Comissão das Estâncias Hidrominerais amplia área de atuação

A Comissão Especial das Estâncias Hidrominerais, que era restrita ao Sul de Minas, vai passar agora a estudar a situa...

23/06/2005 - 00:00
 

Comissão das Estâncias Hidrominerais amplia área de atuação

A Comissão Especial das Estâncias Hidrominerais, que era restrita ao Sul de Minas, vai passar agora a estudar a situação dos municípios hidrominerais de todo o Estado. O pedido de ampliação, submetido ao presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), foi acatado e lido em Plenário na última quarta-feira (22). Por lei da época do governador Israel Pinheiro, as estâncias hidrominerais de Minas são doze: Araxá, Caldas, Cambuquira, Caxambu, Jacutinga, Lambari, Monte Sião, Passa Quatro, Patrocínio, Poços de Caldas, São Lourenço e Tiradentes. Mas há ocorrências de fontes minerais termais em outros locais, como Fervedouro (Zona da Mata), Montezuma (Norte de Minas) e Buenópolis (Norte de Minas).

Na reunião realizada na manhã desta quinta-feira (23/6/05), com a presença dos cinco deputados efetivos, a ampliação foi comunicada pelo presidente Dilzon Melo (PTB), e o deputado Laudelino Augusto (PT) propôs uma reformulação do cronograma de trabalhos da comissão para o segundo semestre. Dilzon Melo anunciou também que o governo estadual se mostra disposto a discutir com os prefeitos das estâncias as propostas que eles mesmo apresentarem, mas criticou o amadorismo de algumas prefeituras. "Há prefeitos que simplesmente listam suas dificuldades, ou apresentam seus projetos com a observação de que não há recursos para executá-los. Ora, é preciso criatividade, é preciso fazer esforço, é preciso assessoria profissional para buscar recursos", disse o presidente.

Estâncias mineiras estão em decadência

O primeiro depoimento colhido foi do representante do Fórum das Ongs do Circuito das Águas (Focas), Paulo Maciel Jr., que atua na questão hidromineral há 20 anos. Maciel disse que presencia o processo de decadência das estâncias ao longo das décadas, e aponta algumas razões: "Os recursos hidrominerais são enxergados como exploração, e não como utilização sustentável. Ora, água mineral não é minério. Não pode ser retirada até a exaustão. Antigamente as águas superficiais eram atreladas ao setor hidrelétrico. Foi uma luta para retirar. Como não há classificação para águas subterrâneas no Conselho Nacional de Recursos Hídricos, fica difícil até autuar um poluidor", explicou.

Paulo Maciel propõe que sejam feitos estudos hidrogeológicos para subsidiar a elaboração dos planos diretores das cidades. Por outro lado, criticou o enfoque das áreas de preservação ambiental (Apas), que se inspira na preservação, e não no desenvolvimento sustentável. Criticou também o gerenciamento obsoleto dos parques das águas, que estão se degradando e perdendo características originais, e não mantêm programas que permitam a visitação da população e das escolas.

Rafael Nacif, da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), apoiou a sugestão do deputado Dilzon Melo para que as prefeituras profissionalizem seus projetos. "A Fiemg admite que projetos sejam sustentáveis e feitos de maneira profissional. Podemos oferecer aos prefeitos intermediação junto às indústrias para que seus projetos sejam financiados, dentro de uma perspectiva de retorno para a empresa".

O vereador João Bolzoni, de São Lourenço, reclamou da fuga dos turistas, que ficam na cidade apenas três ou quatro dias. Disse que a Fonte Vichy, do Parque das Águas, está exalando um gás, e que a fonte magnesiana Primavera some e reaparece, e por isso está fechada. O deputado Paulo Piau contra-argumentou que nos dias atuais turista algum fica um mês num só lugar, e que Araxá teve um período de decadência, mas que agora vive um soerguimento com a reinauguração do Grande Hotel. Dilzon Melo também comentou que em Cambuquira não se vê vivalma, enquanto a Prefeitura de Campos do Jordão pede que os turistas não a visitem em julho próximo, porque a cidade não suporta mais gente.

"Spark" é alternativa para revitalizar o turismo

A proposta de transformar Caldas num spa delimitado de Poços de Caldas foi apresentada pela diretora do Sesec de Caldas, Queila Moreira Soares. Laudelino Augusto também fez referência ao conceito de "spark", um misto de spa com parque, que uniria hospedagem, lazer, tratamentos de saúde e crenoterapia. Informou sobre um requerimento que apresentou, pedindo que o SUS reconheça a crenoterapia como tratamento de saúde.

Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) pediu a presença do secretário de Desenvolvimento Econômico, Wilson Brumer, para discutir com os prefeitos as ações positivas para revitalizar as estâncias. Aproveitou também para destacar as qualidades do balneário de Pocinhos do Rio Verde, onde o escritor Rubem Alves teria uma propriedade. Gustavo Corrêa (PFL) lembrou que visitava Pocinhos em sua adolescência. "Foi o lugar onde mais senti frio em minha vida", resumiu.

O representante do BDMG, Renato Neves, disse que pode surgir recurso novo a fundo perdido para que a instituição faça parcerias com as prefeituras. Já Maricene Paixão, do Igam, disse que é preciso ter estudos hidrológicos mais precisos para determinar como as águas minerais adquirem suas propriedades. Amanda do Valle, da Secretaria de Turismo, reconheceu que o corpo técnico à disposição é insuficiente para atender bem a todos os municípios, mas que estavam trabalhando com a certificação de 13 circuitos - o primeiro deles em Caxambu. Respondendo a crítica do vereador de São Lourenço, para quem a propaganda dos circuitos é antiquada, Amanda informou também que foi produzida folheteria nova para o Fórum de Turismo realizado no Circuito das Águas.

Requerimentos - A comissão aprovou dois requerimentos propostos pelo deputado Laudelino Augusto, e assinados também por Dilzon Melo, Paulo Piau e Dalmo Ribeiro Silva. O primeiro deles pede informações aos prefeitos das estâncias sobre o estágio de elaboração do Plano Diretor. O segundo indaga aos prefeitos sobre os modelos de gestão de cada parque das águas. Os quatro assinam também requerimentos de convite à Cia. de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e ao Comitê da Bacia do Rio Verde a comparecerem perante a comissão. O deputado Paulo Piau (PP) pediu uma audiência pública em Araxá. O requerimento foi aprovado, mas a data será marcada depois da fase de audiências na Assembléia. Em outro requerimento, Piau e Dilzon Melo pedem o comparecimento do secretário de Turismo, Herculano Anghinetti.

Presenças - Deputados Dilzon Melo (PTB), presidente, Gustavo Corrêa (PFL), vice-presidente; Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Laudelino Augusto (PT) e Paulo Piau (PP).

 

 

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