Educação a distância e ensino técnico são defendidos em
evento
Na manhã do segundo e último dia do Fórum Técnico
"A educação superior em Minas Gerais: conjuntura atual e
perspectivas", nesta terça-feira (13/9/05), os participantes
apresentaram propostas para construir uma política de educação
superior no Estado. Entre elas, destacam-se: implantar um modelo de
gestão mais flexível para a Uemg; investir na educação a distância
(EAD), a fim de capacitar professores que atuam no ensino básico,
principalmente nos bolsões de miséria de Minas; e expandir o ensino
técnico, já que a universidade não é necessariamente o caminho para
todo jovem egresso do ensino médio. A plenária final do fórum será
nesta terça, a partir das 14 horas.
O reitor da Universidade Federal de Uberlândia,
Arquimedes Diógenes Ciloni, defendeu que em Minas o ensino superior
seja pensado como um sistema. Isso significa dizer que as
universidades, principalmente as públicas, têm o dever de ajudar o
Estado a recuperar o ensino básico, investindo na capacitação dos
professores leigos que trabalham nesse nível. Segundo o professor,
há 1 milhão de docentes leigos no País. A educação a distância
poderia ser, de acordo com ele, um dos caminhos para capacitar esses
profissionais. A defesa da EAD foi feita também pela vice-presidente
da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática da
Assembléia, deputada Ana Maria Resende (PSDB), que coordenou os
trabalhos. Na opinião da deputada, o anteprojeto de reforma
universitária do governo federal deveria definir quantitativos e não
se restringir a possibilitar a EAD.
Arquimedes Ciloni referiu-se também a um número já
divulgado no primeiro dia do fórum: o de que apenas 9% dos jovens
brasileiros entre 18 e 24 anos (20 milhões de pessoas) estão
matriculados em uma faculdade. O reitor trouxe um dado novo,
referente a Minas. Segundo ele, no Estado o índice é de 7%, inferior
à já sofrível média nacional. O representante de Uberlândia apontou
ainda problemas vivenciados hoje pelas universidades federais que se
reproduzem no âmbito do Estado: franca ampliação da educação
superior, centrada no crescimento do ensino privado, com perda de
qualidade; desconhecimento de demandas reais por cursos
profissionais; financiamento público precário; falta de política de
pessoal adequada; e descumprimento da previsão legal quanto ao
financiamento da educação superior pública.
Uemg - Também apontando
caminhos para a construção de uma política para Minas, o reitor da
Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), José Antônio dos
Reis, defendeu a definição precisa de sua autonomia. "É preciso uma
nova estrutura de gestão e de financiamento, explicitada em lei
específica", afirmou, ressaltando que é necessário estabelecer novas
relações entre Uemg e Estado. O reitor citou relatório da Comissão
Especial da Uemg, que atuou na Assembléia em 2003. O documento final
aponta que a universidade não tem podido exercer sua autonomia, pois
é tratada como qualquer órgão da administração pública. Com a
instituição de um modelo de gestão mais flexível, a universidade
poderia alienar bens patrimoniais, dispensar licitação em casos
específicos e remanejar recursos entre rubricas orçamentárias e
categorias de despesa.
José Antônio dos Reis também acredita que a criação
de um fundo estadual de apoio seria compatível com a autonomia
desejada pela Uemg. O fundo, na opinião dele, abre possibilidade
para uma gestão mais democrática e um controle qualitativo. Ao
concluir sua fala, o reitor lembrou que a Uemg é a que tem o menor
orçamento do Brasil entre as instituições estaduais de ensino
superior. Enfatizou, ainda, que a Uemg não é "do governo ou de
partido político", mas do Estado de Minas.
Secretário adjunto e reitor da Unimontes fazem
balanço de suas gestões
O secretário adjunto de Estado de Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior, Jacques Schwartzman, e o reitor da
Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), Paulo César
Gonçalves de Almeida, limitaram-se a fazer um balanço das atividades
desempenhadas, na manhã desta terça (13). O secretário listou as
ações de governo em prol da Uemg e da Unimontes. Segundo ele, os
recursos orçamentários destinados às duas universidades têm
aumentado nos últimos anos. Além disso, foi implementada uma
política global de valorização dos recursos humanos. Citou como
exemplos a lei que criou os planos de carreira dos profissionais; a
nova tabela de vencimentos; e a autorização para realização de
concurso nas duas instituições.
Schwartzman voltou a falar dos programas
endogovernamentais que possibilitaram o aporte de R$ 1,5 milhão
tanto para a Uemg quanto para a Unimontes, nos últimos três anos,
incluindo 2005. O secretário adjunto também lembrou que o Executivo
tem buscado investir mais, a cada ano, na Fundação de Amparo à
Pesquisa (Fapemig), apesar de ainda não ter atingido o índice
constitucional de 1% da receita líquida do Estado. Atualmente,
segundo ele, o percentual é de 0,5% a 0,6%. Em 2004, foram aplicados
na fundação R$ 38 milhões, contra os R$ 55 milhões previstos para
este ano.
Já o reitor da Unimontes fez uma exposição
detalhada sobre o que chamou de "universidade sertaneja", destacando
sua atuação regional e sua importância para o Norte e o
Jequitinhonha. Segundo ele, mais de 80% dos egressos da universidade
permanecem na região. Hoje, há 13.365 alunos matriculados nos 55
cursos regulares de graduação, sendo 60% deles totalmente bancados
pelo poder público. O reitor também enfatizou a qualificação do
corpo técnico da Unimontes. Dos 1.008 docentes, 301 são mestres, 53
são doutores, 59 são doutorandos e 36, mestrandos.
Outro dado apresentado por Paulo César Gonçalves de
Almeida diz respeito à formação de professores no Jequitinhonha e no
Norte de Minas. Segundo ele, a Unimontes terá formado, de 2002 a
2006, 10 mil professores somente na opção Normal Superior. A maior
parte dos cursos, apontou o reitor, é bancada pelos municípios. "A
Unimontes não vende curso como abacaxi na feira", disse.
Presenças - Além dos
convidados já citados, compuseram a mesa dos trabalhos o
2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), que
abriu o evento pela manhã; a deputada Ana Maria Resende (PSDB); o
pró-reitor de Pesquisa da UFMG, José Aurélio Garcia; o conselheiro
federal da OAB Mário Lúcio Quintão Soares; o 1º-vice-presidente do
Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior,
Robson Mendes Matos; o presidente da Câmara de Educação Superior do
Conselho Estadual de Educação (CEE), Adair Ribeiro, e a conselheira
Maria Auxiliadora Campos Araújo; o presidente do Sindicato das
Escolas Particulares de Minas Gerais, Ulisses Panisset; e a
presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Luana Bonone.
|