Reunião Especial comemora 15 anos do ECA

A Assembléia Legislativa realizou nesta segunda-feira (20/06), Reunião Especial em comemoração ao aniversário do Esta...

21/06/2005 - 00:02
 

Reunião Especial comemora 15 anos do ECA

A Assembléia Legislativa realizou nesta segunda-feira (20/06), Reunião Especial em comemoração ao aniversário do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 15 anos no dia 13 de julho. Durante a solenidade, houve apresentação do grupo "Netinhas de Sinha" e Maculelê", do Centro Integrado de Atendimento ao Menor Ciame-Flamengo, do bairro Alto Vera Cruz, e do "Grupo El", da creche Escolinha Evangélica de Educação Infantil, localizada no Morro do Papagaio. Sete pessoas que trabalham com crianças e adolescentes foram homenageadas. A reunião foi solicitada pela deputada Ana Maria Resente (PSDB) e presidida pelo 3º vice-presidente da Assembléia Legislativa, deputado Fábio Avelar (PTB).

De acordo com o deputado, o estatuto é uma das leis mais evoluídas do mundo, garantindo vida, liberdade, educação, cultura e dignidade à criança e ao adolescente. "Sua maior inovação foi, sem dúvida, instituir um sistema participativo de formulação, controle e fiscalização das políticas públicas entre estado e sociedade civil, por meio dos conselhos, em seus diversos níveis", completou. O deputado lembrou ainda que o estatuto ainda não é compreendido de forma legítima, pois mais de mil municípios em todo país não organizaram até hoje seus conselhos tutelares, que têm função de receber denúncias e assegurar o cumprimento da lei.

A deputada Ana Maria Resende disse que o Estatuto da Criança e do Adolescente é um aparato legal e institucional criado para exigir ações governamentais e da sociedade civil. "Através do ECA foram criados os Conselhos dos Direitos da Criança e do Adolescente, que têm a parceria da sociedade civil e são responsáveis pela formulação e deliberação de políticas voltadas para a população infanto-juvenil", disse a deputada. Ela lembrou que os Conselhos Tutelares foram criados para atender meninos e meninas que têm seus direitos ameaçados ou violados pelo Estado, pela sociedade ou pela família.

Para o vice-presidente do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente, irmão Raymundo Rabelo Mesquita, a homenagem pode contribuir para despertar maior consciência na classe política, fortalecendo a implantação do ECA em todos os municípios. "Criança e Adolescente não têm partido, não podem ser vítimas de desentendimentos partidários, são todos filhos de uma pátria que se chama Brasil, que tem a obrigação de preservá-los dos desentendimentos da nossa política", afirmou Mesquita. Ele defendeu a adoção de políticas públicas voltadas para as crianças e adolescentes em todos os municípios que ainda não têm conselhos tutelares.

O procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça da Infância e Juventude de Minas Gerais, José Ronald de Vasconcelos Albergaria, disse que o Brasil é um país de contrastes. Apesar de ter a 12ª economia do mundo, o 13º PIB, e ser o 5º maior produtor de alimentos, em 2001, 104 mil crianças brasileiras morreram de fome, segundo o IBGE. O Brasil é também o país mais violento do mundo com 14% dos homicídios do planeta. Para o procurador, é preciso que se construa um consenso político em torno do maior patrimônio, que são as crianças. "O ECA, na prática, depois de 15 anos, não vem sendo aplicado na sua globalidade. Nossas crianças estão crescendo sem afeto, sem teto, sem educação, sem saúde, por falta de políticas públicas", finalizou.

O subsecretário de Direitos Humanos e presidente do Conselho Estadual de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente, João Batista de Oliveira, destacou que uma das maiores conquistas do estatuto é a criação, através da mobilização da sociedade, de mais de 600 conselhos municipais que realizam o controle das políticas públicas infanto-juvenis . Para ele, o ECA é um instrumento que serve para todas as crianças e adolescentes e não apenas para adolescentes infratores. "Avançamos muito, mas ainda não conseguimos atingir a necessária universalidade dos direitos previstos pelo ECA a todas as nossas crianças e adolescentes, e sem a universalização dos direitos, continuaremos a reproduzir o modelo social excludente que tem como centro o capital e não o ser humano", finalizou.

O 3º vice-presidente da Assembléia, deputado Fábio Avelar, e a deputada Ana Maria Resende entregaram placa alusiva ao irmão Raymundo Rabelo Mesquita e outra ao procurador de Justiça Ronald de Vasconcelos Albergaria. Também foram homenageados o ex-menino de rua, Demerson Mariano Maciel, hoje integrante do Conselho Estadual de Direitos da Criança e do Adolescente; a Coordenadora Administrativa da Escolinha Evangélica de Educação Infantil do Morro do Papagaio, Delka Simone Duarte da Rocha; a presidente da Associação Mantenedora da Guarda-Mirim de Montes Claros, Maria Neusa Rodrigues; a representante do Instituto Santo Antônio de Formação, Educação e Cultura, Déa Dias; e o coordenador de Relações Internacionais da Visão Mundial, Enéas Melo.

 

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