Especialistas debatem política estadual de credito de carbono

Especialistas apresentaram à Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, nesta quarta-fe...

14/09/2005 - 00:00
 

Especialistas debatem política estadual de credito de carbono

Especialistas apresentaram à Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (14/9/05), sugestões para aprimorar o Projeto de Lei 2.070/05, do deputado Gustavo Valadares (PFL), que trata da Política Estadual de Apoio para Geração de Crédito de Carbono e está em tramitação. Todos elogiaram a agilidade do Legislativo em tratar deste assunto no momento oportuno, uma vez que o Protocolo de Kyoto entrou em vigor em fevereiro deste ano. Entre os convidados estavam o consultor internacional Milton Nogueira, coordenador do curso sobre Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) promovido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Minas Gerais (Crea/MG), e a coordenadora do Grupo de Crédito de Carbono, da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Enil Almeida Brescia.

A reunião foi solicitada pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), autor de um projeto de lei (PL 2.146/05) que trata sobre o mesmo tema e que foi anexado ao PL 2.070/05, por guardarem semelhança.

Enil Brescia falou sobre as dificuldades na aprovação de projetos de crédito de carbono. A primeira delas é que apenas uma instituição, a DNV, alemã, pode apresentar projetos ao governo brasileiro. Esses projetos são submetidos à Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima, criada em 1999 e coordenada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e, posteriormente, à ONU. Além disso, os critérios para análise dos projetos, embora estejam previstos na Resolução nº 1, do Ministério da Ciência e Tecnologia, seguem normas internacionais, que portanto não podem ser alteradas pelo Brasil. Entre esses critérios estão o de que os projetos devem ser voluntários - nenhum pode ser apresentado por força de lei - e o de adicionalidade, ou seja, deve propor alguma medida diferente do que estava sendo feito antes do Protocolo de Kyoto. Ela também destacou as dificuldades no financiamento dos projetos - somente no processo de análise o custo pode chegar a US$ 50 mil.

A necessidade de buscar informações sobre o assunto foi destacada Milton Nogueira. Segundo ele, há fundos específicos para financiamento e preparação de projetos, alguns até com doação parcial dos recursos, no caso de projetos para redução ou captação de gás carbônico em qualquer setor. Ele ressaltou que isso poderia beneficiar, por exemplo, a implantação do metrô de Belo Horizonte. Milton Nogueira afirmou, ainda, que "temos uma Arábia Saudita aos nossos pés", observando como é necessário mudar a cultura e o mercado no Brasil para o aproveitamento do biodiesel.

Lembrou também que o MDL - fórmula de compensação de créditos e débitos de carbono entre dois blocos de países, industrializados e em desenvolvimento - prevê não só o comércio de produtos originados de biomassa, mas também a racionalização do uso de energia e outras medidas que contribuem para diminuir a emissão de gases. Entre essas medidas estão, por exemplo, o estímulo ao transporte coletivo e a racionalização do uso de energia, como na revisão de projetos arquitetônicos.

Protocolo de Kyoto - O Protocolo de Kyoto, que entrou em vigor em 16/2/2005 e do qual o Brasil é signatário, prevê atitudes enérgicas para a contenção das emissões de gases de efeito estufa, cuja concentração na atmosfera terrestre tem provocado alterações climáticas no planeta. O documento estabelece o limite mínimo de 5,2% de redução das emissões desses gases, sobre os níveis de 1990, pelos países desenvolvidos e regras rígidas de acompanhamento e verificação do cumprimento das metas. O protocolo também leva em consideração a dificuldade de os países desenvolvidos cumprirem as metas de emissão e criou, como alternativa a esse problema, o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL). Esse mecanismo é a aquisição, pelos países desenvolvidos, de créditos de carbono gerados em países em desenvolvimento signatários.

Também participaram das discussões alunos do curso de MDL do Crea - Frederico Ludolf, Vassil Russeff Prado, Euler Silva, Ricardo Campolin Morais e Odair dos Santos Jr, além do coordenador da Comissão de Meio Ambiente do Crea, Dennis de Oliveira Ayres; do diretor jurídico da Associação Mineira de Municípios (AMM), Rogério de Souza Moreira; e do coordenador do Núcleo de Compensação Ambiental do Instituto Estadual de Florestas (IEF), Ronaldo César Almeida.

Adiada votação de pareceres

A primeira parte da reunião da Comissão de Meio Ambiente foi dedicada à discussão de pareceres sobre projetos. O deputado Sávio Souza Cruz (PMDB) pediu vista do parecer sobre emendas apresentadas em Plenário, no 1º turno, ao Projeto de Lei (PL) 1.408/04, do deputado Gustavo Valadares (PFL), que dispõe sobre a fabricação e uso de combustível biodegradável para ser usado em veículos de passeio, transporte coletivo, carga e como aditivo em óleo diesel e outros combustíveis. Sávio Souza Cruz criticou o projeto e o que chamou de cultura de aproveitamento de projetos que, segundo ele, seriam inócuos.

Ele também criticou a cultura de anexação de projetos na Assembléia e apresentou requerimento, aprovado, cobrando manifestação da Mesa sobre questão de ordem formulada por ele acerca das razões que levaram à anexação do PL 2.265/05, de sua autoria, ao projeto em discussão. O relator, deputado Doutor Ronaldo (PDT), defendeu seu parecer, pela aprovação do projeto na forma do substitutivo nº 4 e pela rejeição dos substitutivos nº 1, 2 e 3 e das emendas nº 1 a 6 e subemenda nº 1 à emenda nº 1.

Foram retirados de pauta os PLs 1.951/04, que dispõe sobre a estrutura orgânica da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e dá outras providências; e 2.141/05, do deputado Fahim Sawan (PSDB), que autoriza o Poder Executivo a doar imóvel à Companhia Habitacional do Vale do Rio Grande (Cohagra).

Requerimentos aprovados - Foi aprovado requerimento do deputado Laudelino Augusto (PT) para que seja enviado ofício ao secretário de Estado do Meio Ambiente solicitando a imediata regulamentação da Lei 15.399, de 2004, que "determina aos empreendimentos que menciona o encaminhamento, ao poder público, de relatório de avaliação de risco ambiental"; do deputado João Leite (sem partido), para que seja realizada audiência pública para debater a Decisão Normativa nº 72/2004 do Copam, que fixa em 60% o limite máximo para uso do solo em propriedades na região da Mata Seca; e dos deputados Gilberto Abramo e Adalclever Lopes, do PMDB, para que seja feia visita à área que cria a Estação Ecológica do Cercadinho, objeto do PL 2.266/2005.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT) - presidente; Doutor Ronaldo (PDT) - vice-presidente; João Leite (sem partido) e Sávio Souza Cruz (PMDB).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715