Advogada diz ser vítima de maus tratos por parte de PMs

A advogada e policial civil aposentada Aparecida Conceição Ferreira fez denúncias de ter sofrido maus tratos de polic...

23/06/2005 - 00:00
 

Advogada diz ser vítima de maus tratos por parte de PMs

A advogada e policial civil aposentada Aparecida Conceição Ferreira fez denúncias de ter sofrido maus tratos de policiais militares no dia 10 de junho. Ela relatou à Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, na reunião desta quinta-feira (23/6/05), que foi colocada para fora, com violência, da 9ª Companhia de Polícia Militar junto ao 34º BPM. Isso porque teria ido ao local pedir apoio para encontrar seu filho Jonatan, que estaria desaparecido há quatro dias. Como os policiais disseram que Jonatan estaria na sede da Galoucura, ela pediu que a acompanhassem até lá, mas eles teriam se negado e afirmado que era problema dela. Para completar, de acordo com a advogada, a tenente Andréia teria mandado o cabo Marcelino colocar Aparecida para fora. "Eu caí de joelhos, me empurraram e chutaram", disse Aparecida, emocionada.

Para registrar queixa, ela se dirigiu ao 7º Distrito Policial (DP), que fica próximo, e denunciou o fato, mas nenhuma providência teria sido tomada pelo inspetor Rodrigo, que a atendeu. Ele a entregou aos policiais militares, que então a teriam algemado e colocado numa viatura, que teria rodado por 40 minutos pelo bairro Carlos Prates. "Numa descida, eles aceleravam e freavam o carro, comigo batendo pra todo lado dentro da viatura; me cuspiram, me chamaram de vagabunda e ainda disseram que, se fosse à noite, teriam me matado", relatou Aparecida Ferreira, ainda mais transtornada.

Das 14h30 às 18h30, ela teria ficado algemada no Tribunal Criminal Especial, com os policiais rindo e zombando dela. Segundo sua versão, eles alegaram à Justiça que ela havia quebrado o vidro da 9º Cia. da PM. Só depois desse horário é que teria vindo uma viatura da Seccional Noroeste e ela pôde falar o que realmente havia ocorrido. A partir daí, ela teria sido levada ao Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito. "Não tenho acesso ao laudo, pois ele vai ser encaminhado ao 7º DP", reclamou a advogada. Por fim, Aparecida Ferreira contou que o filho dela de dez anos, Jordan, acompanhou toda a cena na polícia e está traumatizado. "Meu filho não dorme à noite, está em estado de choque e diz que nunca mais vai confiar na polícia", declarou.

Comissão pede providências às autoridades competentes

Como providências sobre o caso, a comissão aprovou requerimentos dos deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, e Roberto Ramos (PL), vice, pedindo providências às autoridades - envio de ofícios e das notas taquigráficas da reunião: à Corregedoria de Polícia Civil, solicitando a apuração de responsabilidade dos policiais do 7º DP, em especial do inspetor Rodrigo, quanto à denúncia da advogada Aparecida; à Promotoria da Infância e do Adolescente, pedindo providências quanto ao filho da advogada, Jordan, que teria presenciado agressões à mãe; à Corregedoria Geral da PM e à Ouvidoria de Polícia, requerendo atuação dos órgãos na apuração.

Outros requerimentos aprovados

* Do deputado Roberto Ramos: pedindo ofício ao chefe da Polícia Civil para que apure responsabilidade sobre o fato de três policiais condenados, que cumpriam pena em Santa Luzia, estarem fazendo escolta de presos no fórum da cidade; requer também que a comissão seja informada sobre cumprimento da pena desses policiais e sobre a possível exclusão deles da corporação;

* do deputado Durval Ângelo: audiências públicas, em Governador Valadares, sobre violação de direitos humanos por policiais civis; em São Sebastião do Paraíso, para ouvir denúncias de possíveis violações de direitos humanos cometidos por membros do Ministério Público da comarca; em Pouso Alegre, para ouvir denúncias de abuso de autoridade e assédio moral contra policiais; na Assembléia, para debater o processo de regularização do loteamento Novo Tirol. Foi também aprovado requerimento solicitando manifestação de congratulações pelos 25 anos da Rádio 13 de Junho, em Mantena.

Outros requerimentos do deputado Durval Ângelo pedem o envio de ofícios: com as notas taquigráficas da reunião de Arceburgo, em 17 de junho, ao promotor de Justiça e ao delegado de polícia da comarca, solicitando continuidade das providências adotadas; ao delegado Regional do Trabalho, pedindo providências para fiscalizar o jornal A Tribuna para verificar irregularidades e possibilidade de exercício ilegal do jornalismo; ao Sindicato dos Jornalistas, pedindo providências para verificar a regularidade desse jornal; ao secretário de Defesa Social, pedindo a designação para a delegacia de Arceburgo um delegado e dois detetives, além de duas viaturas; ao delegado da comarca de Arceburgo, pedindo a abertura de inquérito para apurar ameaças de morte por telefone, sofridas pelo vereador José Giolo Filho e sua mãe, Aparecida Giolo.

Requerimentos atendem reuniões anteriores da comissão

Outros ofícios solicitados por Durval Ângelo são endereçados: ao chefe da Polícia Civil, requerendo informações sobre os motivos de o policial civil Paulo Sérgio dos Santos, apelidado de "Xuxa", mesmo condenado, continuar trabalhando em Itajubá, e sobre o processo administrativo contra o policial na Corregedoria; à Secretaria Municipal Adjunta de Regularização Urbana da Prefeitura de Belo Horizonte, encaminhando notas taquigráficas da reunião da comissão de 21 de junho e pedindo providências para a regularização do loteamento no Novo Tirol; à Ouvidora de Polícia, encaminhando notas taquigráficas da reunião nesse bairro; ao chefe da Polícia Civil, encaminhando cópia da foto publicada no jornal O Tempo, que apresentam o policial Roney Malagoli portando uma metralhadora, solicitando providências, uma vez que ele já foi condenado judicialmente e continua atuando.

O deputado Biel Rocha (PT) teve seu requerimento aprovado solicitando o envio de ofício à Ouvidoria de Polícia e à Secretaria Especial de Direitos Humanos pedindo providências quanto às denúncias em matérias jornalísticas sobre a rebelião na penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, em Juiz de Fora, onde, mesmo depois do fim da rebelião, presos foram torturados por policiais do Comando de Operações Penitenciárias Especiais (Cope).

Presenças - Participaram da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente da comissão; Roberto Ramos (PL), vice; Biel Rocha (PT); e Paulo Cesar (PFL).

 

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