Financiamento público de campanha divide opiniões

Na parte da tarde, o Fórum Técnico "Reforma Política e Eleitoral: como viabilizá-la", realizado na Assembléia Legisla...

16/09/2005 - 00:01
 

Financiamento público de campanha divide opiniões

Na parte da tarde, o Fórum Técnico "Reforma Política e Eleitoral: como viabilizá-la", realizado na Assembléia Legislativa nesta sexta-feira (16/9/05), retomou os trabalhos com o tema "Custo de Financiamento de Campanha: Fontes, Limites, Fiscalização e Controle Social". Fizeram parte da mesa o diretor da Faculdade de Direito da UFMG, Aloísio Gonzaga de Andrade Araújo; o professor da faculdade, José Rubens Costa; e o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. O deputado Célio Moreira (PL) e o desembargador Joaquim Herculano Rodrigues (TRE/MG) coordenaram os trabalhos.

Antes de passar a palavra para os expositores, o deputado Célio Moreira, que é membro da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Assembléia, disse que é a favor de recursos da iniciativa privada para as campanhas eleitorais e que é inadmissível que se destine dinheiro público para o financiamento de campanhas. Já o desembargador Joaquim Herculano Rodrigues afirmou que é necessário refletir e aprofundar as discussões sobre o sistema eleitoral para viabilizar a reforma política.

Para o professor de Direito Processual da Faculdade de Direito da UFMG, José Rubens Costa, o financiamento público exclusivo é incompatível com a sistemática atual do voto em lista aberta - campanha individual - porque exigiria a divisão da dotação orçamentária pelos candidatos. Para ele, os recursos se diluiriam e teriam que ser complementados, comprometendo o sistema. Com o financiamento a partidos - listas fechadas - os programas eleitorais, os comícios e a propaganda seriam empreendimentos partidários, reduzindo os custos e dando maior legitimidade ao processo político.

Para o diretor da Faculdade de Direito da UFMG, Aloísio Gonzaga de Andrade Araújo, o financiamento de campanhas é feito hoje no Brasil através de propinas e superfaturamento de obras e serviços das empresas. Ele defende o financiamento público, o que facilitaria a fiscalização dos pleitos pela Justiça eleitoral. "Através das listas fechadas seriam examinadas as contas dos partidos e não dos mais de 400 mil candidatos que temos hoje, entre deputados federais, estaduais e vereadores", observou.

De acordo com o diretor-executivo da ONG Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo, todos os sistemas eleitorais do mundo utilizam o caixa dois, e não existe nenhum país que receba financiamento público exclusivo. Para ele, a supervalorização do sistema financeiro faz com que os políticos sejam usados como joguetes de interesses econômicos. Ele é a favor do financiamento a partidos políticos, que possuem mecanismos compensatórios para reduzir a influência do poder econômico. "É preciso acabar com uma das grandes mistificações sobre a reforma política: a de que a corrupção é conseqüência dos financiamentos eleitorais", finalizou.

 

 

 

 

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