Ampliação da Açominas gera apreensão em Ouro Branco

A preocupação com o desenvolvimento sustentável de Ouro Branco, tendo em vista o projeto de ampliação da planta indus...

23/06/2005 - 00:00
 

Ampliação da Açominas gera apreensão em Ouro Branco

A preocupação com o desenvolvimento sustentável de Ouro Branco, tendo em vista o projeto de ampliação da planta industrial da Gerdau Açominas na cidade, foi senso comum entre os participantes da audiência pública realizada pela Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa nesta quinta-feira (23/6/05), a requerimento do deputado Leonardo Quintão (PMDB). "A expansão é benéfica, mas a cidade precisa estar preparada para o crescimento demográfico", ponderou o autor do requerimento, que defendeu também a contratação de mão-de-obra da região para as vagas que serão abertas pela siderúrgica.

O deputado Padre João (PT) informou que, em reunião dos prefeitos de Ouro Branco, Congonhas e Conselheiro Lafaiete com a direção da Gerdau Açominas, a empresa teria garantido que não serão construídos alojamentos para os novos funcionários da empresa e que a mão-de-obra contratada será prioritariamente de Ouro Branco. Segundo o deputado, a Gerdau também disponibilizará transporte para os trabalhadores, a fim de evitar uma explosão demográfica em Ouro Branco.

Ele lembrou que, na primeira fase da Açominas na cidade, foram construídos alojamentos que se tornaram "passivos sociais" posteriormente. A vice-prefeita da cidade, Valéria de Melo Nunes Lopes, também concordou que os alojamentos desativados se tornam um problema. "Dentro da perspectiva do Estatuto da Cidade, não consideramos viável a criação de novos loteamentos urbanos", acrescentou.

A empresa também teria afirmado, em reunião com os municípios, que divulgará o número de funcionários e a qualificação exigida para cada etapa da obra para ampliação da planta. O poder público ficará responsável por contribuir com projetos de qualificação profissional para as áreas demandadas pela empresa.

Deputados lembram importância dos investimentos

O deputado Edson Rezende (PT) disse que o presidente Lula deverá anunciar nos próximos dias a instalação de um curso profissionalizante do Cefet na região. O deputado manifestou ainda sua preocupação com o aumento da demanda por serviços de saúde que a ampliação da empresa acarretará.

O deputado Jésus Lima (PT) valorizou os investimentos que a Gerdau fará em Ouro Branco, que serão da ordem de R$ 3 bilhões. "Isso é um terço do que o governo federal tem para investir no País. É um volume estrondoso de recursos", afirmou. Já o vereador de Ouro Branco, Herbert Vaz, demonstrou preocupação com a especulação imobiliária que já teria aumentado o valor dos imóveis em até 100%. "A pessoas podem estar vindo para Ouro Branco movidas por uma ilusão. Essa expectativa pode não se concretizar", disse o vereador. A vereadora de Conselheiro Lafaiete, Zilda Helena dos Santos Vieira, defendeu que os impactos do projeto da Gerdau precisam ser previstos para que os possíveis efeitos negativos sejam evitados.

Na fase de debates da reunião, um empresário de Ouro Branco discordou da informação de especulação imobiliária e disse que os preços dos imóveis teriam sido reajustados por estarem defasados. Outra participante da reunião, Geiselane, sensibilizou os deputados ao revelar que teria feito curso de soldadora para ter chances no mercado de trabalho da região, mas que os contratantes estariam exigindo experiência. Além disso, foram mencionados casos de empresas que não estariam contratando mulheres. Geiselane disse que, em entrevista para emprego, teria afirmado ter feito laqueadura de trompas para evitar o preconceito e ter mais chances de ser contratada.

Requerimentos pedem providências

Ao final da reunião foram aprovados cinco requerimentos assinados por todos os deputados presentes. Dois deles pedem que sejam encaminhados ofícios às secretarias de Estado de Saúde e de Obras solicitando estudos, respectivamente, visando a ampliação e a adequação da rede de assistência à saúde, tendo em vista o aumento da população de Ouro Branco decorrente da expansão da Gerdau Açominas; e de ampliação da estrada que liga a BR-040 a Ouro Branco.

