Professores reclamam de tabela salarial

O que era para ser um debate sobre a tabela salarial dos professores acabou se tornando um grande ato de protesto con...

25/08/2005 - 00:00
 

Professores reclamam de tabela salarial

O que era para ser um debate sobre a tabela salarial dos professores acabou se tornando um grande ato de protesto contra a política salarial do governo do Estado. Foi na manhã desta quinta-feira (25/8/05), durante audiência pública da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa, em que o secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Antônio Augusto Anastasia, foi convidado a explicar as mudanças propostas pelo Executivo nos salários dos servidores da Educação. Segundo estimativas do serviço de segurança da Assembléia, entre mil e 1,2 mil trabalhadores vieram acompanhar de perto a discussão, que teve que ser transferida para o Plenário. A reunião também contou com as presenças de 31 deputados.

Portando faixas e gritando palavras de ordem, a multidão que lotou as galerias e o próprio Plenário cobrou mudanças nos projetos de tabelas. As lideranças sindicais que tiveram direito à fala fizeram duras críticas à proposta do Executivo. Os trabalhadores reclamam do uso da avaliação de desempenho como instrumento de punição, do piso salarial inferior ao salário mínimo e do risco de redução de salários com a adesão para a nova carreira. Eles reivindicam a garantia de reajustes anuais, piso maior e a garantia de ganhos salariais reais com a criação da Vantagem Temporária Incorporável (VTI). "Não há perspectiva de melhoria do serviço público sem melhores condições de trabalho para o servidor", resumiu o diretor estadual do Sind-UTE, Antônio Carlos Hilário.

Representantes dos servidores da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg) e da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) também reclamaram da tabela proposta para a categoria. Os trabalhadores da Unimontes, em greve há uma semana, cobram a garantia do piso de R$ 1.300,00 e dos sete níveis na carreira inicialmente prometidos pelo governo, segundo a presidente da Associação de Servidores e Docentes da universidade, Maria Márcia Bicalho Noronha. Os professores do Colégio Tiradentes reclamam que estão há 12 anos sem aumento e não foram contemplados pelos reajustes concedidos à Polícia Militar nem pelos que foram prometidos para os colegas lotados na Secretaria de Estado da Educação.

Estado não tem como arcar com aumento

Anastasia ponderou que o atual governo assumiu com uma defasagem salarial do funcionalismo que já se arrastava por vários anos. Após um rígido planejamento para atingir o equilíbrio fiscal, conforme o secretário, o Estado teve condições de pôr fim ao atraso no pagamento da folha, quitar as verbas retidas do magistério e aprovar os planos de carreira. Segundo ele, o Executivo pretende recompor os salários do funcionalismo, mas dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e somente com os recursos disponíveis.

O impacto no orçamento estadual com os reajustes prometidos para os servidores está estimado em R$ 245 milhões em 2005, R$ 525 milhões em 2006 e outros R$ 610 milhões em 2007. Caso o governo concordasse com a incorporação total das gratificações salariais, como reivindicam os servidores, o impacto nos cofres públicos seria de R$ 2,3 bilhões, quantia que o Estado não teria condições de arcar, de acordo com o secretário. Anastasia disse que anotou todas as reivindicações dos servidores, que serão analisadas no processo de negociação para aprovação das tabelas.

Oposição vai propor alterações nas tabelas

Os deputados da oposição reclamaram da falta de sensibilidade do governo e defenderam melhores condições de trabalho e remuneração justa para os servidores da Educação. Os deputados petistas Rogério Correia, Ricardo Duarte e André Quintão anunciaram que vão apresentar emendas para atender às reivindicações do funcionalismo. Entre as mudanças que serão propostas, estão o pagamento retroativo do abono de R$ 45 para todos os profissionais da Educação (e não apenas para os professores), novas regras de progressão na carreira, correção anual dos vencimentos e fim de restrições para cargos de direção para quem não aderir à nova carreira, como exemplificou o deputado Ricardo Duarte.

