Movimento popular quer participação em Conselho de Política Urbana

O déficit mineiro de moradias é calculado em 630 mil. A proposta do governo de Minas contida no programa Lares Gerais...

28/06/2005 - 00:00
 

Movimento popular quer participação em Conselho de Política Urbana

O déficit mineiro de moradias é calculado em 630 mil. A proposta do governo de Minas contida no programa Lares Gerais, para 2006, com recursos orçamentários anunciados de R$ 100 milhões, atenderia a 10 mil famílias. Essa disparidade na oferta de habitação popular foi discutida em uma audiência pública realizada na tarde desta terça-feira (28/6/05) na Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa, solicitada pelas deputadas Elisa Costa (PT) e Jô Moraes (PCdoB).

Elisa Costa abriu o debate mencionando a Lei 11.124, assinada em 16 de junho último pelo presidente Lula, que cria o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, e um conselho gestor paritário com caráter deliberativo. A deputada informou ainda que apresentou seis emendas a um projeto de lei em tramitação na Assembléia, que cria um fundo de habitação. Sua intenção é colocar o projeto estadual em sintonia com a lei federal, para que os benefícios possam atingir um número maior de famílias em Minas.

"O projeto estadual cria um conselho consultivo, que não tem caráter deliberativo nem composição paritária, e por isso não atende aos anseios do movimento popular por moradia de Minas, como a Famemg, a Famobh e o MLB", disse Elisa Costa. Jô Moraes, por sua vez, convocou o movimento a marcar presença na Assembléia, de forma a conquistar recursos orçamentários para os projetos estruturadores de seu interesse.

De fato, os movimentos populares exigem participação nas decisões sobre política urbana e habitação. Marcos Landa, do Movimento Nacional de Luta pela Moradia, pediu que seja revista a composição do Conselho de Desenvolvimento Regional e Política Urbana. Ednéia Souza, da Federação das Associações de Moradores de Minas Gerais, quer saber se a participação popular vai interferir de verdade na elaboração de políticas públicas.

Sem controle social, ocorrem desvios nos planos habitacionais

Por sua vez, Guilherme França, da União Nacional por Moradias, disse que a falta de controle social sobre os sistemas de habitação popular, como o BNH, levou ao desvio de recursos para atendimento a grandes proprietários, e que o Fundo de Amparo ao Trabalhador foi usado para financiar a construção de mansões no Nordeste. Renato Fontes, do Fórum Mineiro de Reforma Urbana, e Antônio Cosme Damião, da Central de Movimentos Populares, foram na mesma linha, sendo que o último propôs a criação de câmaras temáticas no Conselho de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, para discutir melhor os assuntos da habitação.

Questionado pela deputada Elisa Costa sobre os investimentos do governo mineiro em habitação no ano passado, que teriam sido de apenas R$ 4.121, o secretário de Desenvolvimento Regional e Política Urbana, Manoel Costa, anunciou que o governo de Minas está construindo uma política de habitação, e que destinará no próximo ano R$ 100 milhões ao Programa Lares Gerais. "O Estado não pode assumir sozinho as despesas da habitação popular. Quando se diz que a Caixa Econômica Federal tem R$ 12 bilhões para investir em habitação, isso não quer dizer que sejam recursos federais. São recursos do trabalhador, captados pelo FGTS, e do FAT. É preciso buscar o máximo desses recursos, com a organização dos moradores, para atender as famílias mineiras", disse o secretário.

Presenças - Deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), presidente; deputadas Elisa Costa (PT), vice-presidente, e Jô Moraes (PCdoB). Além dos já citados, compareceram também José Oswaldo Lasmar, secretário executivo do Conselho Estadual de Desenvolvimento Regional e Política Urbana; Lessandro Lessa, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-MG), e Eloísio Godinho, do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.

 

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