Debate sobre projeto da segurança alimentar é encerrado em JF

As audiências públicas da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa para debater o...

19/08/2005 - 00:00
 

Debate sobre projeto da segurança alimentar é encerrado em JF

As audiências públicas da Comissão de Política Agropecuária e Agroindustrial da Assembléia Legislativa para debater o Projeto de Lei 2.020/05, que trata da Política Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável, foram encerradas nesta sexta-feira (19/8/05), em Juiz de Fora. Outros debates no interior, com o objetivo de colher sugestões para o projeto do governador, foram realizados em Pouso Alegre, Paracatu e Diamantina. As reuniões foram solicitadas pelo deputado Padre João (PT), presidente da comissão, que afirmou que o projeto traz uma proposta de lei orgânica para a segurança alimentar em Minas Gerais. "De acordo com informações de D. Mauro Morelli, não há, no mundo, outra lei como essa. Seremos o primeiro Estado a ter uma legislação que garante, oficialmente, a aplicação de recursos financeiros e humanos para a segurança alimentar", comemorou Padre João.

Para o deputado Biel Rocha (PT), o debate com a sociedade é a grande novidade do projeto. "Com o envolvimento e a contribuição da sociedade civil, teremos uma lei já legitimada que, depois, será implementada efetivamente", afirmou. A importância da participação popular na tramitação do projeto também foi destacada por Clério Koryo, da Coordenação do Conselho Regional de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CRSANS da Zona da Mata III). "A lei orgânica precisa ser construída coletivamente. Segurança alimentar é um direito adquirido com luta. É uma conquista e não pode ser vista como benevolência", destacou. Opinião semelhante tem a representante da Associação Municipal de Apoio Comunitário (Amac) de Juiz de Fora, Márcia Barroso de Carvalho Nocera. Para ela, enquanto a segurança alimentar não for tratada como política pública, ela soará como caridade, e não como direito.

Segurança alimentar é luta antiga

A conselheira estadual do Conselho de Segurança Alimentar (Consea-MG), Andréa David, apresentou um histórico da luta pela garantia do direito de todos os cidadãos à alimentação de qualidade, em quantidade suficiente e regularmente. Ela lembrou que, desde Josué de Castro, a fome deixou de ser tratada como um fenômeno natural para ser vista como um fato social. O intelectual brasileiro foi o primeiro a traçar o mapa da fome no Brasil e no mundo. O Consea foi criado em 1993 pelo então presidente Itamar Franco; desativado por Fernando Henrique Cardoso que, em seu governo, o substituiu pelas comunidades solidárias; e retomado no governo Lula.

Segundo Andréa David, em Minas Gerais, o Consea havia sido criado por decreto, em 1999 e, em 2003, passou a ser regido por lei delegada. O conselho é formado por 2/3 de representantes da sociedade civil e 1/3 do poder público. Existem hoje, no Estado, 21 conselhos regionais funcionando. Segundo Andréa, dois princípios básicos norteiam a filosofia do Consea - o direito à alimentação e a soberania das nações sobre as políticas de segurança alimentar. Para o advogado Tadeu David, que representou a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na reunião, o principal ponto do PL 2.028 seria o artigo 2º, que reconhece a segurança alimentar como a garantia de um direito humano fundamental. "Roubar para comer não deveria ser crime, porque sem comer a pessoa não vive", ponderou.

O deputado Padre João destacou a importância do caráter sustentável da segurança alimentar, explicando que as políticas públicas que estão sendo criadas devem ter ampla validade. Segundo ele, precisam ser considerados os aspectos social, econômico e ambiental. "Por essas razões também, o projeto prevê a garantia de recursos orçamentários para a segurança alimentar", enfatizou. O deputado comentou ainda a importância dos conselhos serem organizados nos municípios. Em Juiz de Fora, o projeto para criação do Consea municipal está em fase final de tramitação na Câmara.

Debates - Na fase de debates, as pessoas que acompanhavam a reunião tiraram suas dúvidas sobre a capacitação de pessoas para a segurança alimentar, a participação da sociedade civil nesse processo, sobre a produção de alimentos. E ainda, representantes do Fórum da População de Rua pediram a construção de um restaurante popular em Juiz de Fora e do banco de alimentos. A esses questionamentos, Márcia Nocera, da Amac, respondeu dizendo que os projetos estão sendo estudados pela Prefeitura.

Presenças - Deputados Padre João, presidente; e Biel Rocha, ambos do PT.

 

 

 

 

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