Geólogos defendem exploração de Capão Xavier

A CPI da Mina Capão Xavier ouviu o depoimento de mais duas testemunhas na manhã desta quinta-feira (30/6/05). Em reun...

30/06/2005 - 00:00
 

Geólogos defendem exploração de Capão Xavier

A CPI da Mina Capão Xavier ouviu o depoimento de mais duas testemunhas na manhã desta quinta-feira (30/6/05). Em reunião que durou quase quatro horas, os geólogos João Henrique Grossi Sad, membro do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), e Leandro Quadros Amorim, gerente de Meio Ambiente da Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), refutaram informações sobre o risco de desabastecimento de água na Região Metropolitana de Belo Horizonte por causa da exploração da mina de Capão Xavier e defenderam o empreendimento.

João Henrique, que em reunião anterior havia sido apontado como um dos responsáveis pela absolvição de multas aplicadas pelo Copam à mineradora MBR, contestou informações prestadas anteriormente à CPI por Ricardo Santiago e Otávio Gonçalves Freitas, autores de uma ação popular movida em 2003 contra o licenciamento ambiental da minas de Capão Xavier. Na ação, eles argumentam que houve descumprimento da legislação ambiental estadual e federal, como a exploração em área de mananciais de água.

Num depoimento recheado de detalhes técnicos, o geólogo João Henrique procurou desqualificar declarações feitas à comissão por Otávio Freitas, chamando as opiniões de Freitas de "estapafúrdias" e inconsistentes com "tudo que existe na literatura científica e técnica" na área. "Acho um absurdo, um acinte esse tipo de informação prestada à comissão", arrematou, considerando Otávio Freitas uma "pessoa de má-fé".

Gerente da MBR descarta riscos

Já o gerente de Meio Ambiente da MBR, Leandro Quadros, que trabalha na empresa há 20 anos e acompanhou de perto todas as etapas de negociações entre a mineradora, a Copasa e a Prefeitura de Belo Horizonte, fez um longo histórico do processo que culminou no licenciamento da exploração da mina, desde a escritura de desapropriação amigável dos terrenos, assinada em 1956. Segundo ele, não há risco à qualidade da água captada na região, e "nada vai ser feito em Capão Xavier que não tenha sido feito na mina da Mutuca durante 40 anos, de 1961 a 2000".

De acordo com o gerente, os estudos efetuados ao longo de vários anos concluíram não só que é perfeitamente possível a convivência harmônica entre a mineração de Capão Xavier e a preservação dos mananciais, como, ainda, que haverá benefícios mútuos entre as partes interessadas. Leandro Quadros insistiu, também, em dizer que a MBR sempre buscou o diálogo com as comunidades vizinhas ao empreendimento e os órgãos e entidades ambientais.

Respondendo a indagação do deputado Antônio Júlio (PMDB), Leandro Quadros disse que a Lei 10.793 não foi citada no Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) "por engano" de quem o fez, mas que isso não significa que a lei não tenha sido debatida e levada em consideração durante os estudos. "O parecer jurídico da Feam não cita lei alguma", lembrou. Em resposta a outro questionamento do deputado, ele também considerou ético o fato de o engenheiro espanhol Rafael Rubio ter trabalhado com base em dados fornecidos pelas duas partes interessadas, a MBR e a Copasa, uma vez que o objetivo era o acordo, e não o conflito, e o trabalho requeria a maior quantidade possível de informações técnicas.

Requerimentos aprovados

Ao final da reunião, foram aprovados dois requerimentos. O primeiro, do deputado Dinis Pinheiro (PSDB), solicita ao Copam a relação de procedimentos de licenciamento ambiental em que Otávio Gonçalves Freitas atuou como membro daquele colegiado, bem como informações sobre o voto do conselheiro, se pela concessão, pela negativa ou se ele absteve. O segundo requerimento, do deputado Adalclever Lopes (PMDB), pede ao Copam informações sobre os processos administrativos em que João Henrique Grossi Sad atuou como relator, enviando cópia dos pareceres e das atas das reuniões.

Presenças - Deputados Márcio Kangussu (PPS), presidente da CPI, Biel Rocha (PT), vice; Antônio Júlio (PMDB), Dinis Pinheiro (PSDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Fábio Avelar (PTB) e a deputada Lúcia Pacífico (sem partido).

 

 

 

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