Projeto que determina destinação de garrafa PET usada é debatido

A importância do desenvolvimento de projetos integrados de gerenciamento de resíduos sólidos, que envolva a participa...

21/09/2005 - 00:00
 

Projeto que determina destinação de garrafa PET usada é debatido

A importância do desenvolvimento de projetos integrados de gerenciamento de resíduos sólidos, que envolva a participação dos setores produtivos, das instituições governamentais e da população, foi o consenso tirado na reunião desta quarta-feira (21/9/05) da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia de Minas Gerais. A reunião visou discutir o Projeto de Lei (PL) 1.039/03, do deputado Célio Moreira (PL), que determina aos fabricantes de produtos envasados em garrafas de polietileno tereftalato (PET) recolherem pelo menos 50% das garrafas por eles comercializadas, estabelecendo multa em caso de descumprimento.

O projeto, que não foi analisado pelas Comissões de Constituição e Justiça (CCJ) e de Meio Ambiente e Recursos Naturais por perda de prazo, já recebeu parecer favorável da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, que apresentou o substitutivo nº 1. A sugestão é que o projeto consolide a legislação já existente, passando a mudar a Lei 13.766, de 2000, que trata da política estadual de incentivo à coleta seletiva de lixo, em seu artigo 4º, que determina ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) criar normas sobre a destinação de resíduos sólidos.

Na reunião, os convidados fizeram comentários sobre a idéia original do projeto - estabelecer que os fabricantes recolham certa parte das garrafas comercializadas -, avaliando os impactos da medida. "Toda e qualquer responsabilidade para o setor produtivo ter de recolher qualquer tipo de resíduo sólido aumenta o custo de produção", avaliou o gerente de Assuntos Legislativos da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Pedro Parizzi.

Parizzi lembrou que o debate sobre o destino dos resíduos sólidos no País, que é feito há dez anos pela Câmara dos Deputados, encontra resistências de muitos lados. Para ele, a solução passaria pela previsão de recursos, nos orçamentos municipais, estaduais e federal e de expressivas campanhas para conscientizar a população da importância de contribuir para a coleta seletiva de lixo, estabelecendo punições para as prefeituras que não desenvolverem esses programas.

Segundo o coordenador de comunicação da Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), Hermes Contesini, em 2004, 360 mil toneladas de garrafas PET foram levadas às indústrias de embalagem, das quais 48% foram efetivamente recicladas, transformadas em matéria-prima que originou uma série de novos produtos - como a fibra têxtil, usada em várias embalagens, exceto de produtos alimentícios. Segundo Contesini, o desenvolvimento da indústria recicladora no País, que surgiu há dez anos, está crescente, sendo que o papel dos catadores é fundamental nesse processo.

Objetivo do deputado é aperfeiçoar o projeto

"A intenção do debate é aperfeiçoar o projeto, para garantir que o material seja recolhido e valorizar o trabalho dos catadores", disse o deputado Célio Moreira (PL). Moreira destacou o papel da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Materiais Recuperáveis (Asmare), lembrando que a situação ambiental de Minas Gerais estaria melhor se existisse entidade semelhante nas principais cidades do Estado. O vice-presidente da comissão, deputado Doutor Ronaldo (PDT), ressaltou a importância de conscientizar a população para contribuir para a destinação correta do lixo.

O técnico da Divisão de Saneamento da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Leonardo Fittipaldi Torga, enfatizou a necessidade de que as garrafas PET, bem como o resto do lixo, seja bem acondicionado desde a residência do consumidor. "A responsabilidade deve ser compartilhada entre a população, as empresas e o governo", opinou o gerente de Meio Ambiente da Fiemg, Wagner Soares Costa, para quem as políticas nesse sentido são muito coercitivas e acabam se tornando inócuas.

Já coordenador de divulgação da Asmare, Alfredo de Souza Matos, falou sobre o trabalho social desenvolvido pela entidade, que tem 258 associados, sendo 80% deles ex-moradores de rua.

Projeto muda lei sobre pequizeiro

Ainda na reunião, a Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais aprovou parecer pela favorável ao PL 2.312/05, do deputado Antônio Andrade (PMDB), com as emendas 1 a 2, da CCJ, e 3, que foi apresentada pelo deputado Sávio Souza Cruz (PMDB). O projeto muda a Lei 10.883, de 1992, que declara o pequizeiro (Caryocar brasiliense) de preservação permanente, de interesse comum e imune de corte, e foi relatado pelo deputado João Leite (PSDB). Pela lei, o abate do pequizeiro só pode se dar com autorização do Instituto Estadual de Florestas (IEF), para execução de obras ou projetos de utilidade pública ou relevante interesse social.

O projeto mantém a restrição do abate, mas ajusta a lei ao Código Florestal que, após ser modificado por medida provisória, determina que a autorização também pode ser dada se houver baixo impacto ambiental e com a emissão prévia das medidas compensatórias que devem ser adotadas pelo empreendedor. A adaptação seria necessária, assim, porque muitos projetos teriam dificuldades para se desenvolver em áreas com pequizeiro, mesmo que esparsamente distribuídos. Para o relator, o plantio de um número dez vezes maior de mudas em outros locais, conforme indicações do órgão responsável, é mais importante para a preservação da espécie, criando o necessário equilíbrio entre a conservação ambiental e a exploração econômica dos recursos naturais.

A emenda nº 3, do deputado Sávio Souza Cruz, muda o parágrafo 2º do artigo 2º da Lei 10.883 e acrescenta um terceiro, determinando que a autorização será precedida de replantio de mudas de pequizeiro em locais e condições definidas pelo IEF, conforme regulamentação. Ainda segundo o novo parágrafo, o empreendedor ficaria obrigado a acompanhar, por período não inferior a dois anos, o vingamento das mudas replantadas, apresentando relatório ao IEF.

Doação de imóvel - A comissão também aprovou parecer favorável ao PL 2.141/05, do deputado Fahim Sawan (PSDB), que autoriza o Poder Executivo a doar à Companhia Habitacional do Vale do Rio Grande (Cohagra) parte de um terreno de 501 mil m2 situado no Alto do Cachimbo, em Uberaba. O relator, deputado Doutor Ronaldo (PDT), opinou pela aprovação na forma do substitutivo nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça, que faz ajustes ao projeto, e com a emenda nº 1, que apresentou. A emenda acrescenta pensionistas de policiais militares e civis, bombeiros e agentes de segurança penitenciários, no rol de beneficiários do programa habitacional Lares Geraes - Segurança Pública, voltado para implantação de moradias a esses profissionais.

Foram aprovadas, ainda, proposições que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice, que coordenou parte da reunião; João Leite (PSDB) e Sávio Souza Cruz (PMDB), além dos convidados citados na matéria.

 

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