Assembléia de Minas foi pioneira na interiorização

O último painel do ciclo de debates teve como tema "A interiorização das ações legislativas". Cláudia Sampaio, direto...

22/08/2005 - 00:00
 

Assembléia de Minas foi pioneira na interiorização

O último painel do ciclo de debates teve como tema "A interiorização das ações legislativas". Cláudia Sampaio, diretora legislativa da Assembléia, disse que surgiu em 1985 a inquietação com a restrição da atividade parlamentar à Capital, resultando na idéia de ouvir as demandas da sociedade de forma regionalizada. "As audiências públicas regionais, previstas na Constituição, foram concebidas para subsidiar o processo legislativo e trazer contribuições ao planejamento do Governo, como a elaboração do PPAG", disse a diretora.

As audiências públicas regionais foram uma iniciativa pioneira no país, realizadas a partir de 1993 nas sedes das macrorregiões do Estado, com aperfeiçoamentos em seu formato e na participação do Executivo e do Judiciário nos anos seguintes. "No entanto, o Executivo não se comprometia com a realização das obras decididas nas audiências, ao ponto de levar a Assembléia à tentativa de obrigá-lo, mediante emendas à Constituição. Só recentemente, nas audiências do PPAG, foram incluídas emendas populares no valor de R$ 4,5 milhões", esclareceu Cláudia Sampaio.

O caminho aberto por essas iniciativas deu consistência à interiorização dos seminários legislativos, que têm o objetivo de colher subsídios para a elaboração de leis gerais de políticas públicas e traçar macrodiretrizes para o desenvolvimento econômico e social do Estado. Sampaio citou vários seminários que tiveram êxito nessa busca, como os dois "Águas de Minas", que contribuíram para a construção dos modelos de gestão das águas. Ela elogiou também a agilidade com que as comissões realizam audiências públicas no interior. "É difícil para eles se deslocarem até a capital. Nós é que temos que ir lá. O Legislativo se fortalece com essa troca entre a sociedade e seus representantes", afirmou.

CREA-MG também busca interiorização

O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-MG), Marcos Túlio de Melo, traçou vários paralelos entre as ações de interiorização da Assembléia e as do Conselho, e inúmeras parcerias bem-sucedidas com o Legislativo Mineiro, a começar pela fundação da Escola de Engenharia da UFMG em 1911, pela criação da Cemig e pela formatação do processo siderúrgico mineiro, até chegar a ano de 2005, em que o Conselho disseminou e debateu os princípios dos planos diretores em todos os encontros regionais dos "Desafios da Agenda Municipal".

"Nós sempre atendemos aos chamados da Assembléia para discutir política urbana, política rural, questões relativas ao meio ambiente, ao eucalipto, ao manejo do cerrado, à revitalização e à transposição do rio São Francisco, ao saneamento ambiental e ao lago de Furnas, entre outros", listou Melo. "Também buscamos a interiorização através das nossas 60 inspetorias regionais, para evitar que se espalhe pelo interior o caos urbano que se instalou nos grandes centros", informou.

Marcos Túlio de Melo citou o seminário "Saneamento é Básico" como fonte de inspiração para um projeto nacional de política pública, e o "Águas de Minas" para demonstrar que sequer se pode pensar em transposição do São Francisco sem ações prévias de revitalização. Concordando com Fátima Anastasia ao dizer que a atual crise é política, e não institucional, propôs a discussão estratégica de processos de desenvolvimento para o país, para os Estados e os municípios, em que se incentive a adoção de tecnologias tropicais próprias para sustentar o desenvolvimento, como o álcool e o biodiesel.

Seminários legislativos capacitam o cidadão

O coordenador do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas, Mauro da Costa Val, questionou a ineficácia de tantas leis, e criticou a lei das águas como "frustrante", e "um texto primoroso, porém sem aplicabilidade". "Nosso papel é garantir água para as gerações futuras, através de um sistema que ainda está em construção", disse ele. Os princípios para essa construção seriam o da descentralização e o da participação, em que as comunidades participem junto ao poder público e os usuários. Costa Val destacou como pontos positivos da ação da Assembléia os seminários legislativos que promovem a capacitação dos cidadãos e criam links com os setores organizados da sociedade civil.

Na fase de debates, o deputado Laudelino Augusto (PT) manifestou sua alegria em participar de um evento como esse, e testemunhou que, durante sua militância política no interior, antes de tornar-se deputado, participou de vários eventos da Assembléia. "Recentemente tivemos 300 pessoas da comunidade discutindo conosco e com as empresas sobre a proteção de nascentes. Na próxima segunda estaremos em Caxambu para uma audiência pública de defesa das fontes hidrominerais. Tudo isso mostra que a participação da comunidade na política é fundamental. Muitos dos eleitos tem a concepção de que substituem o povo, mas o povo em insubstituível", disse o deputado.

A professora Fátima Anastasia respondeu a várias perguntas da platéia, reafirmando que as instituições vão bem, e que a crise é apenas política. Sugeriu mudanças pequenas e pontuais para a reforma política, entre elas o voto nominal, a proibição de coligações, o sistema de listas fechadas ou flexíveis, o controle permanente das finanças partidárias, a adoção de mecanismos seletivos para desencorajar a troca de partidos, e a não-aceitação de renúncia de mandatos para evitar investigações.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que coordenou os debates na parte da tarde, encerrou o evento fazendo um balanço dos resultados e elogios aos homens e mulheres de alto nível que fizeram a história do Parlamento mineiro. Anunciando a publicação dos anais do ciclo de debates no jornal "Minas Gerais" de 27 de agosto, e reprises da gravação pela TV Assembléia nos dias 27 e 28 próximos, às 8 horas da manhã.

 

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