O deputado Rogério Correia classificou como tímida a proposta de reajuste apresentada e reclamou da má vontade do governador Aécio Neves para negociações. "O Estado se gaba do déficit zero, mas a publicidade oficial em 2004 foi 600% superior ao que estava inicialmente programado", acusou. Para a deputada Jô Moraes (PCdoB), a proposta de reajuste é ilógica, e a indignação do funcionalismo corresponde à distância entre a propaganda governamental e a realidade de baixos salários. "O governo criou uma expectativa de alteração, mas o que houve foi apenas uma mudança no piso salarial", disse.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT) disse que o déficit zero só foi alcançado graças ao sacrifício de todas as categorias do funcionalismo. A deputada Maria Tereza Lara (PT) voltou a defender a antecipação para abril do reajuste prometido para julho do ano que vem. E os deputados Weliton Prado e Edson Rezende, ambos petistas, relataram a sensação de abandono e desespero de muitos professores no interior do Estado.

Para base aliada, governo cumpre compromisso

Respondendo às críticas da oposição, o líder do Governo, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), disse que o Executivo é sensível aos problemas dos servidores e já houve avanços significativos na gestão Aécio Neves. Segundo ele, o maior legado deste governo será a aprovação da lei que vai fixar a política remuneratória do funcionalismo, garantindo reajustes anuais de acordo com a variação na arrecadação do ICMS.

Também saiu em defesa do governo o deputado Gustavo Valadares (PFL), que lembrou a quitação das verbas retidas e o pagamento dos salários no quinto dia útil de cada mês. O deputado Dinis Pinheiro (PSDB) afirmou que Aécio Neves administra com austeridade, e o deputado Leonardo Moreira (PL) ponderou que o governo só assume os compromissos que tem condição de cumprir. Já o deputado Zé Maia (PSDB) fez um apelo à bancada federal do PT por mudanças na LRF, para permitir maiores gastos com pessoal por parte dos estados.

Teve posição neutra o deputado Sebastião Helvécio (PDT). Preocupado com a valorização dos professores, ele assegurou que não vai permitir prejuízos para a categoria. O deputado Domingos Sávio (PSDB) cobrou o envio das demais tabelas salariais e defendeu a revisão anual dos vencimentos dos servidores. Já o deputado Doutor Viana (PFL) lembrou que a proposta de tabela encaminhada pelo governo divide os professores e disse que entende o descontentamento da categoria, frustrada com a expectativa de um aumento maior nos salários.

Aprovado parecer de projeto do TJMG

A comissão aprovou ainda parecer favorável ao Projeto de Lei (PL) 2.254/05, do Tribunal de Justiça, que cria 57 cargos no Judiciário estadual. O relator, deputado Fahim Sawan (PSDB), opinou pela aprovação do projeto em 2o turno sem novas alterações (na forma do vencido em 1o turno).

Também foi aprovado requerimento dos deputados Sargento Rodrigues (PDT) e Paulo Piau (PP), solicitando a presença do presidente da Associação dos Servidores do Colégio Tiradentes, Ricardo Paulino Coelho, em nova reunião que vai discutir a tabela salarial da Educação com a presença do secretário Anastasia.

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente; Gustavo Valadares (PFL), vice; Antônio Júlio (PMDB), Dinis Pinheiro (PSDB), Ricardo Duarte (PT), Sebastião Costa (PPS), Miguel Martini (sem partido), Sebastião Helvécio (PDT), Carlos Pimenta (PDT), Adelmo Carneiro Leão (PT), Rogério Correia (PT), Doutor Viana (PFL), Edson Rezende (PT), Márcio Kangussu (PPS), Maria Tereza Lara (PT), José Henrique (PMDB), Gil Pereira (PP), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Alberto Pinto Coelho (PP), Ana Maria Resende (PSDB), Domingos Sávio (PSDB), Padre João (PT), Laudelino Augusto (PT), Leonardo Moreira (PL), Jô Moraes (PCdoB), Paulo Cesar (PFL), Weliton Prado (PT), Zé Maia (PSDB), André Quintão (PT), Marlos Fernandes (PPS) e Gustavo Corrêa (PFL).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715