Sistema Único de Assistência Social depende de pactuação política

O Sistema Único de Assistência Social (Suas), criado à semelhança do SUS para elevar a assistência social do status d...

20/06/2005 - 00:04
 

Sistema Único de Assistência Social depende de pactuação política

O Sistema Único de Assistência Social (Suas), criado à semelhança do SUS para elevar a assistência social do status de caridade para o de política pública, tenta superar seus entraves ampliando a discussão da Norma Operacional Básica nº 5, que deve entrar em vigor no próximo dia 12 de julho. Uma etapa regional dessas discussões aconteceu na tarde desta segunda-feira (20/6/05) em Governador Valadares, por iniciativa da deputada Elisa Costa (PT) e do deputado federal Leonardo Monteiro, do mesmo partido.

O debate sobre a NOB 5 do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome se deu durante audiência pública da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, presidida pelo deputado Alencar da Silveira Jr, no anfiteatro da Univale, com a presença de gestores municipais do Suas de cerca de 40 municípios da região, assistentes sociais e alunos do curso de Serviço Social daquela universidade.

Elisa Costa afirmou que a implantação do Suas só aconteceu pela garra dos assistentes sociais do Brasil, e veio a se concretizar no Governo Lula. "O momento é oportuno para esta discussão, porque nos próximos dias estaremos votando as leis de diretrizes orçamentárias do Estado e da União para 2006, e precisamos assegurar recursos para as ações de assistência social", acrescentou.

A principal palestra foi de Patrícia de Marco Souza, representante do Ministério do Desenvolvimento Social, que lembrou a saga de construção do Suas como decisão coletiva do Estado e da sociedade, e fruto de uma conferência nacional, e a partir daí os sucessivos avanços, com a edição da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas), e da conferência Loas +10, quando esta completou dez anos, em 2003.

Dentre os entraves, os principais apontados por Patrícia Souza foram a falta de delimitação do campo de trabalho da assistência social, que não deve se sobrepor aos da saúde e da educação; também a falta de autonomia na gestão dos recursos; a indefinição nas atribuições e competências das três esferas de Governo; e a falta de estruturação dos serviços com uma concepção única válida para todo o país.

Segundo a assessora, a Norma 5 pretende resolver essas questões e organizar os serviços, à semelhança do SUS, em atendimentos de alta complexidade, como os abrigos, onde a pessoa receberá atendimento médico, acompanhamento psicológico, alimentação adequada, etc. Já os centros de convivência, onde o beneficiário vai apenas passar algumas horas, sem perder os laços familiares, já seria um atendimento de baixa complexidade.

"Com o Suas e a NOB, acaba a relação convenial, acabam os atrasos e o excesso de papelada. O serviço passa a ser prestado por pisos, que serão divididos entre básicos e especiais. O município adquire autonomia para fazer sua política de assistência social segundo o diagnóstico social que apresentou.", diz Patrícia.

O Suas tende a absorver aos poucos todos os programas assistenciais do Governo Federal, mas Patrícia Souza ressalva que a erradicação do trabalho infantil e da exploração sexual de crianças e adolescentes não estarão sujeitas ao piso, por sua lógica de incidência em determinadas regiões. Disse também que o Instituto de Pesquisas Espaciais está fornecendo ao Ministério um mapa geo-referenciado onde os problemas sociais possam ser visualizados em cores diferenciadas.

A afirmação da assessora de que o Governo Federal definiu que 20% dos seus recursos serão aplicados nos municípios de pequeno porte e 20% nas metrópoles foi questionada pelo deputado Alencar da Silveira Jr, para quem esses percentuais seriam injustos, já que pelo menos 500 municípios mineiros são de pequeno porte.

Outro assunto polêmico levantado na reunião diz respeito aos percentuais que cada esfera de Governo deverá aplicar nos programas de assistência social. Patrícia Souza admitiu claramente que "não há força política para definir os percentuais de cada ente federado. Para isso terá que haver pactuação e criação de instrumentos que disciplinem esse compartilhamento".

Várias sugestões foram colhidas da platéia, como a de incluir verbas para palestras preventivas nas comunidades, a elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) por bairro, cursos de capacitação de gestores e desatrelamento dos conselhos de assistência social dos executivos municipais.

Presenças - Deputado Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; deputada Elisa Costa (PT), deputado federal Leonardo Monteiro (PT). Além dos citados, compuseram a mesa ainda as seguintes autoridades: Ayla Norma, da Assessoria de Extensão da Univale; Elizabeth Amorim, coordenadora do curso de Serviço Social da Univale; Odete Procópio Henrique Coelho, da Sedese; Rosângela Pinheiro, do Fórum Mineiro de Assistentes Sociais.

 

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