Comissão realiza três audiências em Ouro Branco nesta quinta (23)

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa realiza, nesta quinta-feira (23/6/05), t...

22/06/2005 - 00:00
 

Comissão realiza três audiências em Ouro Branco nesta quinta (23)

A Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização da Assembléia Legislativa realiza, nesta quinta-feira (23/6/05), três audiências públicas no município de Ouro Branco, para debater os impactos da expansão da Gerdau Açominas, possíveis irregularidades na prestação de serviço pela Copasa e o impasse vivido pelos moradores do Bairro Belvedere II. As três reuniões serão realizadas no Auditório Fernando de Oliveira Silva (Rua da Lavoura, s/nº - Centro).

A primeira audiência, que atende requerimento do presidente da comissão, deputado Leonardo Quintão (PMDB), será às 9 horas. O deputado pretende conhecer os projetos de expansão da Gerdau Açominas, os investimentos previstos e o número de empregos que devem ser gerados. Segundo matéria publicada no jornal Estado de Minas no último dia 13 de junho, a empresa, maior fábrica do Grupo Gerdau nas Américas, se prepara para investir R$ 3 bilhões até 2007, num projeto que estaria, ainda na etapa inicial, reduzindo o desemprego na região, atraindo indústrias menores prestadoras de serviços e movimentando o comércio e os hotéis da cidade.

Ainda de acordo com dados publicados no jornal, a capacidade de produção da Gerdau em Ouro Branco sairiam das atuais 3 milhões de toneladas de aço por ano para 4,5 milhões de toneladas em 2007. O pico das obras seria em julho de 2006, com a geração de 9 mil empregos apenas na construção. A empresa mantém 4,25 mil empregos diretos e outras 3,1 mil pessoas estavam trabalhando até o mês passado nas empresas contratadas pela companhia.

Especulação imobiliária - Por outro lado, o presidente da comissão quer ouvir dos convidados os impactos do crescimento da siderúrgica para a região, que já estaria sentindo os efeitos da especulação imobiliária, com reajuste em até 100% no valor dos imóveis. Segundo informações do gabinete do deputado Leonardo Quintão (PMDB), as cidades de Conselheiro Lafaiete e Congonhas também estão sendo afetadas pelo desenvolvimento da empresa. "Precisamos saber se Ouro Branco, que tem 33 mil habitantes, está preparada para as mudanças decorrentes dos planos de expansão da Gerdau Açominas", afirmou o deputado que manifestou sua preocupação com a necessidade de infra-estrutura para receber novos moradores, por exemplo.

Foram convidados para esta reunião o prefeito de Ouro Branco, Rogério de Oliveira Pereira; o presidente da Câmara Municipal, Edísio Rufino Torres; o delegado Regional do Trabalho, Carlos Calazans; o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Ouro Branco, Júlio Miranda Campos; o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Siderúrgica, Metalúrgica, Mecânica e Elétrica de Ouro Branco, Raimundo Nonato Roque de Carvalho; o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas da cidade, José Roberto da Silva Costa; e o presidente da Gerdau Açominas, Luiz André Rico Vicente.

Atendimento da Copasa também será tema de reunião

A requerimento do deputado Padre João (PT), a comissão debaterá, às 14 horas, possíveis irregularidades no prestação de serviço e contrato da Copasa com o município de Ouro Branco. Segundo informações do gabinete do deputado, os moradores da cidade teriam denunciado a cobrança de serviços não-executados pela Copasa, entre outros pontos do contrato da companhia com a Prefeitura da cidade, que expira em 2010.

Os moradores questionam, por exemplo, o pagamento mínimo por 10 m³ de água, quando grande parte da população consumiria bem menos que isso. Eles alegam que esse ponto do contrato tem provocado desperdício de água por parte dos moradores que pagam mais do que gastam. Outro item contratual que é alvo de críticas da comunidade de Ouro Branco é a cobrança de valor equivalente para as taxas de esgoto e de água. Os denunciantes também informaram ao gabinete do deputado Padre João que a Copasa tem demorado a reparar danos causados por obras realizadas pela companhia.

