Comissão Especial do Ipsemg faz última audiência em Montes Claros

Deputados integrantes da Comissão Especial do Ipsemg da Assembléia Legislativa estiveram nesta quinta-feira (16/06/05...

16/06/2005 - 00:01
 

Comissão Especial do Ipsemg faz última audiência em Montes Claros

Deputados integrantes da Comissão Especial do Ipsemg da Assembléia Legislativa estiveram nesta quinta-feira (16/06/05) em Montes Claros, onde realizaram audiência pública na Câmara Municipal. Essa foi a última reunião da comissão antes da votação do relatório final, que deverá ser apreciado no dia 29 de junho. Os deputados Miguel Martini (sem partido), presidente da comissão; Carlos Pimenta (PDT), relator; e Arlen Santiago (PTB) ouviram reclamações sobre o atendimento prestado pelo instituto na região.

As principais queixas são a falta de profissionais em algumas especialidades médicas, a demora para se conseguir consultas ou internações, e a falta que informatização dos procedimentos, que, segundo eles, faz com que tudo seja lento e burocrático. Os vereadores e servidores públicos presentes à audiência fizeram apelos para que o Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) seja reformulado, e que haja investimentos para melhorar a qualidade dos serviços de saúde.

Ao final da reunião, o relator, deputado Carlos Pimenta, afirmou que todas as ponderações, críticas e sugestões colhidas durante a audiência serão colocadas em seu relatório. "Estamos trabalhando para que o atendimento no interior seja tão bom quanto é o de Belo Horizonte, que tem o Hospital Israel Pinheiro e um excelente centro odontológico", declarou. O presidente, Miguel Martini, disse constatar no Norte de Minas o mesmo problema encontrado em outras regiões: a estrutura das cidades-pólo fica sobrecarregada, por causa da demanda que vem das cidades menores. Em Montes Claros, segundo a coordenadora regional do Ipsemg, Ana Amélia Lagoeiro Fagundes, há 54 profissionais da saúde para atender a cerca de 93 mil beneficiários de 83 cidades da região.

Entre as reivindicações apresentadas, está a construção de um hospital regional na cidade, uma vez que em Montes Claros há apenas três hospitais conveniados ao Ipsemg. A vereadora Fátima Pereira (PTB) lembrou que a estrutura local do instituto foi montada em 1982, sem que houvesse nenhuma ampliação de lá para cá. A vereadora também defendeu a implantação de um sistema para avaliar a qualidade do serviço prestado por médicos e demais profissionais da saúde credenciados. O pedido de construção do hospital foi reforçado por outro vereador presente, Sebastião Pimenta (PSDB), que defendeu, ainda, a volta do programa Ipsemg Família, que investia na medicina preventiva.

Ação de Inconstitucionalidade deve ser votada em breve

Uma das preocupações dos deputados presentes à audiência é com relação a uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) que tramita no Superior Tribunal Federal e deve ser julgada em breve. A ação questiona a legalidade da compulsoriedade do desconto para o Ipsemg Saúde nos contracheques dos servidores. "Se cair a compulsoriedade, o desconto de quem vai ficar no Ipsemg não será suficiente nem para manter o atendimento ruim que está aí", afirmou o deputado Arlen Santiago.

O deputado lembrou que o instituto se mantém hoje com uma receita de 16 a 20 reais por pessoa. "Não há atendimento de saúde que sobreviva com esse valor", alertou. Arlen Santiago citou o projeto de transformar o Hospital São Lucas em um grande ambulatório do instituto, como capacidade para atender a 400 consultas por dia, como uma das alternativas para a região Norte do Estado.

A superintendente de interiorização do órgão, Eni Hermonte, garantiu que a interiorização do atendimento é hoje uma prioridade do presidente Mauro Lobo. E disse que são muitos os hospitais interessados em manter convênios e parcerias com o instituto. "Mas não temos recursos para fazer tudo o que desejamos. Antes de fechar os acordos, temos que saber como vamos pagar", alertou a superintendente. Ela garantiu, no entanto, que os equipamentos necessários para a informatização do Ipsemg já foram todos comprados e em breve serão instalados.

Dívida - A presidente do Sindicato dos Servidores do Ipsemg, Andréa Myrrha, também participou da audiência. A exemplo do que havia feito no início da semana, quando foi recebido com um grupo de servidores pelo presidente da Assembléia Legislativa, deputado Mauri Torres (PSDB), Andréa pediu a retirada de tramitação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 59, de autoria do governador do Estado, que prevê a quitação da dívida que o Estado tem para com o instituto. "A crise vai aumentar se o Estado deixar de repassar os R$ 4 milhões que paga mensalmente ao Ipsemg", lamentou. A crise, segundo ela, começou há muito tempo, quando o dinheiro recolhido para o instituto caía no caixa único do Estado e era usado em outras áreas.

Modelo de autogestão deve ser implantado

O relator da comissão, deputado Carlos Pimenta, saiu da reunião convicto de que o Ipsemg de Montes Claros não tem condições de continuar atendendo à demanda dos servidores da região. Por outro lado, ele acredita que o Ipsemg está passando por um momento de profunda transformação. Segundo o deputado, só o fato de o governador Aécio Neves ter tirado os recursos do Ipsemg do caixa único do Estado já foi um grande avanço. "O governo anterior deixou uma dívida enorme que está sendo paga agora. O processo de recredenciamento de médicos também já começou", disse ele.

O deputado Miguel Martini lembrou que o processo de reestruturação do instituto já está sendo estudado há vários meses pelo governo do Estado, por meio de uma equipe que inclui técnicos da secretarias de Estado da Fazenda e do Planejamento e Gestão. O caminho, segundo o presidente da comissão, deve ser o de se aplicar ao Ipsemg o formato de plano de autogestão, com um valor estimado per capita. "Na autogestão, com 50 reais per capita ao mês se consegue um atendimento tão bom quanto o de um plano de saúde que cobra 500 reais", disse Martini. Após quase 90 dias de trabalho da comissão, o presidente disse concluir que "o Ipsemg, após reformulado, tem plenas condições de prestar um bom atendimento aos servidores, onde quer que eles estejam".

Presenças - Deputados Miguel Martini (sem partido), presidente; Carlos Pimenta (PDT), relator; e Arlen Santiago (PTB); além de vereadores de Montes Claros e representantes de entidades sindicais dos servidores estaduais.

 

 

 

 

 

 

 

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