Frentes Mineira e Parlamentar Estadual contra as armas são
lançadas
Com a presença de representantes de diversas
entidades e autoridades, a Assembléia de Minas lançou, na tarde
desta quinta-feira (25/8/05), as frentes Mineira e Parlamentar
Estadual por um Brasil sem Armas. A solenidade, realizada no Salão
Nobre da ALMG, contou também com vereadores membros das frentes
municipais de Belo Horizonte e de Betim, já lançadas. A Frente
Mineira é composta por parlamentares dos três níveis, representantes
de entidades de direitos humanos e do movimento social, organizações
não governamentais (ONGs), sindicatos e cidadãos na luta pelo
desarmamento e pela paz no Estado.
O manifesto da Frente Mineira foi lido pelo
deputado Edson Rezende (PT), coordenador da Frente Parlamentar, em
que se defende "a proibição do comércio de armas com uma medida
necessária para diminuir a violência e defender a vida dos
brasileiros". Segundo Edson, as estatísticas revelam que, no Brasil,
morrem mais pessoas que em muitos países em guerra civil, o que
provoca um problema sério do ponto de vista social e da saúde
pública: 80 % do orçamento do setor é gasto com o tratamento de
traumas decorrentes de acidentes com armas de fogo, de trânsito e de
trabalho.
Redução nos homicídios -
Rezende mostrou exemplos de países que adotaram políticas opostas em
relação ao desarmamento e os resultados obtidos. Na Austrália, de
acordo com o deputado, uma lei que proíbe o comércio de armas,
aprovada em 1996, reduziu em 50% os homicídios por arma de fogo. No
extremo oposto, os Estados Unidos, onde o comércio é liberado, o
índice de homicídios desse tipo é o maior do mundo.
O vice-presidente da CUT-MG, Lúcio Guterres,
informou, segundo levantamento da entidade, que o Brasil tem hoje 18
milhões de armas de fogo, a maioria delas sem passar pelo controle
do Estado. De 1979 para cá, foram 550 mil assassinatos por arma de
fogo, o que dá uma média de 2 mil por mês e 66 pessoas mortas por
dia no País.
Entidade religiosa defende a cultura da paz
A pastora Sônia Rosa Faria, do Conselho Nacional de
Igrejas Cristãs (Conic) de Minas Gerais, defendeu a luta pela
chamada cultura da paz, que em suma, significa trocar armas pelo
amor e pelo entendimento. Ela procurou também desmontar o argumento
dos que são contra o desarmamento. "Essas pessoas dizem que com o
Estatuto, estaríamos desarmando os cidadãos de bem, mantendo os
bandidos armados. Mas todo aquele que tem uma arma na mão é um
assassino em potencial", afirmou. Na opinião da religiosa, a arma
das pessoas de bem é o respeito, a atitude de abrir os braços para o
semelhante, "para que todos possam desfrutar do direito de ir e vir
pelas ruas".
Estatuto - O deputado
federal Carlos William (PMDB-MG), da Frente Parlamentar Nacional por
um Brasil sem Armas, representou na reunião, a também deputada
federal Maria Lúcia Cardoso (PMDB-MG). Ele informou que a
parlamentar mineira foi nomeada vice-presidente da frente nacional e
devido a compromissos dessa entidade, não pôde vir ao evento na
Assembléia. Carlos William explicou que o referendo de 23 de outubro
obedece a uma determinação constante em um dos artigos do Estatuto
do Desarmamento, aprovado neste ano pelo Congresso Nacional. Os
brasileiros irão às urnas para responder à pergunta: "o comércio de
armas de fogo deve ser proibido no Brasil?". A proibição da venda de
armas já consta do Estatuto, mas só com o referendo o artigo terá
validade.
Além dos citados na matéria, compuseram a mesa da
solenidade: o reverendo Lino Estêvão Magalhães Leite, da 4ª Região
Eclesiástica e Metodista de Minas Gerais e Espírito Santo; e o
vice-presidente da Frente Municipal de BH Por um Brasil sem Armas,
vereador Vanderlei Miranda. Estiveram também presentes ao evento os
deputados Laudelino Augusto, Rogério Correia, Weliton Prado e
Ricardo Duarte, do PT; Marlos Fernandes (PPS), e as deputadas Maria
Tereza Lara (PT) e Jô Moraes (PCdoB), além de vereadores de Belo
Horizonte, Betim e Pitangui.
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