Além do prefeito e do presidente da Câmara Municipal da cidade, foram convidados para a reunião o presidente da Copasa, Márcio Augusto Vasconcelos Nunes; a procuradora-geral do município, Maria José Honoratto; o promotor de Justiça da Comarca de Ouro Branco, José Lourdes de São José; o coordenador-geral do Procon Assembléia, Marcelo Barbosa.

Impasse entre CEF e construtora de casas populares será debatido

Na terceira audiência pública, marcada para as 19 horas, os deputados pretendem ouvir, a requerimento do deputado Leonardo Quintão, as partes envolvidas em um impasse que envolve a Prefeitura de Ouro Branco, a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Ouro Preto Engenharia, na construção de 500 casas populares do Bairro Belvedere II. A construtora moveu ação contra a Caixa em 1995, que está hoje no Tribunal Regional Federal. Em 1ª e 2ª instâncias, os acórdãos teriam sido favoráveis a autora da ação.

De acordo com o vereador de Ouro Branco, Herbert Vaz, que solicitou aos deputados a realização da audiência pública, a polêmica teria começado ainda na época do governo Collor, quando a Prefeitura de Ouro Branco foi selecionada para o Plano Habitacional para famílias de baixa renda e doou um terreno para a Construtora Ouro Preto Engenharia construir habitações populares, tendo a Caixa Econômica Federal como agente financiador. A Prefeitura ficou responsável por algumas obras de infra-estrutura, a Caixa pela maior parte da infra-estrutura e pelo financiamento dos imóveis e a construtora ficou responsável pelas obras em si.

Ainda segundo o vereador, antes do término das obras, a Caixa Econômica Federal suspendeu o financiamento alegando que os gastos teriam superado o valor contratado. A empresa se defendeu dizendo que os custos não teriam sido subestimados e que a CEF também teria avaliado o projeto e os custos da obra. A Ouro Preto Engenharia terminou as obras, mas consolidou-se o impasse: a construtora não podia vender os imóveis que estavam hipotecados à Caixa e, por outro lado, a CEF não poderia repassar o imóvel ao mutuário porque as escrituras públicas estão em nome da construtora, que recebeu a doação do terreno.

A Caixa autorizou então a Incorporadora Incoop/Centrab a realizar a venda dos imóveis aos interessados que antecipassem cinco parcelas. Foi feita então uma ocupação pacífica do imóvel com a participação de todas as partes envolvidas no processo, até que o litígio fosse resolvido na Justiça. A Incoop faliu e o dinheiro foi devolvido aos possíveis mutuários. Há três anos a CEF entendeu que ela poderia vender os imóveis diretamente aos mutuários. Algum tempo depois, voltou atrás e também devolveu o dinheiro aos moradores.

Hoje a construtora se sente no direito de vender os imóveis porque é a titular das escrituras. O vereador Herbert Vaz informou que a preocupação da Prefeitura e da Câmara de Vereadores de Ouro Preto é com a insegurança que o processo causou nos moradores do bairro Belvedere II. Ele acha temerário que os imóveis sejam comercializados sem que haja uma garantia do direito de propriedade. Ele informou ainda que a construtora alega que, em contrato, garante a devolução do dinheiro caso não consiga reverter a hipoteca com a CEF.

Outro dado apresentado pelo vereador é que, atualmente, a Empresa Gestora de Ativos da Caixa Econômica Federal (Engea) é que cuida do suposto crédito do empreendimento. "A Engea não é parte da ação, mas qualquer negociação que é feita hoje terá que ser submetida a ela", explicou.

Foram convidados para a reunião, além do prefeito, o presidente da Câmara e o vereador Herbert Vaz, o diretor-presidente da Ouro Preto Engenharia; e o gerente de Mercado, Estados e Municípios da Caixa Econômica Federal, Marcelo Luiz Baião Salgado.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715