Os deputados também querem que seja agendada com a presidência da Gerdau uma visita da Comissão de Assuntos Municipais, da prefeitura e da Câmara de Ouro Branco às instalações da empresa. Também foram aprovados dois pedidos de audiência pública: uma delas para debater, em Betim, a expansão da Regap e a implantação do Pólo Petroquímico, com investimentos da ordem de US$ 1 bilhão; e a outra para continuar o debate, na Assembléia Legislativa, sobre as conseqüências da expansão da Gerdau Açominas para as cidades de Ouro Branco, Conselheiro Lafaiete e Congonhas.

Moradores reclamam de taxa para tratamento de esgoto

À tarde, os deputados Leonardo Quintão e Padre João participaram de uma segunda audiência da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, também em Ouro Branco, para avaliar pontos polêmicos do contrato de concessão da Copasa com o município. De acordo com o deputado Padre João, autor do requerimento para a realização da reunião, o debate seria o desdobramento de uma audiência realizada na Câmara Municipal de Ouro Branco em julho do ano passado. Na ocasião, os vereadores teriam verificado improbidades na cobrança pelos serviços de água e esgoto pela companhia.

A cobrança do usuário de 100% do valor que é cobrado para o abastecimento de água, pelo tratamento de esgoto, foi justificada pelo gerente da Copasa do Distrito de Conselheiro Lafaiete. Ele alegou que o sistema tarifário da companhia segue legislação estadual por decreto. Disse ainda que a cobrança de 100% para o tratamento do esgoto está previsto em contrato de concessão firmado com o município em 1980. O questionamento é motivado pelo argumento de que não é toda a água consumida que volta aos esgotos para ser tratada. "A Copasa não tem como medir o percentual que volta e o tratamento do esgoto é muito caro", justificou.

O procurador jurídico do município, Flávio Geraldo Vieira dos Santos, discorda dos argumentos do representante da Copasa. Segundo ele, o contrato prevê que 100% é o valor máximo a ser cobrado. "Em Lafaiete, a cobrança é de 70%", comparou. O procurador também alega que o contrato pode ser feito levando-se em conta a realidade de cada município. Outro ponto do contrato questionado pelo procurador é a cobrança de tarifa mínima de dez metros cúbicos.

Os deputados também discordam da cobrança da tarifa mínima e defenderam a tarifa real. Para eles, o critério adotado pela Copasa prejudica a população de baixa renda que consome menos de dez metros cúbicos e paga mais. Enquanto os outros consumidores pagam exatamente pelo que consomem.

Na fase de debates, vários moradores apresentaram queixas de falta de abastecimento de água, sobretudo nos bairros Belvedere II e São Francisco. Segundo eles, o desabastecimento ocorreria com muita freqüência, sobretudo nos finais de semana. Os deputados Leonardo Quintão e Padre João apresentaram requerimento, que não foi colocado em votação por falta de quórum, pedindo que seja enviado ofício à Copasa solicitando que atenda aos pleitos dos moradores desses bairros, apresentados na audiência pública.

Presenças - Participaram da primeira reunião os deputados Leonardo Quintão (PMDB), presidente; Edson Rezende, vice; Jésus Lima e Padre João, todos do PT. Além dos convidados citados na matéria, também participaram o presidente da Câmara Municipal de Ouro Branco, Edísio Rufino Torres; o secretário de Governo de Conselheiro Lafaiete, Diarlhes Pider Benjamin; o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ouro Branco, Júlio Miranda Campos; o chefe de gabinete do deputado José Milton e ex-prefeito de Ouro Branco, Hélio Campos; e o secretário de Desenvolvimento de Ouro Branco, Luiz Daria Gutierrez.

Participaram da segunda reunião os deputados Leonardo Quintão e Padre João. Além dos convidados citados na matéria, o vice-prefeito e o presidente da Câmara Municipal de Ouro Branco; o chefe de gabinete do deputado José Milton; o vereador Herbert Vaz; e o líder comunitário José Francisco das Graças.

 

 

 

 

 

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