Relatório "Rio Doce Limpo" propõe despoluição da bacia

O tratamento de 90% dos esgotos que poluem hoje o Rio Doce custaria R$ 600 milhões, ou seja, o mesmo preço da Usina H...

20/09/2005 - 00:00
 

Relatório "Rio Doce Limpo" propõe despoluição da bacia

O tratamento de 90% dos esgotos que poluem hoje o Rio Doce custaria R$ 600 milhões, ou seja, o mesmo preço da Usina Hidrelétrica de Aimorés, ou 10% do custo do polêmico projeto de transposição do Rio São Francisco, com a vantagem de não ter adversários. E não seria um projeto de grande impacto orçamentário, porque estaria diluído ao longo dos próximos 15 anos, em parcelas de R$ 40 milhões por ano. Seriam beneficiados 3,5 milhões de mineiros e capixabas que vivem em 230 cidades do Vale do Rio Doce, numa região intensamente degradada onde está localizada parte importante do PIB mineiro, representado pela Usiminas, Acesita, CVRD, Belgo Mineira, Cenibra e Aracruz Celulose.

Esses argumentos de grande poder de persuasão foram oferecidos pelo ambientalista Alberto Pêgo, consultor da Cipe Rio Doce, durante o lançamento da publicação "Rio Doce Limpo", na manhã desta terça-feira (20/9/05) no Plenário da Assembléia Legislativa. O relatório foi preparado pela assessoria técnica dessa comissão parlamentar interestadual, com reforço de especialistas de órgãos de controle ambiental e saneamento de Minas e do Espírito Santo, como a Copasa e a Cesam, a Agência Nacional das Águas (Ana), a Funasa, o Iema, a Feam, os Creas de Minas e do spírito Santos, a Cia. Vale do Rio Doce e a consultoria de Meio Ambiente da ALMG.

"A coleta e elaboração dos dados foram feitas diretamente pelos técnicos nas 43 cidades acima de 10 mil habitantes, e o trabalho de priorização na aplicação dos recursos, hierarquia das cidades beneficiadas e os preços de cada etapa foram estabelecidos pelos técnicos e aprovados pelos deputados", disse o deputado Paulo Foletto (PSB-ES), presidente da Cipe Rio Doce.

"O relatório está tão bem feito que a própria Funasa, em Brasília, elogiou a riqueza de dados e a correção dos estudos", acrescentou o deputado Márcio Passos (PL), coordenador estadual. "O trabalho foi elaborado por técnicos da mais alta qualificação, e agora nos cabe pleitear os recursos para realizar o sonho de vê-lo cumprido".

Despoluição é tarefa para toda uma geração

A aceitação dos princípios do programa "Rio Doce Limpo" foi unânime pelos participantes do evento, mas a execução demandará esforço e "aguerrimento" dos representantes políticos por mais quatro legislaturas, lembrou Alberto Pêgo. "A primeira descida ecológica do Rio Doce aconteceu em 1991. Foram precisos 14 anos para chegarmos até aqui. Será um esforço para toda uma geração", alertou, lembrando que a grande maioria dos municípios sequer dispõe dos projetos técnicos das estações de tratamento de esgoto.

A questão da obtenção dos recursos para execução do programa recebeu sugestões de vários deputados e autoridades. Márcio Passos relatou seus esforços em Brasília para a apresentação de emendas individuais, coletivas, setoriais e de bancadas para obter recursos orçamentários. A deputada Elisa Costa (PT) lembrou que existem R$ 40 milhões disponíveis no Orçamento deste ano, que poderiam ser alocados no Fhidro e destinados ao início do tratamento dos esgotos. José Henrique (PMDB) mencionou a mudança na lei do Fhidro, que vai permitir o investimento no saneamento ambiental, e informou que há R$ 60 milhões do Fundo de Privatização da Cia. Vale do Rio Doce que poderiam ser usados.

Rodrigo Cançado, promotor do Ministério Público, pesquisou a Lei 12.503/97, que prevê a aplicação, na bacia fornecedora, de 0,5% do faturamento bruto das concessionárias de água e energia. Já Rodrigo Flecha, superintendente de Apoio a Comitês da ANA, manifestou seu receio de que o programa caia em alguma prateleira e seja esquecido, caso não tenha uma "vitrine", ou seja, projetos-pilotos executados em três pequenos municípios, numa parceria entre a Cipe Rio Doce e a CVRD. "Seria uma parceria público-privada útil para todos, e mostraria ao mundo que a Cia. Vale do Rio Doce tem compromisso com a região onde iniciou suas atividades", propôs.

Presenças - Deputados Paulo Foletto (PSB-ES), presidente; Márcio Passos (PL), coordenador estadual; José Henrique (PMDB), relator; deputada Elisa Costa (PT). Paulo Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Igam; Alberto Pêgo, ambientalista; Rodrigo Flecha, superintendente de apoio a comitês da ANA; Rodrigo Cançado, promotor de Meio Ambiente do Ministério Público; João Alves Filho, gerente regional Leste da Ibama; e Paulo Pardini, representante da Caixa Econômica Federal.

 

 

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