Comissão de Saúde debate política para tratar doenças mentais

A Comissão de Saúde da Assembléia reuniu, na manhã desta quarta-feira (14/9/05) especialistas em saúde mental para de...

14/09/2005 - 00:00
 

Comissão de Saúde debate política para tratar doenças mentais

A Comissão de Saúde da Assembléia reuniu, na manhã desta quarta-feira (14/9/05) especialistas em saúde mental para debater a atual política de tratamento da depressão e outras patologias mentais. Na abertura da audiência pública, o deputado Fahim Sawan (PSDB), que a requereu, avaliou que a problemática das doenças mentais tem várias nuances que precisam ser melhor estudadas para que se possa estabelecer políticas públicas adequadas.

O deputado apresentou dados preocupantes da Organização Mundial de Saúde (OMS), que revelam que, no mundo, 10% das pessoas estão incapacitadas devido a distúrbios mentais. Outra informação divulgada foi a de que 20% dos adolescentes sofrem de anorexia, sendo 10 mulheres para cada homem. Além disso, o índice de mortes por distúrbios alimentares chega a 20% para pessoas com idade entre 13 e 26 anos.

Bulimia - Tratando especificamente sobre a realidade brasileira, Fahim divulgou que, num encontro recente sobre distúrbios alimentares, constatou-se que de 416 jovens entrevistados, 4% apresentavam bulimia e 49% têm hábitos alimentares incorretos devido a ansiedade e outros distúrbios. Com todos esses dados desfavoráveis, as políticas públicas não tem sido adequadas e suficientes para combater os problemas, de acordo com o deputado.

Fahin citou o exemplo dos usuários de drogas que, na maioria das vezes, são tratados em hospitais gerais, sem a presença dos profissionais adequados a esse atendimento, o que leva a diagnósticos incorretos. Outro exemplo foi o tratamento da depressão, que, geralmente, só é feito com antidepressivos, sem a terapia concomitante. "Só o tratamento químico para a depressão não é suficiente", disse o parlamentar, lembrando que a tendência suicida dos depressivos só se reduz com o tratamento terapêutico aliado ao químico.

Falta apoio às comunidades terapêuticas

O presidente do Conselho Estadual Anti-drogas, psiquiatra Aloísio Andrade, avalia que, no tratamento das doenças psíquicas, enfrenta-se um dilema: "sabemos o que fazer, mas não sabemos como". Apesar disso, ele acredita que houve grande avanço devido a descobertas de drogas mais adequadas no tratamento dessas patologias. Outra mudança importante situada pelo profissional foi o sucesso da luta antimanicomial, que buscou humanizar o tratamento dos doentes mentais, reduzindo drasticamente o número de internações. Por outro lado, de acordo com Andrade, essa tendência levou a uma dificuldade para internações.

Outra dificuldade para o atendimento a pessoas com sofrimento mental, apontada pelo presidente, foi o fato de que as comunidades terapêuticas não têm qualquer auxílio do poder público. Devido a esse fato, de acordo com Andrade, essas instituições só oferecem atendimento religioso aos pacientes, em geral, dependentes químicos, deixando-os sem acompanhamento psiquiátrico e sem lhes fornecer os medicamentos adequados.

Rodrigo Torres Oliveira, do Conselho Regional de Psicologia, diagnosticou que o tratamento dos doentes psíquicos no Estado é feito seguindo dois modelos: do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), que trata quimicamente os pacientes; e o das comunidades terapêuticas, que fundamentam seu tratamento numa abordagem religiosa. Para o psicólogo, falta um terceiro modelo, de abordagem integral, que atue com psicoterapia e equipe multidisciplinar, formada por médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais e outros profissionais.

Política Estadual - A coordenadora Estadual de Saúde Mental, do CMT, Raquel Martins Pinheiro, rebateu críticas quanto à atuação do governo estadual. Na sua avaliação, a substituição de leitos psiquiátricos por outras formas de tratamento está funcionando, mesmo que não seja na velocidade desejada. Ela acredita que falte empenho maior dos gestores locais. "Os municípios têm que ter orçamento para tratamento psiquiátrico e anti-drogas", defendeu. Ela informou que o Estado conta hoje com 86 Centros de Atenção Psicossocial (Caps), sendo: 37 Caps 1 (para cidades com 20 mil a 70 mil pessoas), 32 Caps 2 (cidades com 70 mil a 200 mil), oito Caps 3 (mais de 200 mil pessoas), e ainda cinco Caps I (para atendimento infantil) e quatro Caps AD (álcool e drogas).

Aprovados pareceres a dois projetos

Também na reunião, foram aprovados pareceres a dois projetos de lei. O PL 1.904/04, do deputado Doutor Viana (PFL), recebeu parecer do relator, deputado Carlos Pimenta (PDT), pela aprovação com a emenda nº 1, da Comissão de Constituição e Justiça. O projeto trata da política estadual de prevenção, diagnóstico e tratamento da hipertemia maligna, incluindo prevenção, diagnóstico, tratamento e orientação aos pacientes e seus familiares. O parecer acatou a emenda nº 1, da CCJ, que suprime o artigo 3º, o qual obriga hospitais e clínicas a manterem em estoque o remédio para o tratamento da doença. O relator entende que já existe legislação que regulamenta o tema.

A política estadual prevê também: garantir que todos os hospitais e postos de saúde, públicos e particulares, as empresas de medicina de grupo e as cooperativas de trabalho médico, possuam medicamentos apropriados para o combate à doença; evitar a ocorrência de mortes em virtude dessa síndrome no Estado; produzir materiais de divulgação para os profissionais de saúde, contendo as principais informações sobre a hipertermia maligna e as formas de se evitarem os seus efeitos mortais nos pacientes; realizar palestras informativas para médicos e paramédicos em hospitais de referência no Estado; e implantar um sistema de coleta de dados sobre os portadores da síndrome.

Prevenção às drogas - Outro projeto que teve parecer favorável aprovado foi o PL 2.442/05, do deputado Fahim Sawan (PSDB) que altera o artigo 1o da Lei 12.615, de 1997, que estabelece a Semana Estadual de Prevenção às Drogas. O relator do parecer, deputado Carlos Pimenta, opinou pela aprovação do PL na forma original, concordando com a proposta do autor, de alterar o período da Semana Estadual de Prevenção às Drogas, da segunda semana do mês de maio para o período de 19 a 26 de junho. Segundo o autor, a Subsecretaria de Estado Antidrogas já adota o calendário oficial do governo federal relativamente a essas datas comemorativas, que institui a Semana Nacional Antidrogas, realizada, anualmente, entre os dias citados do mês de junho.

Foram aprovados também dois PLs em turno único que dispensam a apreciação do Plenário, referentes a declarações de utilidade pública para instituições em Araxá e Divinópolis.

Requerimentos - Foram aprovados dois requerimentos do deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da comissão. O primeiro solicita reunião conjunta com a Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial visando debater: os impactos da Instrução Normativa 51/02, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que dispõe sobre o controle higiênico-sanitário na cadeia produtiva do leite e seus derivados; e o preço do leite pago ao produtor rural em conseqüência da importação do produto. O segundo requerimento pede audiência pública para discutir questões referentes à saúde pública e alimentação, com enfoque na necessidade de promoção de alimentação saudável nas escolas da rede de ensino do Estado, em razão da incidência de doenças infanto-juvenis ligadas a problemas alimentares, tais como obesidade, diabetes, hipertensão etc.

Presenças - Deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente da comissão; Fahim Sawan (PSDB) e Carlos Pimenta (PDT).

 

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