Reforma contém idéia de que ensino superior é bem público

O anteprojeto da reforma universitária a ser enviado ao Congresso Nacional e ainda em poder do Ministério da Casa Civ...

12/09/2005 - 00:02
 

Reforma contém idéia de que ensino superior é bem público

O anteprojeto da reforma universitária a ser enviado ao Congresso Nacional e ainda em poder do Ministério da Casa Civil, recebeu elogios unânimes dos expositores do segundo painel do fórum técnico "A educação superior em Minas Gerais: conjuntura atual e perspectivas", realizado nesta segunda-feira (12/9/05), na Assembléia Legislativa. Seis palestrantes falaram sobre o tema "A reforma da educação superior no Brasil" e deram destaque ao que consideraram o principal eixo do anteprojeto: a universalização do ensino público superior. Outros aspectos destacados foram a democratização do acesso à universidade, a regulamentação das instituições privadas, e o controle social que deverá ser feito pela avaliação permanente dessas instituições.

O presidente da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, deputado Paulo Delgado (PT-MG), disse que dos 67 itens que formam o anteprojeto, é importante destacar a gratuidade do ensino público superior como política de Estado, mas enfatizando que o maior desafio não é garantir o acesso de todos ao ensino superior, mas manter lá os que entraram. Ele enfatizou que a reforma está no bom caminho, destacando como principal conquista o controle social, seja através do conselho comunitário, que se criará na reforma, seja pela premissa contida no anteprojeto, de realização de uma conferência nacional sobre ensino superior, a ser realizada periodicamente.

Novas conquistas devem vir com apreciação no Congresso

Outro a destacar a idéia da universalização do ensino superior foi o vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação da PUC-Minas, professor Carlos Roberto Jamil Cury. Ele enfatizou o conjunto de medidas que acompanham a reforma, como a Lei 10.861 de abril de 2004, que instituiu o sistema de avaliação, o Pró-Uni e o projeto de lei das cotas. Segundo Jamil Cury, essas medidas do conjunto normativo têm de dialogar entre si e não entrar em contradição. Ele destacou como pontos-chave do anteprojeto da reforma, além do princípio da universalização, a criação do conselho comunitário, e a eleição direta dos dirigentes universitários. Cury enfatizou ainda que, para alcançar tudo o que está proposto é preciso destinar recursos consistentes para o setor, "para que não fique dependendo da boa vontade do Ministério da Fazenda", finalizou.

Recursos - A autonomia universitária com recursos próprios para as instituições foi defendida também pela reitora da UFMG e representante da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Ana Lúcia Gazzola. Analisando alguns itens do anteprojeto, ela afirmou que é preciso retirar as contradições que existem neles. E citou como uma das contradições a propalada autonomia das instituições que, no caso das universidades federais, não tem como se efetivar, já que sua representatividade jurídica foi transferida administrativamente para a Advocacia Geral da União.

O reitor da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e presidente da Associação dos Reitores das Universidades Estaduais, professor José Antônio dos Reis deu exemplo da posição de Goiás que investiu no sistema estadual de ensino superior, para pedir que o governo mineiro priorize as universidades estaduais. O representante da União Nacional dos Estudantes (UNE), Márcio Cabral, destacou que o anteprojeto é uma proposta do diálogo com a sociedade, elogiando especialmente a regulamentação do ensino superior privado. Já o vice-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, professor Osvaldo Cogiola informou que a entidade preparou um conjunto de projetos de leis e de emendas constitucionais para serem acrescentados à reforma universitária, com ênfase no combate à estrangeirização e privatização do ensino público superior.

A deputada Elisa Costa (PT) pediu que as autoridades considerassem o Vale do Rio Doce nos estudos estratégicos para a implantação de unidades de ensino superior. "O Vale do Rio Doce perde população porque não oferece oportunidades para elas. É tão empobrecida quanto o Norte de Minas e os Vales do Jequitinhonha e do Mucuri", avaliou.

 

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