Série de encontros para seminário sobre lixo é aberta em Pouso Alegre

Cerca de 200 pessoas - incluindo 11 prefeitos e quatro vice prefeitos, além de vereadores de mais de 30 cidades do Su...

20/09/2005 - 00:03
 

Série de encontros para seminário sobre lixo é aberta em Pouso Alegre

Cerca de 200 pessoas - incluindo 11 prefeitos e quatro vice prefeitos, além de vereadores de mais de 30 cidades do Sul de Minas e representantes de órgãos públicos e ONGs - participaram nesta terça-feira (20/9/05) do encontro regional Lixo e Cidadania. O evento inaugura uma série de 11 encontros que a Assembléia Legislativa vai realizar em cidades-pólo do Estado, que irão culminar com o Seminário Legislativo "Lixo e Cidadania - Políticas públicas para uma sociedade sustentável". Esse seminário, considerado o maior evento institucional promovido pelo Legislativo mineiro, será realizado na ALMG entre os dias 21 e 23 de novembro.

Na abertura, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), representando o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), alertou para os riscos do padrão de desenvolvimento, em que a exploração excessiva dos recursos naturais e a exacerbação do consumo vêm provocando danos ao meio ambiente. "Se não frearmos esse processo, colocaremos em risco as futuras gerações". Dalmo trouxe o dado de que 64 % dos municipíos brasileiros lançam seus resíduos em lixões. Em Minas Gerais, apenas 16 cidades contam com aterros sanitários. O parlamentar aponta o envolvimento da sociedade e do poder público como o caminho para a solução desses problemas.

O prefeito de Pouso Alegre, Jair Siqueira, valorizou o encontro como forma de mostrar à população a importância da construção do aterro sanitário. "Pessoas de má fé dizem que a prefeitura quer levar o lixão para regiões da cidade. Não se trata de lixão, e sim do aterro, que atende à exigência da legislação e trará muitos benefícios para a população", reforçou o prefeito de Pouso Alegre, cidade que produz 90 toneladas de lixo por dia.

Vereador cobra mais participação do Estado e da União

Já o presidente da Câmara Municipal de Pouso Alegre, vereador Geraldo Cunha Filho, reivindicou uma participação maior da União e do Estado para efetivação das medidas com relação ao lixo. "É muito fácil para os governos estadual e federal fazerem leis obrigando os municípios. Mas e os recursos para isso? Os municípios precisam de parcerias", reclamou. Também destacaram o valor das parcerias os prefeitos de Cachoeira de Minas, Giberto Nogueira Cellet, e de São Pedro da União, Joaquim Ivelson da Costa, que são os presidentes das Associações dos Municípios das microrregiões, respectivamente, do Médio Sapucaí (Amesp) e da Baixa Mogiana (Amog).

Cellet disse que "uma das marcas do subdesenvolvimento é ver o que uma cidade faz com seus resíduos". Ele acrescentou que a legislação sobre o assunto já está pronta e que o Sul de Minas, região com projetos audaciosos na área de turismo, deve também adotá-los para o lixo. Ivelson valorizou o associativismo, colocando as associações microrregionais como parceiras dos municípios em questões como a do destino de resíduos.

"Lixão nunca mais!", enfatizou o deputado Laudelino Augusto (PT), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais e autor do requerimento pelo seminário. Para Laudelino, coordenador dos trabalhos à tarde, é necessária uma postura pró-ativa para fazer algo em relação ao lixo. Uma política adequada para o setor seria, na opinião dele, "boa para a sociedade, a economia, o meio ambiente, e esses heróis - os catadores".

O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, deputado Chico Rafael (PMDB), enfatizou a importância de eventos como esse para a Assembléia. "Através da interiorização dos seus trabalhos, a ALMG busca subsídios para criar legislações mais adequadas para cada segmento", lembrou o parlamentar, que coordenou as atividades pela manhã.

