Comissão discute atribuição do Conselho Estadual de Educação

A Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Informática realizou, nesta quarta-feira (22/6/05), audiência ...

22/06/2005 - 00:00
 

Comissão discute atribuição do Conselho Estadual de Educação

A Comissão de Educação, Cultura, Ciência, Tecnologia e Informática realizou, nesta quarta-feira (22/6/05), audiência pública com representantes do Conselho Estadual da Educação para discutir os efeitos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 78/04. Os conselheiros afirmam que, com a promulgação da PEC, que já foi aprovada em 2º turno no Plenário e já está em redação final, as atribuições do conselho para a criação de cursos de Medicina, Odontologia e Psicologia seriam esvaziadas. A reunião foi solicitada pelo deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB).

De acordo com a PEC 78/04, a criação dos cursos superiores de Medicina, Odontologia e Psicologia por universidades e demais instituições de ensino superior integrantes do Sistema de Educação serão submetidos aos procedimentos de autorização e reconhecimento estabelecidos pela legislação federal em vigor para as instituições integrantes do Sistema Federal de Educação Superior, excluídas aquelas mantidas pelos poderes públicos estadual e municipal. A PEC determina também que, a partir da promulgação da proposta, serão cancelados todos os processos em tramitação ainda não aprovados pelo Conselho Estadual de Educação.

O relator da PEC, deputado Leonídio Bouças (PTB), esclareceu que a intenção da proposta foi dar maior força para o Conselho. "Sou contra qualquer movimento que tenha o objetivo de tirar a autonomia do Estado e levar para o âmbito federal", justificou o deputado. Ele disse, ainda, que a comissão, ao analisar a proposta, manteve os cursos de Odontologia, Medicina e Psicologia submetido aos procedimentos de autorização e reconhecimento da legislação federal, por sugestão da bancada do Partido dos Trabalhadores.

O presidente da Associação das Fundações Educacionais de Ensino Superior (Afeesmig), Adair Ribeiro, representou o padre Lázaro De Assis Pinto, presidente do Conselho Estadual de Educação. Segundo ele, de acordo com o artigo 206 da Constituição Estadual, é atribuição do Conselho Estadual da Educação fazer normas para o Sistema Estadual da Educação e para as fundações que dele fazem parte. "Queremos manter as atribuições do conselho como estão hoje, as regiões que estão pleiteando cursos superiores poderão ser prejudicadas", completou ele.

Para o consultor jurídico da Afeesmig, Cássio Rosa Resende, se os processos passarem a tramitar perante o Conselho Federal, isso vai significar o esvaziamento do Conselho Estadual da Educação. Para ele, a PEC 78/04 é inconstitucional. "Temos dois caminhos a seguir: ou entramos com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade ou cada instituição pode argüir a lei de acordo com cada caso individual", analisou.

"Somos referência para vários conselhos de outros estados, afirmou o reitor do Centro Universitário Sul de Minas, Stéfano Gazolla. Para ele, o Conselho Estadual de Educação tem normas mais rigorosas que o Conselho Federal, o que pode ser comprovado perante uma avaliação das duas instituições. O reitor da Universidade de Caratinga, Antônio Fonseca da Silva, não ficou satisfeito com a explicação do deputado Leonídio Bouças. Ele disse que várias instituições já fizeram investimentos e que seria um prejuízo para a comunidade que aguarda a implantação de novos cursos.

Para o assessor jurídico da Universidade de Caratinga, Tales Rezende, o problema surgiu com o movimento corporativista do Conselho Regional de Medicina, que estava combatendo a criação de novos cursos no Estado. Para o professor da Unifenas e ex-deputado federal Carlos Mosconi, não há divergência no pensamento dos participantes da reunião, mas sim dúvidas com relação ao texto da PEC. "Como a PEC ainda não foi promulgada, talvez ainda possa ser feito algo. Não acho que deva sair da Assembléia uma lei que vá diminuir o Estado, finalizou.

O deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), que presidiu parte da reunião, disse que Minas Gerais tem um ensino de qualidade que não poderá ser prejudicado. Ele informou que vai procurar a Mesa Diretora para esclarecer se existe alguma forma regimental de alterar a redação da PEC. "Não vamos medir esforços, vamos esgotar todas as possibilidades". Já o presidente da comissão, deputado Doutor Viana (PFL), disse que vai avaliar as reivindicações do Conselho Estadual de Educação e que, se há dúvida quanto à interpretação do texto da PEC, ele será resolvida.

Projeto cria Programa de Acessibilidade nas Escolas

A comissão ainda aprovou parecer favorável ao Projeto de Lei (PL) 2.069/05, do deputado Gustavo Valadares (PFL), que cria o Programa Estadual de Acessibilidade nas Escolas Públicas e Privadas. Na Comissão de Constituição e Justiça, o projeto recebeu o substitutivo no 1, segundo o qual as instituições de ensino precisam comprovar o cumprimento das regras de acessibilidade para obter autorização de funcionamento. O relator na Comissão de Educação, deputado Leonídio Bouças (PTB), apresentou três emendas ao projeto. A primeira explicita no substitutivo que a lei se refere a instituições públicas e privadas. A segunda remete a autorização para funcionamento das escolas às exigências da Lei Federal 10.098, de 2000. E a terceira dá prazo de cinco anos para as instituições de ensino se adequarem à nova lei. O projeto agora está pronto para ser votado no Plenário em 1o turno.

Os outros dois projetos que estavam na pauta da comissão não tiveram pareceres aprovados. O PL 2.240/05, do deputado Gilberto Abramo (PMDB), recebeu parecer pela aprovação na forma do substitutivo no 2, apresentado pelo relator, deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB). Mas o parecer não foi votado por causa de um pedido de vista do deputado Leonídio Bouças. O projeto torna obrigatória a aplicação de testes vocacionais em todas as escolas públicas e privadas do Estado. Já o PL 2.161/05 deixou de ser votado porque foi baixado em diligência com pedido de informações à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. De autoria do deputado Biel Rocha (PT), o projeto institui reserva de vagas na Uemg e na Unimontes para negros, deficientes, indígenas e alunos de escolas públicas, desde que comprovadamente carentes.

Foram aprovadas ainda dez proposições que dispensam apreciação do Plenário. Uma delas, requerimento do deputado Chico Rafael (PMDB), pede audiência pública em Pouso Alegre para discutir as tabelas salariais da educação com professores da região.

Presenças - Deputados Doutor Viana (PFL), presidente; Leonídio Bouças (PTB); Dalmo Ribeiro (PSDB).

 

 

 

 

 

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