Prefeito assegura que aterro sanitário de Valadares terá
continuidade
O prefeito de Governador Valadares, Bonifácio
Mourão, desmentiu categoricamente que as obras de implantação do
aterro sanitário do bairro Turmalina tenham sido interrompidas após
sua posse em janeiro último. A denúncia de paralisação e de
retrocesso à situação de lixão a céu aberto, com famílias e crianças
trabalhando em condições de insalubridade, motivou uma audiência
pública da Comissão do Meio Ambiente e Recursos Naturais da
Assembléia, solicitada pela deputada Elisa Costa (PT), nesta
terça-feira (21/6/05) na Câmara Municipal de Governador
Valadares.
Mourão demonstrou com números e fotos que o lixo
está todo compactado e aterrado, e que em julho próximo será
iniciada a nova célula, com financiamento do BDMG. "Esse novo aterro
é que está paralisado, porque não foram atendidas ainda as
condicionantes da Feam, como a instalação dos queimadores de gás e
as lagoas para tratamento do chorume". Segundo ele, o prefeito
anterior, João Domingos Fassarella, teve três anos para implantar o
aterro e não o fez completamente, por isso não considera justo que
lhe cobrem a finalização do projeto em apenas cinco meses de
mandato.
Pelo histórico apresentado pelo prefeito, a
administração anterior construiu a guarita, a portaria, a balança
rodoviária, o galpão para coleta seletiva e reciclagem, a unidade de
apoio para os catadores, e o início da preparação da célula para o
aterro sanitário, que teria capacidade para durar apenas cinco anos.
"Restou para nós a recuperação do aterro
controlado, a conclusão da preparação da célula para recebimento do
lixo, a construção das lagoas anaeróbia, facultativa e outra para
tratamento da água, a unidade de compostagem (para lixo orgânico e
podas de árvores), a vala séptica (para lixo hospitalar e animais
mortos), a drenagem pluvial, a iluminação e a urbanização do
aterro", listou Bonifácio Mourão.
Desempregados arriscam a vida diante das
máquinas
Quanto à denúncia de que desempregados, inclusive
crianças, estariam entrando no aterro para recolher materiais, o
prefeito confirmou, apresentando duas razões. Segundo ele, o aterro
é aberto, e precisaria de uma cerca forte de 5 km de extensão para
evitar a entrada de pessoas. Por outro lado, no mês de janeiro a
empresa de segurança que vigiava o local rescindiu o contrato,
alegando falta de interesse financeiro.
"São recolhidas por dia 170 toneladas de lixo na
cidade, e não temos tempo de compactá-lo, porque as pessoas saltam
na frente dos caminhões e das máquinas, arriscando a vida, para
separar coisas de valor. Para afastá-los, precisamos da cerca, dos
vigilantes, ou de ambos", afirmou o prefeito, esclarecendo que está
promovendo nova licitação para segurança.
Outra questão levantada pela deputada Elisa Costa
foi o desestímulo à Associação dos Catadores de Materiais
Recicláveis Natureza Viva (Ascanavi), que reúne 70 catadores. Eles
conseguiam renda de R$ 350 por mês na gestão anterior, e agora
denunciam que seu rendimento caiu para entre R$ 100 e R$ 180. A
razão, apontada pelo prefeito, é que o antecessor teria deixado uma
dívida de R$ 4 milhões com a empresa Viasolo, que faz o recolhimento
do lixo, e que esta teria interrompido a coleta seletiva e mudado os
horários de recolhimento, levando tudo para a compactação.
No entanto, Raquel Rodrigues, da Ascanavi, lembrou
que, se não fosse o trabalho dos catadores, que retiram o material
reciclável, no aterro não caberia mais o lixo. Seu colega Gessi
Santos, disse que a cidade está mais limpa depois que a associação
começou o trabalho. "Antes a gente era desprezado por mexer no lixo,
mas hoje somos agentes de reciclagem, somos agentes ambientais",
afirmou.
A deputada Elisa Costa destacou que o grande mérito
do prefeito Fassarella ao acabar com o lixão do bairro Turmalina foi
desenvolver o protagonismo e a consciência cidadã dos catadores, sua
capacidade de defender seus direitos. "Gerar trabalho e renda, isso
é o verdadeiro Fome Zero. Eles souberam conquistar a dignidade.
Antes não tinham coragem de abraçar a gente, porque se sentiam
inferiores. Hoje são pessoas que andam de cabeça erguida", afirmou a
deputada.
Presenças: Deputados
Laudelino Augusto (PT), presidente; deputada Elisa Costa (PT),
deputado Jayro Lessa (PL). Leonardo Castro Maia, promotor do Meio
Ambiente; Vera Cristina Lanza (Feam), Luciana Santana (Copam Leste),
Cabo Márcio Freitas (PMMG), vereadores Paulinho Costa e Cida
Pereira.
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