"Maior problema de saneamento atual é o lixo"

Valter Zschaber, da Associação dos Participantes da Previminas vinculados à Copasa (Acoprevi), declarou que "o maior problema de saneamento em Minas hoje é o lixo", por apresentar um potencial de crescimento exponencial. Na avaliação dele, três aspectos merecem destaque nessa questão: a educação ambiental, fundamental para que as pessoas conheçam o potencial de complicação que o lixo representa, a fim de mudar seu padrão de consumo; recursos financeiros, ainda escassos atualmente e que são necessários para viabilizar o tratamento e disposição final do lixo; a participação mais efetiva dos governos estaduais, criando uma estrutura institucional para apoiar os municípios.

Através de transparências, Santelmo Xavier Filho, do Comitê de Meio Ambiente da Associação Comercial de Minas, postulou como uma das soluções a revisão do paradigma de felicidade humana. Isso incluiria a mudança nos padrões de consumo, rumo à sua redução substancial (estaríamos consumindo atualmente 20% a mais do que o necessário); o reaproveitamento e reciclagem de materiais, entre outros. Segundo Santelmo, uma pessoa produz em média um quilo de lixo por dia, sendo a maior parte reciclável. Em contrapartida, apenas 6% das residências no Brasil são atendidas por coletas seletivas; apenas 2% do lixo é coletado seletivamente; e 8,2% dos municípios têm coleta seletiva. Ainda de acordo com ele, o valor gerado pelo desperdício em lixo não reciclado no ano de 1996, da ordem de R$ 4,6 bilhões, poderia ser usado na construção de 460 mil casas populares.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, Aloísio Lopes, também membro do Fórum Estadual Lixo e Cidadania, avaliou que a falta de preocupação com o lixo evidencia a exclusão social no Brasil. De acordo com ele, em 20% dos domicílios o lixo não é coletado. Sobre o Fórum Nacional Lixo & Cidadania, criado em 1998, Lopes informou que ele é formado por 19 instituições. Um ano depois, o fórum criou a campanha "Criança no lixo nunca mais", que resultou no afastamento de 46 mil crianças que trabalhavam com o lixo. Também como resultado da atuação da entidade, a partir de 2000, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) incluiu o trabalho no lixo como uma das piores formas de degradação humana. Em 2001, 1.300 catadores de 17 estados reuniram-se em Brasília, reivindicando, entre outros, o reconhecimento da profissão, o que funcionou como embrião de um movimento organizado dessa categoria.

Grupos de trabalho - Depois das palestras, os participantes se dividiram em três grupos de trabalho, enfocando: Grupo I - Lixo, economia e inclusão social; lixo, educação ambiental e cultura; Grupo II - Política de recursos humanos para a área de limpeza urbana; legislação, recursos financeiros e mecanismos de financiamento; Grupo III - Lixo, saúde e meio ambiente; lixo, tecnologia e destinação.

No grupo I, coordenado por Aloísio Lopes, quase 50 pessoas discutiram cerca de cem propostas, algumas delas sofrendo modificações. No grupo II, coordenado por Valter Zschaber, além das quase 50 propostas debatidas pelos cerca de dez participantes do grupo, foi aprovada uma moção. O objetivo é solicitar a prorrogação dos prazos-limite para a implantação dos aterros, visando sensibilizar as autoridades estaduais para as dificuldades dos municípios. Coordenado por Santelmo Xavier, o grupo III, que contou com mais de 60 participantes, aprovou mais de 120 sugestões.

Ao final do evento, foram escolhidos os seis delegados regionais do Sul de Minas - dois de cada grupo, que são os seguintes: Yula de Lima, de Poços de Caldas; Herculano Costa, Maria Raimunda Rodrigues e Cláudia Ferreira, de Pouso Alegre; José Leoni Bellini, de Alfenas; e Ricardo Tahan, de Inconfidentes. Foram escolhidos também três suplentes: Denival Oliveira e Eduardo Wichan, de Pouso Alegre; e Regina Podix, de São José do Alegre.

Presenças - Participaram do evento os deputados Laudelino Augusto (PT), Chico Rafael (PMDB) e Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

 

 

 

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