Fhidro recebe aperfeiçoamentos em audiência pública

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fh...

09/08/2005 - 00:00
 

Fhidro recebe aperfeiçoamentos em audiência pública

O Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), está sofrendo modificações propostas pelo Governo do Estado por meio do Projeto de Lei 2.264/05, do governador. O projeto foi enviado à Assembléia em abril passado e seu relator na Comissão do Meio Ambiente é o deputado Laudelino Augusto (PT), presidente da Comissão, que pediu a contribuição de representantes dos diversos setores envolvidos, para o aperfeiçoamento do projeto.

A audiência pública aconteceu nesta terça-feira (9/8/05). O deputado abriu a reunião revelando que o projeto inicial de criação do Fhidro, e que já virou lei, é do deputado Paulo Piau (PP), e que, por falta de regulamentação, os recursos previstos na chamada fonte 31, sem utilização no final do exercício, retornam ao caixa único do Estado.

Mauro da Costa Val, do Cibapar e do Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, calculou que foram devolvidos R$ 177 milhões desde 2000. "Nada foi aplicado, por falta de vontade política, porque várias das funções referentes à proteção do meio ambiente poderiam ser executadas por nós, da sociedade civil", disse o engenheiro sanitarista. Segundo ele, neste ano o Fhidro tem R$ 40,8 milhões, sendo que R$ 13 milhões serão destinados a projetos dos dez comitês de bacia hidrográfica do rio São Francisco e à construção da estação de tratamento de esgotos do Onça, em Belo Horizonte. Costa Val quer que parte dos recursos do Fhidro seja direcionada para consolidar os comitês de bacia hidrográfica.

Uma das modificações previstas no PL 2.264 é a permissão para que órgãos públicos e autarquias do Estado possam utilizar os recursos do Fhidro. Segundo Ivone Almeida Cruz, do BDMG, a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe empréstimos para prefeituras e outros entes federativos. Só permite para empresas e pessoas físicas, como fazendeiros que desejam controlar a poluição. "Para que o BDMG possa atuar com qualquer fundo, é preciso que seja regulamentado", disse Ivone.

Patrícia Gambogi Bozon, do Conselho Nacional de Recursos Hídricos, criticou a escassa participação da sociedade civil no grupo gestor do Fundo, de apenas duas pessoas, e disse que é preciso blindar o Fhidro para que não tenha o mesmo destino da CPMF. "A contribuição das hidrelétricas, de 0,75% do seu faturamento bruto, é paga religiosamente, gerando um volume de R$ 100 milhões por ano. "No entanto, 80% são contingenciados e apenas 20% chegam à Agência Nacional das Águas (ANA). Assim, não é possível resolver o descalabro da qualidade das águas", desabafou ela.

Para Aluizio Fantini Valério, gerente do programa de revitalização do São Francisco em Minas, o Estado está muito atrasado no manejo das bacias hidrográficas, enquanto São Paulo vem investindo milhões. "As linhas principais de financiamento do Fhidro devem ser para saneamento ambiental, educação ambiental e manejo de bacias. É ignorância fazer apenas saneamento urbano e ajeitar a calha do rio. É preciso interiorizar o olhar, e tornar parceiros os produtores rurais", propôs. Ênio Rezende Souza, da Emater, receia que várias bacias mineiras se tornem deficitárias ou intermitentes, em termos de cobrança de uso da água.

Dois deputados presentes à reunião também apresentaram contribuições ao relator. João Leite (sem partido) disse que a burocracia não pode ser muito pesada para a distribuição dos recursos. Sávio Souza Cruz (PMDB) propôs uma cláusula de prazo de regulamentação, que os ambientalistas pediram que seja de 90 dias. Propôs também que a composição do conselho gestor seja permeada pela militância e pela voz não oficial, e que a concessão de recursos tenha ampla publicidade, para que seja fiscalizada pela população.

O deputado Laudelino Augusto também sugeriu que os trabalhos de educação ambiental sejam apoiados por maquetes. "Vi uma maquete muito bem feita no seminário Águas de Minas, e todas as pessoas simples que a viram puderam entender perfeitamente o ciclo das águas e a importância das matas de topo, matas ciliares e proteção das vertentes", afirmou.

Presenças: Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; João Leite (sem partido) e Sávio Souza Cruz. Além dos citados, marcaram presença também José Geraldo de Assis, do Igam; Alice Lorentz Godinho, da comissão pró-comitê do Rio Mucuri; José Alexandre Pinto Coelho, do Igam; e Ângela Porto, do BDMG.

 

 

 

 

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