Encontro Regional analisa anteprojeto da reforma universitária

No primeiro encontro regional que discute propostas para o Fórum Técnico "A Educação Superior em Minas Gerais - conju...

18/08/2005 - 00:00
 

Encontro Regional analisa anteprojeto da reforma universitária

No primeiro encontro regional que discute propostas para o Fórum Técnico "A Educação Superior em Minas Gerais - conjuntura atual e perspectivas", realizado nesta quinta-feira (18/8/05) em Ituiutaba, os participantes pediram, principalmente, a democratização do acesso ao ensino superior público e gratuito. O fórum vai ser realizado pela Assembléia Legislativa de 12 a 14 de setembro.

Voz do Legislativo - Quatro deputados participaram dos debates que se seguiram às palestras realizadas pela manhã, no Líder Hotel. À tarde reuniram-se três grupos de trabalho, que debateram "A reforma e as instituições federais, estaduais e privadas de educação superior", cada uma das instâncias discutida em um grupo. As conclusões vão subsidiar as discussões do fórum em Belo Horizonte. O evento foi pedido pelo deputado Ricardo Duarte (PT), que na abertura lembrou as condições precárias do ensino superior no País, com o aumento indiscriminado do ensino privado, em detrimento do público.

Ricardo Duarte disse que a proliferação indiscriminada de cursos no ensino superior agrava a qualidade da educação. O deputado destacou a situação degradante do Brasil, que tem uma das piores ofertas de vagas públicas universitárias, na América Latina. "Só 9% dos jovens têm acesso à universidade, enquanto este número é de 40% na Argentina e de 50% no Canadá e Estados Unidos", afirmou. Ele disse que o fórum é um coroamento do esforço que vários setores vêm fazendo para o aumento das vagas, bem como o ambiente para a apresentação de sugestões de alteração da legislação sobre o assunto.

Os deputados Fahim Sawan e Zé Maia, do PSDB, destacaram a importância do evento, já que a educação é a melhor forma de inserção social e de combate a problemas como o uso de drogas pela juventude. Maia sugeriu que a universalização das vagas no ensino superior, bandeira defendida por todos, em Minas Gerais, seja feita de forma gradual, para que possa ser atendida pelo governo estadual, dentro da realidade econômica do Estado. O deputado Paulo Piau (PT) destacou a falta de prioridade para a educação de todos os governos. "A educação nunca foi um política de estado neste País", enfatizou.

Proposta do Ministério da Educação recebe elogios

Nas análises sobre a proposta do MEC para a reforma universitária, os palestrantes foram unânimes em elogiar os termos até agora discutidos com a sociedade civil e a comunidade universitária.

Para o pró-reitor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), professor Gabriel Humberto Palafox, a reforma contempla uma concepção acertada de que a sociedade deve ser a principal referência da universidade. Ele destacou que o anteprojeto do Mec reflete em grande parte o pensamento das universidades, conforme discussões desenvolvidas na Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).

Gabriel Palafox enumerou os cinco eixos do anteprojeto: desmercantilização da educação; reforma universitária construída em discussões democráticas; busca da qualidade do ensino e da permanência dos estudantes na universidade; fiscalização do ensino privado; e consolidação da gratuidade do ensino, com mais aportes de recursos. Dentro dessa filosofia, garantiu o pró-reitor, o projeto do Mec contempla critérios de funcionamento das instituições, sua fiscalização, formas de credenciamento, eleição direta dos reitores e mandato de cinco anos, desvinculação do orçamento para custeio e investimento, gratuidade de inscrição para o vestibular para os alunos carentes. O maior elogio de Gabriel Palafox foi para o tempo amplo de discussão entre os segmentos educacionais. E a maior crítica foi quanto à baixa participação dos estudantes e da comunidade universitária nas discussões.

Para a presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE), Luana Bononne, o projeto do MEC é uma tentativa de resgatar uma política de ensino universitário público. Ela destacou como pontos positivos da proposta: financiamento de 75% para a universidade pública, dos 18% previstos no Orçamento da União para a educação; a consolidação da autonomia universitária, com a permanência, na instituição, dos recursos não utilizados do orçamento anual; regulamentação do ensino privado; a criação do Conselho de Desenvolvimento nas universidades para estabelecer o diálogo entre universidade e sociedade civil; definição dos critérios pelo MEC para classificação de faculdade, centro universitário e universidade; democracia universitária, com eleição direta de reitores, reserva de vagas para alunos oriundos do ensino público e destinação de vagas para o cursos noturnos.

Encarregado de falar sobre o tema "Construção de uma Política de Educação para Minas Gerais: Desafios e Perspectivas", o professor da Fundação de Ensino Superior de Ituiutaba (Feit/Uemg), Manoel Tibúrcio Nogueira, afirmou que a proposta para Minas baseava-se nos 35 anos de experiência e excelência da Feit. Para ele, o ensino universitário não tem que ser necessariamente gratuito, o que não está previsto na Constituição Federal nem Estadual, mas subsidiado. "Podemos usar um sistema compensatório, como nos Estados Unidos, onde se cobra muito dos que podem pagar, para subsidiar os que não podem pagar".

Os cerca de 80 participantes do encontro fizeram perguntas sobre o anteprojeto e a situação do ensino público no País. O encontro de Ituiutaba destinou-se a colher sugestões para o fórum que se realizará de 12 a 14 de setembro na Assembléia. No próximo dia 23, haverá novo encontro em Montes Claros, com o mesmo objetivo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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