Avanços da democracia participativa no Sul de Minas são tema de debate

Os progressos obtidos na democracia participativa na região Sul de Minas forneceram o tema para o último debate progr...

16/06/2005 - 00:00
 

Avanços da democracia participativa no Sul de Minas são tema de debate

Os progressos obtidos na democracia participativa na região Sul de Minas forneceram o tema para o último debate programado dentro do Projeto Mineiranças, solicitado pelo deputado Laudelino Augusto (PT), em audiência pública da Comissão de Participação Popular nesta quinta-feira (16/6/05). O principal convidado foi Célio Cruz, assessor da Secretaria Nacional de Articulação Social da Presidência da República.

Cruz afirmou que o maior diferencial do Governo Lula em relação aos anteriores é a mobilização da sociedade civil organizada para o diálogo, e listou sete instâncias de participação. A primeira seria a dos conselhos, que são meia centena, muitos deles deliberativos. A segunda é a das conferências, algumas tradicionais, como as de saúde e de educação, e outras inovadoras, como a da Mulher e da Igualdade Racial. A terceira seria a das ouvidorias. O assessor disse que todas as agências e os ministérios têm suas ouvidorias e os que não têm ainda as estão criando. A do Ministério da Saúde, por exemplo, teria capacidade para receber até 17 mil reclamações por ano.

A quarta instância, segundo o assessor, seria a das mesas nacionais de negociação permanente com as categorias de servidores. A quinta seria a das consultas públicas, que convocam todos os ministérios afins para promover o desenvolvimento de determinada comunidade. A sexta seriam as audiências públicas como requisito prévio para a aprovação de qualquer projeto de impacto, como o da transposição do Rio São Francisco e os projetos para a Amazônia.

A sétima instância seriam os fóruns, como o governamental de participação social, que tem reuniões a cada dois meses. Célio Cruz acredita que os fóruns podem definir a participação popular nos planos plurianuais de ação, formatar o acompanhamento das ações que foram decididas, e chegar a dar senhas à sociedade para ingressar no Siafi e acompanhar a execução financeira dos projetos.

Derrotas e vitórias em Pouso Alegre

Rosana Ramos de Souza, da ONG Voto Consciente, relatou vários êxitos na formação da cidadania em Pouso Alegre e em outras cidades da região. "Somos um movimento cívico, apartidário e voluntário", definiu. A ONG tem 40 minutos numa rádio e um encarte no jornal Cidadão. Oferece cursos de formação política. Na última eleição, consultou os 19 partidos sobre os critérios para a escolha dos candidatos, mas apenas seis responderam. Três dos cinco candidatos a prefeito foram a suas reuniões, mas nenhum deles venceu a eleição. Todavia, dos 12 vereadores apenas quatro se reelegeram, e hoje são cinco opositores contra seis governistas, uma situação melhor que a anterior, em que havia apenas um oposicionista.

Os demais expositores relataram os processos de formação das entidades às quais pertencem. Maria Goretti Siqueira Rodrigues falou sobre o amadurecimento da Central de Associações dos Moradores Urbanos e Rurais de Itajubá (Camuri), com lideranças que surgiram das comunidades eclesiais de base, sua influência em debates importantes e seu prestígio com a Defesa Civil. Os professores Regina de Fátima Silva e Antônio Carlos Coutinho destacaram suas lutas para barrar a cobrança da taxa de incêndio e para que a sociedade civil faça o controle do Executivo e do Legislativo.

O vereador João Ricardo Bolzoni relatou suas dificuldades para exercer seu mandato em São Lourenço de acordo com a sua consciência, e considerou que, se o povo participasse mais, não se sentiria tão isolado. Alertou que muitos conselhos são dominados por interesses distantes do povo. Célio Cruz também alertou para o risco dos "multiconselheiros", pessoas que participam de muitos conselhos, ficam sobrecarregadas ou acabam sendo cooptadas por interesses de grupos, desservindo a comunidade.

A deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da comissão, falou sobre a força da participação popular para superar problemas como a crise política atual, disse que a corrupção no Brasil não está aumentando, e sim as denúncias, o que vê como fato positivo. Maria Tereza e Laudelino Augusto listaram inúmeras cidades do Sul de Minas que já adotaram o orçamento participativo - algumas inclusive não administradas por seu partido - e um sem-número de organizações não governamentais que lutam pelo controle público dos gastos de governo.

"A partir da Constituição de 1988, em nossos grupos de fé e política, ajudamos a colher milhões de assinaturas para a reforma agrária, para o combate à corrupção eleitoral, e iniciamos a caminhada para evoluir da democracia representativa para a democracia participativa", disse Laudelino Augusto.

Presenças - Deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente, deputados André Quintão (PT), Adalclever Lopes (PMDB) e Laudelino Augusto (PT).

 

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