CPI da Mina Capão Xavier ouve prefeito e técnica da Copasa

O presidente da Associação dos Municípios Mineradores (Amig), Waldir Salvador de Oliveira, prefeito de Itabirito, dis...

23/06/2005 - 00:02
 

CPI da Mina Capão Xavier ouve prefeito e técnica da Copasa

O presidente da Associação dos Municípios Mineradores (Amig), Waldir Salvador de Oliveira, prefeito de Itabirito, disse à CPI da Mina Capão Xavier, nesta quinta-feira (23/6/05), que o projeto da mina é correto nos aspectos ambiental e social. "Nunca vi tanta exigência", afirmou, acrescentando que o empreendimento foi dos mais estudados do País - durou mais de 10 anos - e foram feitas diversas audiências públicas, inclusive uma, no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima, com cerca de mil pessoas. Waldir Salvador de Oliveira disse que tomou conhecimento do processo por ter sido gerente de projetos da prefeitura de Nova Lima por quatro anos e conselheiro da APA Sul. Ele afirmou, ainda, desconhecer qualquer tipo de ingerência política no licenciamento.

O presidente da Amig disse também que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) usado no processo não foi o feito pela empresa espanhola Frasa Ingenieros, questionado pelos deputados Antônio Júlio e Adalclever Lopes, do PMDB. Segundo ele, o estudo que embasou o processo foi feito por uma empresa de Belo Horizonte, a Ecolab. O consultor Rafael Rubio, professor da Universidade de Madri, segundo ele, foi chamado para complementar o estudo e é respeitado mundialmente.

Waldir Salvador de Oliveira acrescentou que as grandes empresas têm feito mineração de qualidade e que o maior prejuízo ao meio ambiente é provocado pelas pequenas mineradoras, que atuam na clandestinidade na extração de areia, ardósia, quartzito, granito, entre outros. Ele ressaltou que o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) tem apenas um fiscal para mais de 280 municípios mineradores no Estado. Desses, 50 são associados à Amig e, ainda segundo o prefeito de Itabirito, naqueles em que o mineral explorado é o ferro, a atividade mineradora responde por 30% a 50% da arrecadação direta e indireta de impostos.

Geóloga da Copasa descarta comprometimento da qualidade da água

Na mesma reunião, a comissão também ouviu a geóloga Valéria Caldas, da Copasa. Segundo ela, quando a MBR procurou a Copasa, no final da década de 80, para tratar do empreendimento de Capão Xavier, a estatal considerou insuficiente o relatório apresentado pela mineradora e solicitou um estudo detalhado sobre o impacto da mineração de Capão Xavier nos mananciais da região da Mutuca. Posteriormente, em 1992, a MBR pediu autorização para trabalhos de sondagem geológica na mesma região, época em que os técnicos da Copasa visitaram a área da Mutuca com o engenheiro Rafael Rubio, que aconselhou um estudo hidrogeológico mais profundo sobre possíveis impactos da mineração. Em 1993, a Copasa assinou termo de compromisso com a MBR sobre a realização de sondagem na Mutuca e indicou Rafael Rubio para acompanhar os estudos.

De acordo com Valéria Caldas, após muitas reuniões, chegou-se a uma conclusão sobre os impactos da mineração de Capão Xavier sobre a qualidade e quantidade da água do manancial, e foi, então, estabelecido termo de compromisso que prevê a obrigação da MBR adotar medidas compensatórias para mitigar quaisquer impactos negativos do empreendimento, além de relatórios anuais. A geóloga explicou que todos os estudos realizados não apontaram a possibilidade de comprometimento da qualidade da água. "A preocupação maior é com a quantidade, com a vazão", disse, completando que eventual diminuição da vazão, sobretudo na região do manancial do Fecho, poderá ser compensada pela empresa.

Respondendo a indagações do deputado Antônio Júlio, Valéria Caldas disse que Rafael Rubio é uma das maiores autoridades mundiais em sua especialidade e que desconhecia estudos encomendados pela Prefeitura de Belo Horizonte cujos resultados seriam conflitantes com aqueles apontados pela Frasa Ingenieros. Ela ressaltou, ainda, que é preciso que a mineração seja monitorada e acompanhada de perto pelas autoridades ambientais e pela Copasa. Com relação ao lago a ser formado na cava, com 240 metros de profundidade, ela disse que é preciso impedir atividades econômicas nas redondezas para impedir a contaminação das águas, e que o recomendável é a anexação da área do lago ao Parque do Rola Moça.

O deputado Antônio Júlio insistiu em apontar "coincidências" nas datas do processo de licenciamento de Capão Xavier e denunciou o descumprimento, pela MBR, de compromissos firmados em outras ocasiões, como consta de relatório de uma CPI realizada pela Assembléia em 1975.

Requerimentos aprovados

Ao final da reunião, foram aprovados requerimentos do deputado Adalclever Lopes (PMDB) e da deputada Lúcia Pacífico (sem partido), ambos convidando o gerente de meio ambiente da MBR, Leandro Amorim, a prestar esclarecimentos à CPI; do deputado Domingos Sávio (PSDB), requisitando à Copasa cópias de relatório sobre os estudos de impacto ambiental da exploração da mina feitos pela empresa Frasa Ingenieros e também do termo de compromisso firmado entre a companhia e a MBR; e do deputado Irani Barbosa (PTB), solicitando cópias das atas de audiências públicas promovidas pelo conselho da APA Sul, pela Feam e pelo conselho do Parque do Rola Moça.

Presenças - Deputados Márcio Kangussu (PPS), presidente da CPI; Domingos Sávio (PSDB), relator; Adalclever Lopes (PMDB), Biel Rocha (PT), Antônio Júlio (PMDB), Dinis Pinheiro (PSDB), Fábio Avelar (PTB), Irani Barbosa (PTB), Jayro Lessa (PL) e deputada Lúcia Pacífico (sem partido).

 

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