Policiais da Divisão de Tóxicos negam agressões e
propina
Quatro funcionários da Divisão de Tóxicos e
Entorpecentes de Belo Horizonte negaram, nesta terça-feira
(30/8/05), agressões contra duas mães de detentos e a cobrança de
propina para a liberação de visitas na unidade. Eles participaram de
reunião da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, e
foram obrigados a comparecer por força de convocação. Frente a
frente com as duas mulheres que denunciaram as agressões à comissão,
os quatro homens rebateram todas as denúncias que pesam contra eles.
Os policiais civis Márcio Martins Teixeira,
Henrique Morais Soares e André Luiz de Moraes são acusados de
agressão contra Tereza Cristina Silva Stopa e Maria Efigênia Xavier.
Elas dizem ter sido espancadas no dia 11 de agosto, após denunciarem
à Comissão de Direitos Humanos a cobrança de propina para poderem
visitar seus filhos presos na Tóxicos. "Estávamos voltando para
buscar a bolsa que a Efigênia tinha esquecido na divisão. De repente
chegou uma viatura, os policiais me pegaram pelos cabelos e me
jogaram dentro do camburão", relatou Tereza. Na divisão de Tóxicos,
as duas teriam sido algemadas, achacadas e espancadas. "Fui tratada
como uma criminosa. Até hoje eu sinto dores no corpo", completou
Tereza.
Henrique Morais Soares foi quem justificou a prisão
das duas mulheres. Segundo ele, a voz de prisão foi dada depois que
as duas desacataram os policiais que saíam para cumprir expedientes
diversos no Fórum Lafayette. "As duas senhoras estavam muito
exaltadas e agressivas. O uso de algemas é necessário para preservar
a integridade física delas", justificou Márcio Martins Teixeira, que
negou qualquer tipo de agressão contra Tereza e Efigênia. Contra o
agente penitenciário Rogério Aparecido da Cunha pesam denúncias de
cobrança de propina de R$ 50 para visitas aos presos da Tóxicos. Os
quatro homens disseram desconhecer qualquer esquema desse tipo.
O chefe de Polícia Civil, Otto Teixeira, limitou-se
a dizer que o processo aberto na Corregedoria está aberto ao
acompanhamento por parte do Ministério Público e da Assembléia. O
Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Direitos Humanos
também já abriu expediente para investigar o caso, conforme adiantou
o promotor Antônio Aurélio dos Santos.
Deputado aponta contradições
O presidente da comissão, deputado Durval Ângelo
(PT), apontou a existência de várias contradições nos depoimentos
dos acusados. Os espancamentos, segundo o deputado, podem ser
comprovados no exame de corpo de delito das duas mulheres. Ele
considera o episódio uma retaliação ao trabalho da comissão, e disse
que vai cobrar o andamento das investigações sobre o caso, se
colocando inclusive à disposição para depor como testemunha no
processo aberto na Corregedoria de Polícia. Ele teve aprovado um
requerimento de sua autoria solicitando o encaminhamento de imagens
e notas taquigráficas da reunião para a Chefia de Polícia e para o
Ministério Público.
O deputado Sargento Rodrigues (PDT) lamentou o
episódio, e disse que situações desse tipo não ocorreriam se os
policiais civis não estivessem incumbidos da guarda de presos. Ele
exortou a ALMG e o MP a cobrarem do governo do Estado uma solução
para esse problema.
Hidrelétrica - Já o
deputado Paulo Cesar (PFL) teve aprovado um requerimento de sua
autoria, pedindo a realização de audiência pública em Nova Ponte, no
Triângulo Mineiro. O objetivo é discutir a situação de famílias que
tiveram que ser removidas da cidade que foi alagada pelo
reservatório da hidrelétrica de Nova Ponte. Os moradores da cidade
nova reclamam que estão enfrentando muitos problemas com a
documentação irregular dos imóveis construídos pela Cemig.
Presenças - Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; Paulo Cesar (PFL), Alberto Pinto
Coelho (PP), Sargento Rodrigues (PDT) e Adalclever Lopes (PMDB).
Também estiveram presentes o corregedor-geral da Polícia, Nelson
Henrique Queiroz Garofolo; o delegado da Tóxicos Leonardo Vieira
Dias; e os representantes do Sindipol, Denilson Martins e Antônio
Marques Pereira.
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