Comissão constata superlotação na Delegacia de Tóxicos

Duzentos e seis presos se espremem em sete celas, com capacidade para apenas 28. Devido à superlotação, revezam-se pa...

10/08/2005 - 00:02
 

Comissão constata superlotação na Delegacia de Tóxicos

Duzentos e seis presos se espremem em sete celas, com capacidade para apenas 28. Devido à superlotação, revezam-se para dormir e, quando o fazem, é no chão frio. Frio também é o banho que tomam de um cano, pois não há chuveiro, e mesmo assim não têm direito a um banho de sol. O cheiro desagradável de creolina impregna o ar e atrai ratos. Apesar de enfrentarem essas condições, os detentos não contam com nenhuma assistência médica ou odontológica. Esse foi o quadro com que o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, deputado Durval Ângelo (PT), se deparou na visita que fez à Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes (DTE), na manhã desta quarta-feira (10/8/05).

O parlamentar, acompanhado de assessores da ALMG, foi recebido pelos delegados adjuntos da unidade, Cláudio Paiva Lopes e Leonardo Vieira Dias. O delegado titular, Márcio Siqueira, encontra-se licenciado. Os dois informaram que, do total de 206 encarcerados, 131 foram presos em flagrante e 76 já estão condenados e, portanto, deveriam ser transferidos para penitenciárias. Para tomar conta dos detentos, a DTE conta com apenas 30 policiais civis e dois agentes penitenciários. Como todo o tempo dos servidores é tomado por essa atividade, vários deles queixaram-se de não poder atuar na investigação de crimes, para o que são pagos.

Visita - A comissão ouviu também mães e outros parentes de encarcerados que estavam no local para a visita quinzenal. Muitas reclamaram que os alimentos e materiais de higiene e limpeza que haviam trazido para seus familiares presos não seriam entregues a eles. A atitude da direção da delegacia seria uma punição aos detentos que, no último domingo (7), tentaram fugir. Outra represália adotada seria o lançamento de bombas de gás lacrimogêneo dentro das celas, de acordo com as visitantes. A ausência de um banheiro e bebedouro, além da sujeira no local, foram criticadas por elas, que geralmente acabam fazendo a limpeza.

Entrevista - Diante do grave problema na Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes, o deputado Durval Ângelo declarou, em entrevista à imprensa, após a visita, que vai pressionar o governo do Estado pela desativação da unidade, ou, no mínimo, a transferência dos condenados. Ele disse também que vai lutar pela humanização das visitas aos presos. "A situação é caótica e mostra o fracasso da política carcerária do Estado", acrescentou. O parlamentar considera que, devido a essa política, "em última análise, quem fica encarcerada é a própria sociedade". Isso porque policiais que deveriam atuar na investigação de crimes, na inteligência policial, ficam voltados para a guarda de presos. "A polícia judiciária passa a ser polícia carcerária", lamentou o presidente da Comissão de Direitos Humanos.

 

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