estadual e federal; incluir propostas específicas de cada cidade nos planos diretores municipais.

Deputados entregam documento ao governador

Os deputados elogiaram os trabalhos da comissão, a participação dos prefeitos, do BDMG e do Igam. Todos enfatizaram a necessidade de continuar a discutir a situação das estâncias e de se fazer um trabalho político para se conseguir recursos no Orçamento do próximo ano, para que sejam implantadas algumas das propostas, conforme sugeriu o presidente da comissão, deputado Dilzon Melo (PTB). O deputado Dalmo Ribeiro Silva também destacou as propostas apresentadas pelos prefeitos e o deputado Paulo Piau (PP) lembrou que a função da comissão não é executiva e que os desdobramentos dos trabalhos é que irão garantir os investimentos.

Já o deputado Laudelino Augusto (PT) fez algumas ressalvas e conseguiu incluir três sugestões ao relatório final: a de que a responsabilidade pelo abandono das estâncias seja creditada à atuação da Comig, empresa sucedida pela Codemig, que detém a posse da exploração dos parques e balneários das estâncias; que seja recomendada a recontratação dos funcionários da Superágua, como forma de garantia do emprego, da manutenção das marcas das águas minerais no mercado e do equipamento da empresa. Uma quarta sugestão foi apresentada em forma de requerimento, rejeitado pela comissão: Laudelino queria incluir no relatório a recomendação de que a Mesa da Assembléia determine a instalação da CIP da Comig, cujo requerimento foi protocolado no ano passado, com 43 assinaturas.

À tarde, os deputados acompanhados dos prefeitos de Cambuquira, Lambari, Monte Sião, Conceição do Rio Verde, Tiradentes, Caxambu, Carangola, Soledade, Jacutinga, Araxá, Itamonte e Passa Quatro entregaram o relatório e os projetos de revitalização preparados pelos prefeitos ao secretário de Turismo, Herculano Anghinetti, e ao governador Aécio Neves. O secretário anunciou a recuperação das estradas no final do ano, a instalação de uma linha regular de aviação para o circuito, com a entrada em operação do aeroporto regional de Caxambu, e recursos no orçamento. Já o governador disse que a comissão se antecipou à determinação que daria ao secretário de Turismo, para que reunisse prefeitos na elaboração de um plano para o Circuito das Águas.

Presenças - A comissão foi integrada pelos deputados Dilzon Melo (PTB), presidente; Gustavo Corrêa (PFL), vice; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), relator; Paulo Piau (PP) e Laudelino Augusto (PT), todos presentes à entrega do documento ao secretário e ao governador.

 

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