Anastasia rebate acusações de endividamento do Estado
O secretário de Estado de Planejamento e Gestão,
Antônio Augusto Anastasia, reafirmou nesta quarta-feira (22/6/05)
que o Estado está com as contas em ordem e está comprometido com a
quitação dos restos a pagar. Ele participou de reunião conjunta das
comissões de Fiscalização Financeira e Orçamentária e de
Participação Popular da Assembléia Legislativa, convocada pelos
deputados André Quintão (PT), Sebastião Helvécio (PDT) e Maria
Tereza Lara (PT) para discutir a proposta de Lei de Diretrizes
Orçamentárias do Estado para 2006.
Anastasia foi duramente questionado pelo líder da
oposição na Assembléia, deputado André Quintão, sobre o
endividamento do Estado, a despeito do equilíbrio financeiro
alcançado com o déficit zero. Segundo o deputado, em abril deste ano
o Estado devia R$ 2,7 bilhões em restos a pagar e a dívida flutuante
teria aumentado em R$ 1 bilhão, mesmo com a eliminação do déficit
fiscal. O Fundo Estadual de Saúde teria um passivo de R$ 332 milhões
em restos a pagar, segundo Quintão.
Outra preocupação do líder do Bloco PT/PCdoB é com
a baixa execução orçamentária de 17 dos 31 projetos estruturadores
do governo. O programa de revitalização da bacia do São Francisco,
por exemplo, teve executados apenas 8,3% de seu orçamento em 2004,
de acordo com André Quintão. Neste ano, conforme o deputado, a média
de execução orçamentária dos projetos estruturadores é de 9,15%.
André Quintão também questionou a metodologia
utilizada para o cálculo da quantidade de dinheiro disponível para
conceder reajuste aos servidores estaduais. Segundo ele, essa
quantia é de R$ 140 milhões, montante inferior à projeção de
crescimento vegetativo da folha de pagamento em 2006 (R$ 209
milhões), conforme consta na LDO. O deputado também criticou a
intenção do Estado de conceder o reajuste salarial para o
funcionalismo com base na variação da receita com ICMS, tendo como
atenuante a projeção do crescimento vegetativo da folha.
Dívida fundada é de R$ 50 bilhões
Respondendo aos questionamentos, o secretário
reiterou que o Estado está com as contas em ordem e recebeu há dois
meses o aval da Secretaria do Tesouro Nacional para a contratação de
empréstimos internacionais. Ele reconheceu a dívida fundada de R$ 50
bilhões, mas garantiu que todos os encargos vêm sendo pagos
regularmente. Quanto aos restos a pagar, a maior parte refere-se a
débitos com precatórios, estimados em R$ 10 bilhões por Anastasia.
"Nós cumprimos e vamos continuar cumprindo com o pagamento de todos
esses débitos, como tem sido atestado pelo governo federal",
afirmou.
Anastasia também admite que alguns projetos
estruturadores enfrentam problemas, como o da revitalização do São
Francisco, que depende da definição do governo federal sobre o
projeto de transposição. A baixa execução orçamentária do primeiro
semestre é considerada normal, já que a maior parte dos
investimentos do governo geralmente se concentram no segundo
semestre. Já o cálculo do reajuste dos servidores com base na
variação da arrecadação foi negada pelo secretário. Segundo ele, o
aumento salarial vai depender da aprovação de lei a ser discutida
após a aprovação das tabelas salariais, que devem ser enviadas à
Assembléia ainda neste mês, pelo menos as que beneficiam o pessoal
da saúde e da educação.
Defensoria Pública pede autonomia
financeira
A reunião também serviu para que vários advogados
da Defensoria Pública reivindicassem autonomia financeira para o
órgão. Todos os deputados presentes manifestaram apoio ao pedido dos
defensores. O deputado Sebastião Helvécio disse que pretende
apresentar uma emenda à Constituição para que a Defensoria seja
incluída na comissão de compatibilização das propostas
orçamentárias, que conta com representantes dos poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, Tribunal de Contas e Ministério
Público.
Os deputados Ivair Nogueira (PMDB) e Domingos Sávio
(PSDB) disseram que apresentaram uma emenda à LDO para beneficiar a
Defensoria, garantido-lhe inclusive o direito de receber o duodécimo
distribuído para os três poderes. A autonomia orçamentária da
Defensoria Pública é uma determinação da Reforma do Judiciário
aprovada no ano passado, mas precisa de regulamentação específica em
cada Estado para entrar em vigor. O deputado Edson Rezende (PT)
sugeriu incluir na LDO a auto-aplicação da Emenda à Constituição
Federal 45, que contém a Reforma do Judiciário.
Presenças - Deputado
Domingos Sávio (PSDB), presidente da Comissão de Fiscalização
Financeira e Orçamentária; deputada Maria Tereza Lara (PT),
presidente da Comissão de Participação Popular; deputados Jayro
Lessa (PL), Elisa Costa (PT), Ermano Batista (PSDB), José Henrique
(PMDB), Márcio Kangussu (PPS), Sebastião Helvécio (PDT), Ivair
Nogueira (PMDB), André Quintão (PT), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB),
Dilzon Melo (PTB), Jô Moraes (PCdoB) e Edson Rezende (PT). Também
estiveram presentes o subsecretário de Estado de Planejamento e
Orçamento, Tadeu Barreto; o presidente da Associação de Defesa dos
Defensores Públicos de Minas Gerais, Glauco David de Oliveira Sousa;
e o procurador-adjunto de Justiça, Alceu José Torres
Marques.
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