Eventos institucionais aumentam participação popular na Assembléia

Na parte da tarde do ciclo de debates "Poder Legislativo Mineiro e Sociedade - 170 Anos", nesta segunda-feira (22/8/0...

22/08/2005 - 00:00
 

Eventos institucionais aumentam participação popular na Assembléia

Na parte da tarde do ciclo de debates "Poder Legislativo Mineiro e Sociedade - 170 Anos", nesta segunda-feira (22/8/05), no Plenário da Assembléia de Minas, o primeiro tema debatido foi a representação e participação da sociedade no processo legislativo. A realização constante de eventos institucionais, como seminários legislativos, fóruns técnicos e audiências públicas, além de mecanismos como a Comissão de Participação Popular, o Centro de Atendimento ao Cidadão (CAC), a Escola do Legislativo e a Gerência-Geral de Projetos Institucionais (GPI), foram destacadas pela professora de Ciências Sociais da PUC Minas, Cristina Villani.

De acordo com a primeira palestrante da tarde, outro fato inédito que marcou a possibilidade de participação ativa do cidadão foi a integração da sociedade no processo de revisão da Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), que aconteceu pela primeira vez em 2003. "A Assembléia Legislativa tem desenvolvido mecanismos para garantir a participação institucional do cidadão no processo legislativo, o que torna esse processo mais deliberativo", analisou também a segunda palestrante, Fátima Anastasia, a doutora em Ciência Política e professora da UFMG

Passando da análise local para a nacional, Fátima Anastasia retomou o tema da atual crise política do País, que havia sido debatido pela manhã, e afirmou que o momento não é de questionamento das instituições políticas brasileiras, mas sim da própria política brasileira. Segundo ela, as instituições apresentam pontos a serem aperfeiçoados mas, até o momento, têm processado bem as questões trazidas pela crise. "É totalmente extemporânea a proposta de se fazer qualquer mudança constitucional sobre nossas instituições, que preenchem muito bem os requisitos de uma poliarquia", opinou, explicando que poliarquia é a produção empírica da democracia.

Ainda de acordo com Fátima Anastasia, um dos fatores que dificulta uma participação mais efetiva da sociedade no controle político, o que garante a estabilidade da democracia, é a desigualdade social, e não apenas a complexidade e a heterogeneidade da sociedade brasileira. "O direito à participação é garantido, mas não usamos esse direito de forma muito enfática", explicou, dizendo que as razões para isso são as dificuldades de se organizar os recursos necessários e suficientes para os cidadãos controlarem publicamente os atos e as omissões de seus representantes.

Já a doutora e professora de História do Uni-BH Heloísa Greco lembrou que o País sempre passou por uma crise sistêmica e conjuntural, que encontra o seu epicentro nos parlamentos. Ela criticou a formação da cidadania no Brasil, que teria sido forjada como um privilégio de classe e assim estaria se mantendo, ainda hoje, e defendeu a ampliação dos mecanismos de controle. Heloísa Greco fez também uma análise positiva da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, como responsável por um importante salto qualitativo e quantitativo no processo de participação popular.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715